segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Capítulo 25

A noite estava clara e a lua cheia brilhava como se estivesse se preparando para aquele momento há tempos. A rua estava vazia, assim como quase todo o vilarejo. Todos estavam presentes no grande baile de encerramento das competições, onde a Escola de Magia de Hogwarts era parabenizada pelos prêmios recebidos, pelos seus alunos e, naquele ano, suas alunas.

Seguindo o caminho contrario das pessoas da vila, dois vultos andavam para longe do castelo. Desde que saíram do baile não trocaram uma palavra, o que mostrava que os dois estavam claramente nervosos.

Mira virou para Matthew e abriu a boca para falar, contar o que realmente tinha acontecido no torneio de bordado, que Vesgo gostava na verdade de outra e pedia conselhos a ela. Porem ao ver o rosto sério do homem ao seu lado ela congelou. Sentiu o seu rosto arder ao pensar o quão lindo ele estava e que, pela primeira vez, desejava sentir os lábios dele sobre os dela. Sem saber o que fazer, ela desviou os olhos para o caminho e fechou suas mãos na barra da manga do vestido, nervosa.

Matthew virou para Mira e pensou se deveria falar ou não o quanto se sentiu incomodado ao vê-la perto de outro homem, mesmo sendo um rapazote. Porem ao ver o reflexo da lua no rosto angelical da jovem ele perdeu a fala. Os lábios entreabertos eram convidativos e os olhos negros espelhavam a alma de sua dona. Ele desviou os olhos para o caminho, procurando o que exatamente fazer.

Ao virar os olhos novamente ele a viu segurando a manga do vestido e percebeu que ela o esperava. Respondendo ao pedido silencioso de Mira, Matthew decidiu que ele deveria ser o primeiro a falar.

- Não gosto como aquele Vesgo olha para ti e menos ainda como a trata. – Sem perceber, ele falou mais alto do que pretendia. – Ele não deveria nunca pegar tua mão e menos ainda abraçá-la. Isto já esta passando dos limites e, como teu professor, devo avisá-la que poderás ficar com a sua honra manchada já este rapaz é um notório mulherengo.

Ao terminar de falar Matthew percebeu que acabou desabafando tudo o que pensou nos últimos dois dias, ou quase tudo, pois faltou dizer que o rapazote não poderia ousar tocar na pele da sua menina dos olhos. Ele não pretendia ser rude, mas acabou sendo mais forte do que ele.

Os olhos de Mira se fecharam um pouco, fazendo com que ela diminuísse o ritmo da caminhada, já estavam quase chegando. Ela acertara que tudo aquilo tinha incomodado, e muito, Matthew. Devia uma explicação a ele.

- Eu sinto muito por tudo aquilo. Como eu tentei falar ontem, não era o que parecia. Vesgo se empolga com pequenas coisas e, as vezes, esquece que sou uma dama. – Porem algo que Matthew falou a incomodou muito e ela teve que responder. – Mas como meu professor não deves ser preocupar com minha honra, pois ele gosta de Lyra e eu tenho sentimentos por outro.

Matthew começou a ficar preocupado que seus batimentos cardíacos ficassem perceptivelmente audíveis para a sua acompanhante. Assim que a ruiva respondeu que não precisava se preocupar com Jake, sentiu se acalmar, mas apenas por alguns instantes, porque, logo em seguida, a notícia de que ela tinha sentimentos por outro o deixou novamente inquieto.

O professor de História Antiga e de Esgrima era, no geral, um diamante bruto. Seu primeiro impulso, o qual ele, para sua própria surpresa, até, refreou, era de perguntar a ela quem era o objeto de seu interesse.

Uma ponta de esperança insistia em torcer para que, obviamente, fosse ele. No entanto, a realidade de que ele era muito mais velho, um famoso alcoólatra e, aliás, seu professor, insistia que ele mantivesse a sanidade e a situação sob controle.

Por isso, juntou toda sua força de vontade para insistir num tom quase paternal e disse-lhe apenas:

- Folgo em saber.

A menina ao seu lado se encolheu um pouco ao ouvir as palavras. Matthew teve a sensação de que não era bem isso que ela esperava que ele dissesse e ele se apressou em continuar:

- Eu não estava certo se conseguiria me impedir de desmembrar aquele moleque se comentários maldosos e irreais começassem a surgir sobre tua pessoa.

Um calor reconfortante preencheu o coração da jovem ao ouvir aquilo. Ele sentia algo, ela tinha certeza. Mira queria que ele soubesse que tinha sentimentos recíprocos, mas nunca esteve naquela posição, não sabia como falar e menos ainda o que podia falar. Ela esperou que ele entendesse que a pessoa que falou antes era o próprio.

Mira olhou para o rosto de Matthew que caminhava olhando para frente. Suas feições mais serenas do que há poucos minutos atrás mostravam a maturidade já alcançada há anos pelo mestre de esgrima. Desejando ser sincera, mesmo podendo estar errada, ela falou o que sentia.

- Quando te vi sentado na taverna com uma mulher da vida, com cabelos parecidos com os meus o atendendo, eu senti algo parecido. – Mira olhou para baixo, nervosa. Sentia medo de ser direta demais. – Sentiste ciúmes de mim com Vesgo?

Matthew inspirou profundamente antes de pensar em sequer responder. Aquilo soava como música para seus ouvidos. "Eu senti algo parecido.". Sim, ela sentia alguma coisa por ele. Ela, uma jovem mulher, uma jovem e belíssima moça, sentira ciúmes dele com uma mulher qualquer. Uma mulher com a qual ele não se deitara porque pensava somente nela. Ele sentiu o coração novamente acelerar e dessa vez ele podia jurar que ela estava ouvindo. Passaram-se alguns segundos até que ele saísse do transe onde mergulhara e lembrar-se que ela aguardava uma resposta.

- Sim. Eu senti. - ele atropelou-se com as palavras. Não soavam completas do modo como ele as disse. Queria acrescentar que todas as vezes que vira os dois juntos, ele sentira vontade de assassinar o rapaz vesgo. Queria dizer que o pensamento dela estar apaixonada por um jovem tolo como aquele o deixara insone e ainda mais rancoroso do que o habitual.

Então, ele percebeu que ele nunca havia contado para ela que ficara na taverna com uma mulher ruiva demais se insinuando para ele. E aquilo o verdadeiramente intrigou.

- Como soubeste que eu estava na taverna?

A pergunta gelou Mira que parou de andar repentinamente. Ao comentar que sentira ciúmes dele, o objetivo era ouvi-lo dizer que sentira o mesmo, não explicar o havia feito naquele dia. Um medo subiu pela garganta da jovem, ele iria ralhar que nunca deveria ter se aproximado de um lugar daqueles.

Nervosa, ela segurou suas mãos que ganharam vida própria e se mexiam. Não queria mentir, estavam ali para serem sinceros um com o outro, mas... E se ele a considerasse inapropriada para ele após aquilo?

- Eu... Eu... – Ela olhou para o chão, não iria conseguir falar. Naquele dia ela saiu de praticamente todas as regras de etiquetas para uma jovem dama. - Vi que havias ficado nervoso ao final do torneio de bordado e ... eu.... te procurei. Primeiro procurei na hospedaria, mas depois o achei na taverna... – A voz dela morreu ao final, por mais que quisesse saber o que acontecera, homens não deviam satisfações de suas noites...

Matthew suspirou novamente. Não sabia agora o que dizer à jovem ao seu lado. Fez com que ela virasse para ele. Não conseguia clarear seus pensamentos. Por um lado, estava surpreso com o que ela havia lhe dito, o que significava, basicamente, que ela tinha quebrado todas as regras formais e corrido um risco absurdo apenas para vê-lo.

A parte do "regras formais" não lhe interessava muito, mas o "risco absurdo", o deixara extremamente agoniado, sendo apenas um pouco suavizado por "apenas para vê-lo". Ele não conseguia encará-la de frente. Não sabia nem o que fazer com as mãos e quando resolveu falar, sua voz estava um pouco fraca.

- Sabes que o que fez foi extremamente errado.

Não era uma pergunta, mas uma afirmação. Matthew não subestimava a moça que estava à sua frente. Ele inspirou e esperou que ela dissesse algo, movesse a cabeça, qualquer coisa que afirmasse que ainda estava sendo ouvido, que aquilo ainda era uma conversa, e não só dois nervosos sem saber o que fazer com os sentimentos que tinham em mãos.

- Eu sei. - ela disse, baixinho.

Mira baixou a cabeça, sem pensar, apenas extremamente envergonhada. Aquela era a pura verdade. Era errado, mas ela fez por ele. Ela poderia ter sido pega, poderia ter sido abordada por alguém com intenções pouco nobres, poderia ter dado tudo errado, mas ela tinha que encontrar Matthew.

Ao vê-la tão constrangida, tão aparentemente frágil, Matthew não levou em conta que estava no meio da rua, que alguém poderia vê-los. Ele apenas passou os braços ao redor da ruiva, sem pensar se aquilo a surpreenderia, sem pensar se aquilo era o que ela queria. Ele a puxou para perto e sentiu o perfume que vinha do cabelo dela.

- Nunca mais faça nada parecido apenas para me ver. - ele disse, baixinho, perto do ouvido dela. - Eu prometo que não vou sair mais das tuas vistas.

Matthew sentiu os braços de Mira o envolver e pode sentir que o coração dela batia tão forte quanto o seu. Ela sentiu todo o seu corpo se aquecer, misturando felicidade com nervosismo. Estava apaixonada por aquele homem que prometia ficar ao seu lado. Não se importava mais com regras, somente em ser sincera e deixar com que ele a guiasse.

Ela afastou um pouco o corpo, queria ver o rosto dele. Sabia que deveria estar com a face vermelha, mas não se importava se ele a visse assim. Ao se ver refletida naqueles olhos verdes profundos ela não pode conter seu coração que parecia querer explodir. Levou sua mão até o rosto dele, passando a palma levemente na maçã do rosto de Matthew.

Esquecendo o resto do mundo, ele se perdeu naqueles olhos que amava. Estavam tão perto quanto desejou vê-los.

- Tens certeza do que queres? – Ele falou suavemente.

- Irei obedecer às regras que tu achares que devo obedecer. Deixarei que me guies. - Ela respondeu abrindo toda a guarda que criou em sua vida.

Parecia um sonho estranho e irreal onde ele finalmente a tinha em seus braços. Como ele sempre sonhou. As últimas palavras dela "Deixarei que me guies", ecoavam na cabeça dele. "Eu preciso fazer isso direito. Eu não vou estragar tudo.", ele afirmou para si mesmo.

Então, delicadamente, ele levou a palma da mão ao rosto dela. Sentiu um choque elétrico perpassar sua espinha e retirou com cuidado os fios de cabelo de sua face. Então, o mais gentil que pode, pra não assustá-la, para aproveitar ao máximo o momento, ele a beijou. Não foi um beijo profundo, mas apenas um leve encostar de lábios, o suficiente para que eles percebessem o quão apaixonados estavam.


*****


PessoALL,

Novamente muuuuito obrigada pelos comentários!! Aguardo novos sobre este capítulo em especial ;D

E com esse final “Serão felizes até o capítulo que vem...” irei fazer uma pausa de feriados. A programação normal retorna dia 11 de janeiro.

Beijocas a todos.

Jujub

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Capítulo 24

O baile de comemoração do torneio inter-escolar havia começado já há algum tempo e Matthew de Aldearan, professor de História Antiga e de Esgrima da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, estava extremamente impaciente.

A festividade era aberta para todos os participantes das escolas concorrentes, tanto meninos quanto meninas, professores e alunos. Portanto, era conveniente que, na frente do resto da sociedade, o professor deveria beber um pouco menos do que gostaria.

E ele realmente gostaria de entornar todas as garrafas de firewhisky presentes no local. Uma atrás da outra e sem parar para respirar. Ainda não tinha se recuperado do golpe de ver sua pretendida nos braços do outro.

Estava isolado dos professores e dos alunos, ao lado da mesa de banquete com as bebidas. Mesmo que tentasse se convencer do contrário, procurava entre as várias moças bonitas em seus vestidos mais belos, o cabelo ruivo vultoso de Mira Barlow.

E, depois de alguns minutos de incansável busca, a avistou entrando junto com as outras damas de Hogwarts. Estava deslumbrante e a comitiva de rapazes que vinha atrás dela deixava isso muito claro. O professor, mais atento do que de costume aos comentários entre os jovens, identificava com clareza quais referiam-se à Mira e sentia seu sangue ferver de ódio.

Havia música tocada por uma série de instrumentistas renomados. Gaile, o Bardo, estava entre eles, e era particularmente conhecido por entoar canções sobre os amores perdidos.

Não bastou muito para que uma das mais famosas de seu repertório fosse cantada. Menos tempo ainda levou para que os casais começassem a se formar e Matthew sentisse uma urgência de mover-se do espaço onde estava, roubar a mão daquela menina especial que era sua aluna, e dançar com ela até que chegasse o momento de beija-la. Depois, sumiriam os dois para sempre na noite, para ficar juntos até que o amanhecer os alcançasse numa confortável cama de casal.

O pensamento levou Matthew a esse final e ele o agradou imensamente. O álcool corria por seu sangue e ele estava quase esquecendo que era um professor, o que talvez causasse comentários pouco gentis sobre o que ele estava fazendo ao dançar com uma aluna sua.

Para sua sorte e, ao mesmo tempo, tremenda raiva, ele foi cortado por um jovem de olhos ligeiramente fora do lugar.

- Me daria a honra desta dança, Lady Barlow? – ele disse, a galanteando.

Mira, sem saber muito bem o que responder e com o olhar fixo em seu professor de História Antiga, foi levada graciosamente para o meio do salão.

O primeiro pensamento que a ruiva teve ao ver os dois homens se aproximando dela, um, com um olhar febril no rosto e o outro, com um sorriso franco, aberto, amigável, a única coisa que lhe passava pela cabeça era algo como “De novo, não...”.

Porque enquanto o primeiro homem, que, aliás, também era seu professor e, aliás, também lhe dava aulas escondidas e proibidas de esgrima, era a pessoa com quem ela mais desejaria valsar e aninhar-se nos braços; o outro, esse um rapaz de mesma idade que ela e lindos olhos vesgos, era um de seus melhores amigos.

Não era a primeira vez que a situação acontecia. Nas últimas duas vezes que encontrara Matthew de Aldearan (e que ele soubesse disso), Jake Vesgo estava presente e numa situação sempre perto de constrangedora. Numa das ocasiões, ele a levantava nos braços em comemoração a um torneio e na outra, vinha gritando a plenos pulmões que precisava falar com ela urgentemente e parabenizá-la.

E, em ambos os casos, ela pudera notar um brilho nos olhos verdes de seu professor que ela reconhecia como sendo uma mescla de fúria e ciúmria e cios os casos, ela pudera notar um brilho nos olhos verdes de seu professor que ela reconhecia como sendo uma mescla de fes - ou era isso que ela se levava a crer. Os dois mal tinham se falado após os dois incidentes e aquela era uma oportunidade que ela (e provavelmente ele, pelo modo decidido como andara até a ruiva) esperavam ter para esclarecer as coisas.

Obviamente, o jovem Jake de Malvoisin havia de interferir na situação.

- Eu estou tão feliz, Mira! - ele tagarelava enquanto dançavam. - Não vai acreditar que Lyra está cada vez mais cedendo aos meus intentos. Ela é, sem dúvida, a mais adorável moça de todo este mundo! Não posso descrever o que nela me fascina mais. Seus olhos, seu sorriso, o modo como mexe em seu cabelo... ela é, sem contestação, perfeita em todos os sentidos possíveis e imagináveis! Sem ofensas, querida Mira, você sabe que a admiro muito também. O que me lembra que fiquei impressionado com sua performance no torneio de montaria hoje. Sim, sim, sem precedentes na história de Hogwarts ou dessa Competição: uma moça, tão bela, por sinal, ganhar uma contenda tão importante? Impressionante, estupefante, devo ressaltar.

Mira estava próxima de um estado catatônico ouvindo seu amigo falar sobre os mais diferentes assuntos no espaço de uma dança. A menina sabia que não deveria interrompê-lo ou os passos que faziam, pois poderia ser considerado de extrema grosseria e ela não gostaria de magoá-lo. Entretanto, não conseguia tirar os olhos de Matthew, que a tudo observava, novamente em seu ponto ao lado da mesa de bebidas. Ele parecia prestes a explodir um copo.

Na pausa da musica, antes que o rapaz pudesse pedir a próxima dança, Mira se desculpou que estava com sede. Com uma leve reverencia ela se afastou do jovem amigo e olhou para seu professor, esperando que ele viesse até ela.

Sem saber o que fazer com tantas pessoas em volta, a ruiva pedia silenciosamente que algo acontecesse para que pudesse conversar com ele. Por mais que quisesse andar até ele chamá-lo para dançar, Mira sabia que iriam comentar sobre ele ser professor dela.

Antes que pudesse decidir, ela sentiu uma mão em seu braço virando seu corpo em direção ao dele.

- Vá até uma amiga e fale que não está passando bem. Eu irei oferecer-me pra acompanhá-la até a estalagem. Assim que estivermos fora da vista dessa gente toda, conversaremos. – Matthew sussurrou e saiu.

Surpresa com o que acabara de acontecer, Mira não pode conter um leve sorriso no rosto. Ele a vira se afastar de Vesgo, ele também queria conversar. Mais do que pudesse perceber, ela sentira falta de falar com Matthew nos últimos dias e esperava que ele pensasse o mesmo.

Fazendo exatamente o que ele falou, Mira sentou ao lado de Lyra e fez um rosto de leve dor.

- Irei retornar a estalagem e descansar. Acho que comi algo que não estava bom... – Mira colocou a mão no estomago rezando para que não perguntasse mais. Não era uma boa mentirosa.

- Não deves ir sozinha, ainda mais se não estas bem. Eu... – A outra respondeu, mas foi interrompida antes que completasse a frase.

- Não te preocupe, eu já estava me retirando. Irei levá-la. – Matthew estava parado ao lado das duas garotas. – Deves aproveitar o baile que esta ainda começando.

A jovem assentiu sem saber ao certo o que fazer, pois era claro que o seu professor estivera bebendo nas ultimas horas. E se sua amiga estava se sentindo mal, ele não teria condições de ajudá-la.

Ao ver que Lyra estava pensativa sobre que decisão tomar, Mira levantou e acalmou a amiga. Falou que estava bem o suficiente para andar aquele pequeno pedaço de chão até a hospedagem.

Discretamente os dois saíram do salão em direção a rua. Se iriam para a hospedaria, Mira não poderia afirmar, mas confiava em Matthew o suficiente para se deixar levar por ele aonde quisesse.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Capítulo 23

Mira dormira cedo no dia anterior, não queria encontrar com ninguém. Não queria explicar seus olhos vermelhos e menos ainda porque chorou. Não queria encontrar com seu amigo que, sem querer, causou aquela confusão. Principalmente, não queria encontrar com seu professor, o homem a quem no dia anterior estava bebendo, servido por uma mulher da vida.

A poção que tomou era forte e a lufana dormiu rapidamente e sem sonhos. Tinha que estar descansada para a competição de montaria que teria. Eram competições mistas e já sabia o que muitos falavam dela. Ela tinha um ego forte e queria mostrar para os outros alunos que ela poderia competir como igual. Porem, para o azar de Mira, sua mente não estava focada na competição e sim nos olhos verdes de Matthew.

A ruiva percebeu que ele não desceu para tomar café e deduziu que ele chegou tarde na noite anterior.

- Mira? Vamos! Tu és uma das primeiras a competir hoje. – Lyra colocou a mão no ombro da amiga.

- Sim... Scadufax? – Ela olhou para a outra.

- Já foi levado para ser preparado para a competição. O que houve, pareces ter esquecido tudo?

A jovem piscou tentando acordar precisava manter sua mente focada e naquele momento era para pensar na competição e não no homem que dormia. Antes de sair da hospedagem Mira olhou em volta esperando que o visse.

“Não irá, ele não irá...”, pensou ao se dirigir até a pista separada para a competição.

A manhã daquele dia era para competições mistas e a tarde para as finais masculinas. Ao final do dia teriam um baile, encerrando oficialmente as competições. A primeira competição era para a qual a ruiva terminava de arrumar seu cavalo, pedindo para colocarem uma sela normal. Se iria competir, seria igualmente.

Ela olhou novamente para a área separada para os espectadores procurando Matthew. Por mais que tentasse, sua mente não conseguia se desligar dele. Mira sentiu seus olhos umedeceram e não acreditou no que acontecia. Era um dos momentos mais importantes para provar que poderia ser tão boa, ou até melhor, do que rapazes e tudo o que sentia é que precisava da aprovação de um único homem.

Ao ouvir seu nome ser chamado, Mira despertou e montou em seu cavalo. Era hora de competir e se dirigiu até a linha de largada. Olhou em volta e viu que havia somente mais uma garota e as duas ouviam piadas e eram olhadas pelos outros competidores.

Ela suspirou e percebeu que aquilo não importava mais.

A bandeira de largada foi balançada e, para surpresa dos alunos de Hogwarts, Mira não estava entre as primeiras. Alguns, dessa vez para a surpresa da ruiva, torceram para ela, tentando animá-la.

Mira olhou para o local onde estava o pessoal de Hogwarts e sentiu um calor no seu peito ao ver Matthew de Aldearan lá. Ele a olhava seriamente e ela conhecia aquele olhar. Ele a reprovava e sabia o motivo, não estava se esforçando para vencer.

Ganhando nova força a lufana mudou sua postura e começou a alcançar os primeiros competidores da corrida. Agora Mira tinha um motivo importante, ele iria sentir orgulho dela.

A virada na competição espantou a muitos. A jovem que no começo parecia sem chances de ganhar agora disputava o primeiro lugar. Matthew não conseguiu segurar um pequeno sorriso de orgulho ao vê-la competir com tanto afinco. No inicio ele se preocupou ao vê-la, pois estava abatida, mas depois que seus olhos se cruzaram ela ganhou nova vida. Ele não conteve o pensamento que isso somente aconteceu quando ela o viu.

Os gritos dos alunos de Hogwarts mostraram que ganhavam mais uma medalha de outro, sua competidora ficou em primeiro lugar. A professora Hostila olhou intrigada para as pessoas que comemoravam. Continuava a achar inapropriado aquele tipo de competição, mas não pode deixar de perceber que algo estava mudando na nova geração.

Antes mesmo de parar o cavalo Mira procurou o rosto de Matthew e sorriu ao ver que ele não saiu. Ele estava orgulhoso dela, tinha certeza. Ficou feliz ao perceber que já conhecia algumas das reações dele.

Ela pensou em aproveitar aquele momento e conversar com ele, explicar o que aconteceu no dia anterior, mas ao ver a quantidade de pessoas em volta Mira se conteve. E se confrontassem ele sobre ela, não podia dizer sobre suas aulas de esgrima.

Sem querer deixar acontecer algum outro engano como na comemoração da vitória anterior, Mira seguiu com o cavalo até a baia de onde seria levado de volta ao seu estábulo. A multidão se acotovelou para lhe dar os parabéns. Todos os alunos de Hogwarts ali presentes, principalmente a comitiva masculina, estavam surpresos com o fato dela ter ganho e, mais surpresos ainda, com o fato de se orgulharem disso.

Mira sorriu a todos que vinham abraçá-la, beijar sua mão e lhe congratular. Depois, pediu licença, alegando que estava extremamente cansada e que por isso a competição fora tão acirrada.

Ao se liberar das pessoas ao seu redor e receber os recatos parabéns da professora Hostilia, ela procurou Matthew. Ele ainda não viera procurá-la ou cumprimenta-la. Não estava em algum lugar visível e só depois de alguma caminhada é que a ruiva o encontrou, parado ao lado do estábulo, conversando com, justamente, Scadufax que, para sua surpresa, fitava-lhe quieto.
- Matthew? – ela o chamou em voz alta e aproximou-se dele com a cabeça um pouco baixa.

- Parabéns pela prova de hoje, Lady Barlow. – ela sentiu os olhos dele faiscando com uma mistura de orgulho e restrição. – Eu creio que seja melhor me retirar.

Ele fez menção de sair andando em direção à estalagem, mas Mira o segurou pelo braço, retirando-o rapidamente depois de fazer isso. Um rubor lhe passou pelo rosto e ele a encarou firmemente.

- Existe alguma coisa que queiras me dizer, Lady Barlow? – ele disse.

- Pare com “Lady Barlow”.- ela disse baixinho.

Matthew sentiu seu coração suavizar e o sangue esquentar nas veias. A reclamação, mesmo que baixa, dela demonstrava que ela gostaria que houvesse alguma intimidade entre os dois. A intimidade que eles costumavam ter em sala de aula, ou sentados em lugares sozinhos.

- Mira. – ele disse, saboreando o nome. – O que você quer?

Ela gostaria de dizer tudo o que sofrera na noite anterior ao vê-lo sentado na taverna com uma mulher da vida o atendendo. Ela queria dizer que Vesgo era um idiota e que ele entendera tudo errado ao vê-la levantada nos seus braços.

- Eu... não... ontem... foi tudo um mal entendido. – ela disse.

- MIRA!

Alguém mais a chamava de Mira. Matthew reconheceu a voz do seu aluno de olhos tortos no momento em que o ouviu gritar o nome dela. O sangue novamente ferveu e ele a encarou seriamente antes de dizer baixinho:

- Alguém precisa explicar isso a ele, então.

E assim que Mira virou-se para encarar o aluno que vinha dos fundos correndo para abraça-la e comemorar sua vitória na competição mista (“Meu Deus, que orgulho. Quem poderia imaginar!”, pensava Jake enquanto procurava a ruiva para levanta-la novamente), Matthew de Aldearan sumiu para dentro da estalagem onde, mais uma vez, buscou o consolo da garrafa de uísque.

A ruiva ficou parada e o rapaz veio repetir a cena do dia anterior. Ela não reagiu como antes e só depois de várias vezes perguntada por ele, respondeu que estava cansada e que só viera ver como seu cavalo estava. Jake a entendeu perfeitamente e, cavalheiro que era, levou-a até a porta de seu quarto onde, depois de lembra-la para vir torcer por ele na competição de Arco e Flecha, a deixou, desolada com seu desespero em esclarecer os vários mal-entendidos.


*****

PessoALL,

Passei aqui para agradecer os comentários!! Isso me deixou tão feliz que já escrevi mais três capítulos novos.

Beijões

Jujub

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Capítulo 22


Mira POV

O rosto dele estava transtornado, isso ficou muito claro para mim.

Desde o inicio da competição eu o procurei nas arquibancadas, mas para minha infelicidade ele não estava lá. Como tem o hábito de beber muito achei que em comemoração ao primeiro dia de prêmios ele deveria ter chegado pela manhã após ficar a noite em tavernas.

Horas bordando e quando ganhei, para minha grande surpresa, eu o procurei para comemorar comigo. Eu poderia mostrar para a professora que não era masculinizada como ela dizia e para ele, eu queria ver o orgulho, pois também realizei uma competição bem... feminina.

Empolgado ainda pelo fato d’eu ter falado que o ajudaria a conquistar o coração de minha amiga Vesgo me levantou no ar, comemorando. Foi quando consegui finalmente achá-lo e, para minha surpresa, ele estava vermelho, o rosto fechado. E por que ele não estaria, era outro homem que me levantava.

A cada dia que passava eu percebia que meus sentimentos por Matthew de Aldearan eram mais fortes do que eu imaginava que uma jovem como eu poderia sentir. Sei que além da idade, ele é meu professor, mas acho que ele também me vê com outros olhos. Assim eu espero e por isso estou aqui na rua. Mal eu me vi livre das atenções sai correndo procurando-o.

Foi um erro deixar Vesgo se aproximar tanto, mas eu não o tinha visto chegar.

Sem pensar se falariam ou não, aproveitei que a estalagem estava vazia e fui até o quarto dele. Bati com muita força, mas não houve resposta.

Droga! Não acredito no que estou fazendo, damas não devem ir atrás dos homens... E se ele me achar desfrutável?

Ignorando o que minha mente tenta me amedrontar, sigo para o lugar mais provável de achá-lo, o lugar onde eu não gostaria de encontrá-lo. A taverna da vila não fica na rua principal. Serei discreta, não podem me ver andar para um lugar daqueles...

Como a vila é pequenina, chego em poucos minutos e, para minha sorte, consigo ver quase tudo sem precisar entrar. É um lugar feio e vejo que há somente homens lá dentro. Não entendo o que eles podem estar fazendo tão cedo em um local desses...

Eu o vejo, está sentado em uma mesa ao canto. A garrafa a sua frente está pela metade. É por minha causa?

Sinto como se meu coração ficasse pequeno ao vê-lo assim. Como dizer a ele que eu queria muito poder tirá-lo de lá, dizer que ele não precisa mais dessas bebidas. Que se estiver cansado eu posso fazer uma massagem para que relaxe?

Estou nervosa e não sei o que fazer. Não sei se devo chamá-lo. Seria errado, existem muitos professores de outras escolas por aqui e ele é um esgrimista famoso, eu acabaria expondo-o. Devo me segurar e esperar por outro momento.

Olho uma ultima vez antes de sair e para minha surpresa vejo quem esta atendendo a ele. Ela... É uma mulher e pelos trajes, ou falta deles, voluptuosa e oferecida.

Olho para baixo, não quero ver isso.

Melhor... Sair...

*****

Matthew POV

Ele a levantou nos braços e, naquele gesto, tomou o que eu já dava certo como meu. Ela sorria para ele. Estava feliz por ter ganho aquela estúpida competição que eu a encorajei para participar.

Bordado. Eu perdi duas horas da minha vida para assisti-la bordando para uma banca de juízes ineptos e com uma paciência infinitamente maior do que a minha. E lá estava ela, erguida nos braços de outro homem. Senti-me um tolo.

Ainda a encarei por alguns segundos, decidindo-me o que iria fazer, controlando-me para não me atirar naquele maldito moleque vesgo e arranca-la de seus braços indignos. Deliberei que um homem apaixonado é sobretudo um imbecil e decidi que nada cura um coração magoado como a bebida.

Não se pode confiar em pessoas para faze-lo tão feliz quando numa boa garrafa de whisky.

Estava para arredar o pé dali quando senti que ela me olhava. Voltei-me para ela por um único instante e deixei-me perder naquele rosto angelical e cabelo de fogo. Um riso do rapaz que a segurava me fez lembrar que ela não era minha para assim encarar.

Virei as costas e fui embora. Passei na estalagem para apanhar moedas o suficiente para me manter alcoolizado a noite inteira. Segui para o bar sem realmente pensar, deixando que meus sentidos divagassem.

Eu a queria tanto.

Fui atendido sem demora na taverna. Minha fama definitivamente me precedia: mandaram apenas o seu melhor estoque de bebidas e eu o apreciei sem moderação. Ansiava, principalmente pelo esquecimento e pelo sono.

A atendente era bonita. Usava quase nenhuma vestimenta, o que me levava a pensar que ela tinha um trabalho duplo ali. Vi quando ela se ofereceu para mim, mas como um espectador que vê tudo acontecer de muito longe.

Não sei o que todos ao meu redor imaginaram, mas sem pensar duas vezes, eu recusei seus serviços. Não poderia ter ficado com qualquer mulher naquela noite, especialmente uma ruiva. Não, a única ruiva, a única mulher que eu realmente queria naquela noite – e, honestamente, no resto de minha vida – tinha ficado para trás. Nos braços de um moleque novo, indigno e vesgo.


segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Capítulo 21

Metade da manhã passara e o homem encostado ao portal, que indicava onde estava acontecendo às competições do torneio, estava impaciente. Ele dormira mal e estava com uma leve ressaca, além do sabor da sua última garrafa ainda na boca. Apesar dos males físicos que o afligiam, não era isso que dominava a mente de Matthew de Aldearan.

O mestre de esgrima estava na dúvida se entrava e assista as competições femininas ou não. Apesar do que falara aos seus alunos na noite anterior, o único motivo que o faria perder seu precioso tempo era estar perto da sua ruiva.

“Se é que eu posso continuar a chamá-la de minha...”, ele pensou. “Recomponha-se homem. Não ouse achar que aquele moleque seria algo próximo de um concorrente ao coração de sua futura mulher.”

Ao ouvir a convocação das competidoras de bordado um impulso, ele diria que fora praticamente um empurrão, fez com que o professor andasse até o local onde fora anunciado. Não tivera dificuldade em achar o local e também a ruiva que era o seu alvo.

Matthew andou decidido que Mira o visse e soubesse que ele estava lá para apoiá-la. Iria alimentar o ego dela se soubesse que entrara para assistir competições femininas naquela manhã somente por ela. Ele viu que os olhos dela corriam pela arquibancada e sorriu matreiramente ao pensar que ela o procurava.

Antes que ele pudesse pensar em comemorar algo ele ouviu uma voz masculina, que não era a própria, ousar chamar sua Mira e desejar-lhe boa sorte. E, para a surpresa maior de Matthew, ela sorrira de volta a ele, ousando agradecer aquele exagero.

Alguns poderiam dizer que naquela hora um demônio quase dominara o corpo dele, pois sentiu seu sangue esquentar e subir a sua cabeça. Se Matthew não fosse tão controlado teria ido no mesmo tomar satisfações daquele menino que estava tentando tomar algo que ele já estava considerando seu, o coração de sua ruiva.

“Não! Não sou um moleque que faz cena de ciúmes! Não irei me rebaixar a tanto!”, ele pensou “Muito menos irei desistir sem lutar!”

Controlando a vontade de quebrar a cara de Vesgo, Matthew sentou um pouco mais afastado e observou a competição, afinal, tinha falado para seus alunos estarem lá, tinha que ser o exemplo. Ou era isso que ele repetia para si mesmo enquanto admirava a concentração de Mira. Sua ruiva estava linda, parecendo uma verdadeira dama sentada daquele modo, comportada.

Passada a primeira meia hora, o homem se viu impaciente. Se perguntava por que aquilo demorava tanto, como uma mulher suportava ficar tanto tempo parada olhando para um pano.

“Entendo porque ela deseja tanto aprender esgrima, isso me parece insuportável. Apesar de que é realmente necessário”

Muitas pessoas saíram para experimentar as receitas da competição de culinária que já estavam prontas e com o forte cheiro no ambiente. Matthew observou que até mesmo as competidoras levantaram o olhar para o local onde ocorria a outra contenda. A arquibancada esvaziou-se quase completamente. O professor passou os olhos pelos bancos, esperando que talvez o outro, menos paciente, mais moleque, menos digno da beleza de sua ruiva, tivesse se cansado e ido embora.

Não havia.

Encarou o rapaz com um pouco de ferocidade e depois voltou seu olhar para Mira, que ainda estava absorta em seu bordado. Ao que parecia, começava a tomar forma. Matthew estava impaciente e queria, mais do que tudo, expulsar o seu rival, enquanto arrancava a menina dali e a levava para qualquer outro lugar, onde não tivesse que responder por seus atos.

- Competição lenta, não é mesmo, professor? – perguntou uma voz atrás de si.

O homem tomou um susto ao olhar para trás e perguntou-se por um instante como o Vesgo movera-se tão rápido. Trincou os dentes. Não queria falar com ele, mas ao mesmo tempo, sabia que não deveria ser rude com um de seus alunos mais aplicados. Precisava se lembrar disso.

- Hmph. – ele respondeu, sem conseguir se decidir sobre o que fazer. Fechou a mão para não virar um soco na cara dele.

- É, eu sei. Estou torcendo para que termine logo. Não imaginei que fosse ser tão demorado. – ele tornou a falar, sem perceber que incomodava.

Os minutos se passaram e Matthew manteve-se calado. O rapaz se levantou e foi até a barraca onde o concurso de culinária ocorria. O professor suspirou de alivio. Quase perdera o controle no breve intercurso que tiveram.

O tempo continuou transcorrendo e após o que pareceram alguns séculos, um sino alto soou para todos. As meninas pararam imediatamente seus trabalhos, algumas dando um último ponto, mas sem desrespeitar as normas.

Levantaram e ficaram respeitosamente de cabeça baixa, enquanto os juízes avaliavam seus trabalhos com olhares inquisidores. Matthew se sentiu estranhamente ansioso pelo resultado, de uma forma que não imaginava que ficaria.

Uma moça baixinha e gorducha deu seu veredicto e um homem alto e de cabelos negros, que o professor reconheceu como Anton Milosevicht, da escola de magia russa, anunciou em voz alta a colocação:

- Em terceiro lugar, Nina Haiggen, da escola de magia e bruxaria de Магия.

A multidão que debandara das arquibancadas, começara a voltar. Todos se aproximavam para ouvir os resultados. Era o que importava de verdade naquela competição.

- Em segundo lugar, Lady Agatha de Pluie, da escola de Magia e Bruxaria de Beauxbatons.

Outra salva de palmas foi ouvida, e uma menina de cabelos louro claro agradeceu de forma cândida e se retirou do palco. As outras três competidoras tremiam de expectativa para o primeiro lugar. Era tudo ou nada.

- E o primeiro lugar, com louvor, é agraciado para Lady Mira Barlow, da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.

Uma série de palmas e urros e cânticos vitoriosos seguiu-se a esse anúncio. A menina ruiva levantou e, de tão pálida que estava, parecia que iria desmaiar. Mas era só orgulho por ter conseguido cumprir uma função que nem sabia se desempenharia direito. Sentia que aquela vitória desceria difícil na garganta de professora Gryffindor, que sempre a desencorajara como mulher. Esperava que o tratamento entre as duas fosse um pouco melhor depois do que acontecera.

Matthew levantou-se com um sorriso enorme estampado na face. Estava radiante que sua ruiva fosse encantadora e levasse o primeiro prêmio até nas coisas mais enfadonhas. Era uma vencedora por natureza. Digna dele. Precisava vê-la e deixar claro o quanto estava orgulhoso. Em seu coração, queria levanta-la nos braços e gira-la no ar. Depois, daria um beijo nela e ela retribuiria. Não haveria comemoração melhor do que aquela. Sabia que aquilo aconteceria apenas em sua mente, mas em realidade, era uma excelente desculpa para abraçar legalmente sua protegida e parabenizá-la.

A comissão inteira da escola de Hogwarts estava em volta, ou tentando chegar, na nova vencedora da escola. Matthew tentava usar sua autoridade como professor para abrir caminho, mas a passagem entre a arquibancada e o pátio era estreita. O professor ficava impaciente.

- Mira! Eu sabia que você conseguiria! – uma voz familiar se sobressaiu na multidão.

Jake Vesgo levantou a menina para o alto e a ergueu acima da altura do rosto. Estava tão feliz de sua amiga poder-se mostrar orgulhosa com uma medalha só dela que poderia beija-la no ar.

Matthew sentiu o rosto queimar de ciúmes. Considerava-se um tolo e, pior, um tolo lento. Alguém que estava sempre atrás de um moleque defeituoso que chegara primeiro num coração ruivo. Não queria ficar ali olhando para aquela cena.

Mira o encarou por um instante, e ele viu que o rosto dela ficara rubro como imaginava que o dele estaria.

- Vesgo, me põe no chão. O que a Lyra vai achar disso? – ela disse para o amigo, que imediatamente a deixou segura com os pés na terra.

- Desculpe, Mira. Só fiquei muito feliz por você. – ele disse, com um sorriso.

A menina não estava mais ouvindo. Tentava chegar ao professor, mas era tarde. Ele não estava em lugar algum que ela visse.


*****


PessoALL,

Fiquei tãão feliz com os comentários deixados no quadro!! Obrigada!!

Quem bom que estão gostando da história. Ainda temos muitos capítulos escritos para colocar aqui toda a semana.

Não esqueçam de indicar aos seus amigos e amigas! Cada comentário é um grande sorriso meu (grande meeesmo, como uma idiota sorrindo) e impulso que recebo para continuar a escrever.

Beijões

Jujub

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Capítulo 20

A noite já havia caído há tempos e os alunos mais novos já estavam completamente embriagados com a quantidade de vinho que a taverna oferecera em honra à sua vitória. Fora um bom negócio feito, pensava o estalajadeiro, que ganhava mil moedas de ouro para cada dia em que Hogwarts faturasse mais medalhas. Era um bom modo dos organizadores da competição incentivarem que os convidados fossem bem tratados.

Além do vinho, o homem gordo e satisfeito com seu saco de moedas que tinia preso ao seu cinturão, mandara servir uísque ao professor responsável e fizera um jantar especial para belas damas que acompanhavam a instituição.

O professor acabara com sua segunda garrafa da bebida de produção local e matutava se pediria a terceira. Por um lado, sua vontade de beber ainda não fora saciada: estava com a cabeça cheia do fragmento de conversa que ouvira da boca de Jake de Malvoisin e Mira Barlow. O menino Vesgo estava lá, entre os veteranos, e apesar de ser conhecido como um bebedor inveterado, era de se espantar que não estivesse com um copo na mão e uma garota no colo.

É claro que não estaria com uma moça no colo. Não quando ele tinha a possibilidade de ter a mais perfeita ruiva já nascida na Terra, não. Ele se guardaria para ela, que dormia tranquilamente no andar de cima. Não iria traí-la na cara dura, com ela a tão poucos metros, sendo que sua afeição o conquistava de tal forma que ele se declarara “apaixonado”.

Matthew sabia que nem toda a bebida do mundo poderia tirar o amargo que estava sentindo em sua boca agora, mas ele se sentia muito tentado a arriscar sua chance de que isso, por algum milagre, pudesse acontecer.

Entretanto... tinha a vã esperança de que talvez, por algum outro milagre muito maior, pudesse encontrar sua aluna Lady Mira Barlow, sentada na ante-sala que separava o corredor dos quartos de dormir. Não seria a primeira vez que encontrariam-se em tal situação e ele fervorosamente esperava que não fosse a última.

Sabia que não deveria alimentar essas esperanças, mas sentiria-se ainda menos merecedor dos afetos da moça, se por acaso ela o estivesse esperando e ele estivesse completamente bêbado.

Duas garrafas de uísque não era pouca coisa, no entanto, era menos do que três e ele decidiu que não beberia. Em vez disso, mandaria levar para o quarto mais tarde, se assim fosse necessário.

Levantou sem cambalear. Duas garrafas não seriam suficiente para o derrubar e ele respirou fundo o ar da taverna para acordar um pouco mais. Olhou ao seu redor e viu que seus alunos o observavam também, um pouco surpresos.

- Ainda não são nem três horas da manhã, professor. – disse cautelosamente Charles Trocken, da Grifinória.

- O professor tem a obrigação de dar o exemplo, sr. Trocken. Seria muito bom se vocês também não se demorassem nessa sala e tomassem algum descanso. Sei que amanhã são as competições femininas, mas é importante apoiar a escola em qualquer situação. Ficaria muito satisfeito se os visse na torcida. – ele respondeu, forçando-se a sorrir.

Sem mais palavras, ele encaminhou-se para fora da sala. Os alunos ficaram o encarando, estupefatos, e logo uma procissão o seguiu para seus respectivos quartos. O respeito que tinham pelo professor de Esgrima e História da Magia era impressionante. Ninguém queria faltar às competições do dia seguinte depois do que havia sido lhe dito.

Matthew certificou-se de ter visto todos os seus alunos passarem para o andar de cima e sentou-se na ante-sala dos dormitórios com um ar de cansaço no rosto. Ela não o havia esperado. Não que ela tivesse que faze-lo, mas sabia que havia alimentado uma esperança tola.

O professor decidiu se recolher e procurar a garrafa que enviara ao seu quarto, ela seria sua única companhia naquela noite...

*****

O dia de competições femininas foi iniciado com provas que eram consideradas por muitos as únicas que deveriam acontecer. Provas delicadas como as damas que as disputavam, disputas onde elas não teriam que fazer nenhuma força fora o de mexer a panela.

As provas de culinária, canto e bordado foram simultâneas, pois todos estavam cientes do tempo que a primeira tomaria. E a segunda seria para estimular as outras competidoras.

Grifyndor teve receio que Lyra não ganhasse após ouvir a voz da aluna que representava a escola espanhola. A corvinal estava nervosa e, além de andar de um lado para o outro, ficou apertando as mãos até deixá-las muito vermelhas.

- Vem cá... – Mira puxou levemente a outra para um canto. – Te acalme, tua voz é linda. Sabes que es considerada um anjo quando nos brinda com uma canção. Não te preocupes e pare de se machucar ou a professora acabará falando algo...

Respirando fundo, Lyra segurou as mãos de Mira nas suas.

- Não consigo... Ouviste as outras, eu não...

- Tu es a melhor, não duvides! – A ruiva falou com mais imposição em sua voz.

Mira abriu a boca para continuar, mas ouviu seu nome ser chamado para a competição de bordado. Ela segurou as mãos da outra com força tentando passar segurança e saiu em direção ao local indicado para as competidoras.

No caminho a ruiva olhou para a arquibancada e percebera que estava um pouco vazia. Ela já esperava, pois não achava que competições tipicamente femininas teriam algum atrativo para os rapazes que estava na cidade.

Porém não era qualquer torcedor que os olhos negros dela procuravam. Desde a noite anterior Mira praticamente não vira mais seu professor de esgrima. Ela dormira cedo, pois precisava estar preparada e alerta, principalmente para a competição de esgrima que aconteceria mais tarde.

Ela achava que ele não iria ficar a manhã toda assistindo competições que até ela achava lentas, e às vezes sonolentas, mas intimamente queria vê-lo sorrindo e desejando boa sorte, mesmo que fosse para bordar algo. Queria poder afirmar que não ver Matthew lá não a afetava, mas estaria mentindo para si mesma. Mira sentiu falta de senti-lo perto, estes dois últimos dias fez com que estivessem juntos muito tempo e ela gostou, e muito, disso.

Suspirando ela chegou ao local indicado e sentou na cadeira separada com o brasão de Hogwarts. Olhou mais uma vez em volta e aceitou que ele não viria.

“Provavelmente bebera demais na noite passada, comemorando...”, Mira tentou justificar para si mesma.

- Mira! Boa sorte!

Foi gritado por uma voz masculina que a ruiva sabia que não pertencia ao homem que desejava ouvir. Jake de Malvosin acenara a distancia para a amiga. Ele ainda comemorava intimamente a decisão que tomara e a ajuda que sabia que receberia em relação à jovem que amava.

Mira sorriu para o amigo e olhou a sua volta procurando Matthew. Aceitando que ele não iria, ela se preparou para o inicio da disputa. Bordado ou não, a lufana tinha a obrigação de ganhar e manter a honra de Hogwarts.


*****

Oi a todos!!

Depois de bastante tempo, uma atualização.

Como eu coloquei no post anterior o que me levou à essa grande ausência foi o meu casamento. Foi tudo lindo, maravilhoso e perfeito!!! *_*

Pronto, agora voltaremos a programação normal de posts todas às segundas-feiras.

Não esqueçam dos comentários. O nosso grande pagamento é saber que alguém gosta do que escrevemos.

Beijões

Jujub

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Capítulo 19


Um dia de competições passara e Hogwarts fora a escola que mais ganhara medalhas naquele dia.

Foram somente competições masculinas e, para orgulho de seu professor, os alunos de Hogwarts eram os melhores em montaria, esgrima e arco-e-flecha de principiantes. No dia seguinte seriam as garotas, no terceiro dia os rapazes mais experientes e no quarto e último dia as competições mistas.

O dia ainda não tinha raiado e todos os alunos junto com seu professor estavam na posta da casa separada para a Escola de Magia de Hogwarts comemorando. As três garotas e a professora Hostila pararam na porta para participar daquele momento.

- Eles competiram muito bem. O Arthur derrotou todos em arco-e-flecha, mesmo estando somente no 2º ano. – Lyra falou.

- Claro que não se comprara com o Vesgo, mas ele realmente fora muito bem para um iniciante. – Mira falou para as colegas.

- Jovens, não é de bom tom garotas ficarem analisando os homens em provas das quais não entendem e menos ainda achar que podem falar de igual para igual. Fiquem com uma boa postura para darmos os parabéns aos alunos. – A rígida professora ralhou com elas ao vê-los se aproximar. – Parabéns professor, seus rapazes mostraram a força de Hogwarts hoje.

Matthew de Aldearan estava orgulhoso. Ele sabia que fora um pequeno começo, o pior seria dali a dois dias, mas ele estava confiante que seus alunos seriam os melhores. Aquilo fora só uma pequena demonstração do que ele ensinara.

Com uma reverencia, ele falou com as mulheres na porta da hospedaria.

- Professora, miladys... Espero que amanhã possamos celebrar a vitória de nossas alunas. - O professor falou olhando diretamente para Mira.

Ele não poderia demonstrar que na verdade desejava levantar Mira em seus braços e somente com ela comemorar de um jeito que nenhum dos dois nunca mais esquecesse. Mas se para ao menos ficar um pouco ao lado daquela que seria sua futura mulher ele precisava ir até Hostila Gryffindor, que fosse.

A ruiva sorriu em resposta a ele. Mira sentiu seu coração se aquecer ao vê-lo tão feliz. Ela já não conseguia esconder que tinha sentimentos maiores do que o simples elo de professor-aluna por Matthew.

- E quanto a isso... – respondeu a professora Gryffindor assim que Aldearan se afastava pensativo. – É bom que conversemos às sós, minhas caras. Nunca imaginei que teria que ensina-las a se portar em uma competição, mas já que aqui estamos, vamos precisar que se comportem como verdadeiras damas que são.

Mira suspirou baixo quando a mulher virou as costas com um pedido para segui-la. A menina sabia que essa aula era especialmente para ela. Lyra era claramente uma moça educada e fina: evidenciava-se pelo seu jeito de andar elegante e sua delicadeza de movimentos. Mary podia não ter a mesma facilidade natural da outra, mas certamente não era tão destrambelhada quanto a ruiva e, além de tudo, era uma aluna aplicada das aulas de etiqueta.

A única que poderia causar algum desgosto no coração de professora Hostilia era, certamente, Mira. Era mais do que claro as intenções dela: deixar bem explícito o que a menina poderia ou não fazer e que não causaria embaraço ao nome da escola.

As três foram com um olhar pesaroso até o quarto da mestra, onde havia mais espaço para ficarem. Enquanto entravam, ela corrigiu a postura e o modo de andar delas, com um sorriso reprovador na face.

- É bom esticar mais as costas, srta. É preciso encolher a barriga e respirar mais devagar, lady Barlow. – dizia enquanto apontava os erros. – Sigam o exemplo da srta. Lyra, cuja postura é um exemplo para todas.

Mira rangeu os dentes sem fazer barulho, forçando-se a não ser grossa com sua superiora várias vezes durante as três tediosas horas que se seguiram com explicações sobre a postura correta ao montar num cavalo ou a graciosidade com que o florete feminino deveria ser brandido.

A ruiva suspirava de vez em quando. Era bom que não precisava prestar atenção às aulas sobre espadas que a professora parecia dedicar à Mary. “Florete feminino? Alguém usa isso? Faça-me o favor. Não é nem ao menos afiado!”, ela pensava consigo mesmo. Sorriu para si mesmo porque, graças ao bom Merlin, não havia como ela instruí-la a montaria no cavalo, já que não havia nenhum disponível.

Só pararam quando o jantar foi anunciado e, para a sorte das alunas, Hostilia não era uma mulher que negava jantar, apesar da preocupação com a forma esbelta. Desceram com uma cara de alívio estampada no rosto.

Os rapazes a esperavam ao pé da escada. Sir Jake de Malvoisin, o Vesgo, aguardava ansiosamente o fim da aula das meninas. Gostaria de conversar em particular com Mira e por isso, usara a desculpa de escoltar as damas durante o jantar.

- Querida Lady Barlow... – ele exclamou finalmente quando a ruiva surgiu para o jantar. A menina se surpreendeu com um sorriso no rosto ao ver o amigo. Gostava de Jake, apesar dele ser incoveniente em vários momentos.

- Sir Vesgo, que prazer. – ela respondeu, também formalmente, mas calorosa.

Matthew de Aldearan passou naquele momento a caminho para sala onde seria servido o jantar e ergueu a sobrancelha ao ver sua ruivinha dando o braço ao galanteador Vesgo, o melhor arqueiro que tinham. “Não devo me desconcertar agora”, pensou consigo mesmo, mas sem surtir muito efeito, lançando um olhar para a aluna, que não o notou. Isto o perturbou, vê-la entretida com o colega de classe a ponto de não responder seu chamado silencioso, que ela sempre tão atentamente percebia.

“Não entendo o que tantas moças vêem nele. É claro, ele é um conquistador nato, mas também, não entendo nada de beleza para julga-lo. Ele não me parece o tipo atraente. Quero dizer, o defeito natural de seus olhos não a incomoda? Bom, é claro que não. Mira é boa demais para deixar um pequeno inconveniente como esse atrapalhar seu coração, se é isso que ele deseja.”, pensava enquanto se encaminhava para o jantar, acompanhando o par de alunos à sua frente, enquanto seus instintos estavam tentados a arrancar o braço delicado de sua menina daquele fedelho. ‘Ele é um fedelho, seu tolo. Você realmente crê que ele possa tirar a afeição dela de você, um homem formado e ...”, sua cabeça ia longe, quando sentiu seu braço ruim e amargurou-se.

“Um inútil, é isso o que você é, Matthew de Aldearan. Você não consegue mais ganhar um torneio e Jake de Malvoisin ainda vai longe com seu arco e flecha. Ele vai conseguir muita fama e honra. E você? Vai morrer professor de História Antiga e treinando outros para lutar em seu lugar, sem nunca mais conseguir fazer algo por você mesmo.”, censurou-se. “Se ela escolhesse Jake, não seria uma má escolha, eu acho.”

O professor poderia arrebentar o seu aluno Jake em pedaços e depois joga-lo aos cães por apenas encostar na sua prometida, mas sabia que não deveria se sentir assim. Sua cabeça estava latejando de ódio.

“É claro que pode ser por outro motivo que eles estão juntos. Talvez Vesgo esteja nervoso e conversando com Mira. Como ela é menina, tem mais sensibilidade com essas coisas. Talvez Mira esteja nervosa e por isso, pedindo conselhos a Vesgo. Mas ela poderia pedir conselhos a mim, claro. Por que não está fazendo isso?”, ele voltou a se perguntar.

Precisava tirar a dúvida de sua cabeça, precisava escutar pelo menos do que os dois estavam falando. Era rude, mas no amor e na guerra valia tudo. Ele precisava saber se Jake Vesgo era seu rival.

“Um rival. Um aluno como meu rival. Nunca esperaria isso. Não é de se espantar no entanto. Quem não se encantaria por ela?”

- Então, Mira, você vai me ajudar, não vai? – o Vesgo repetiu pela décima vez esperando a confirmação de sua amiga em seu plano infalível.

Matthew não conseguiu captar o conteúdo daquela frase. Estava ainda muito longe, precisava chegar mais perto. Os dois estavam falando muito baixo para seu gosto. O sentimento que queimava seu coração falou mais alto do que sua honra e ele deu mais dois passos para perto do casal.

- Ah, Jake, eu não sei se vai dar certo... mas você é uma excelente pessoa e tem bom coração. Se está apaixonado como diz mesmo, então eu não me oponho. Você tem minha palavra de que farei tudo que estiver ao meu alcance para dar certo. – ela disse, primeiro em dúvida e depois com um sorriso.

- Você é mesmo a mais perfeita dama de todos os tempos, miLady Barlow! – ele retribuiu com a voz animada.

Matthew decidiu que não queria ouvir mais. Precisava pensar e precisava por a cabeça em ordem, Não planejava desistir tão cedo, mas aquelas palavras com certeza mudavam todos os seus planos. Andou rápido e ultrapassou os dois, com uma carranca.
- Ora, obrigada pelo elogio, Sir. Jake. – Mira respondeu, ruborizada. – Não vou contar para Lyra, pode deixar. Se você quer mesmo conquista-la, é bom não deixa-la saber que você andou lisonjeando a sua amiga por aí.

- É claro que eu quis dizer a mais perfeita dama de todos os tempos, depois dela.

Os dois riram e lá na frente, Matthew sentiu seu ego rugir de ódio e seu coração desfalecer de ciúmes.

*****


Ingrid e leitores do coração.

Peço mil desculpas porque no mês de outubro não atualizei o blog. O motivo é que irei me casar no sábado (uhuuuuu) e este mês eu não consegui organizar o tempo direito.

Desculpe galera.

Espero que gostem deste capítulo ^^

Beijinhos

Jujub

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Capítulo 18

Mira olhou em volta no seu quarto e viu suas outras colegas de quarto arrumando seus pertences. Ela nem acreditava que estava ali, no primeiro intercolegial misto que aconteceria na Europa. Somente duas alunas além dela aceitaram, apesar dos diretores terem se responsabilizado pessoalmente pela segurança das meninas.

Elas tinham menos de 15 minutos para arrumar seus pertences e descer para se encontrar com a professora Hostila Griffyndor, responsável por elas.

- Melhor andarmos logo ou a professora pode acabar nos castigando por fazê-la esperar. Isso seria algo indelicado de nossa parte. – Lyra, a aluna da Corvinal falou imitando o rosto da professora, o que fez as outras duas rirem.

As outras concordaram e rapidamente desceram as escadas da hospedaria se aprumando ao chegarem à sala, tinham que entrar andando calmamente.

Em uma mesa estava a professora responsável por elas conversando com Matthew de Aldearan, responsável pelos rapazes. Na frente deles alguns pergaminhos estavam abertos e eles claramente falavam sobre o que estava ali e pelos símbolos podia-se perceber que era sobre o Torneio.

As três jovens pararam ao lado da professora e nada falaram, não poderiam interrompê-la. Um leve sorriso surgiu nos lábios de Matthew ao ver Mira ali, quieta e bem comportada. A vontade da lufana em competir era tão grande que aceitara acatar todas as ordens da rígida professora.

- Tuas alunas chegaram. – Ele falou para a professora. – Como o assunto é de interesse delas, acho que deveríamos compartilhá-lo.

- Sim, concordo. – Griffyndor virou o rosto para as garotas. - Se aproximem e ouçam, falarei somente uma vez. Na metade das competições femininas estamos sem representante, pois, como sabem, as outras alunas não quiseram vi. – A professora omitiu o fato que para ela nenhuma garota deveria ter ido. – Então estávamos vendo se vós gostaríeis de competir em outra atividade além da que fostes inscritas antes.

O professor virou o pergaminho com as competições em que eram permitidas garotas. Mira iria competir em montaria, que teria a final mista; Lyra em canto e Mary em culinária, estas duas competições eram exclusivas para mulheres. Elas poderiam competir entre si, se quisessem, além de se inscrever em esgrima, bordado e arco e flecha.

- Bom... Admito que gosto de praticar arco e flecha... – Lyra falou olhando para baixo, sabia que a professora a olhava reprovando a conduta. – Eu iria gostar de competir nessa modalidade, mesmo sendo mista.

A professora somente crispou os lábios olhando com desgosto para a jovem que iria competir em arco e flecha.

- Viu Hostila, foi como eu disse. – O professor de esgrima falou. – Elas sabem o que podem competir, mesmo que não sejam tão boas quantos nossos garotos. Estão cientes que irão mostrar que mulheres não podem competir em pé de igualdade com nenhum homem, principalmente os treinados por mim.

As três olharam atravessado para o professor. Ele praticamente falara que elas não tinham chance contra algum rapaz. Algo que as três podiam afirmar que tinham em comum era que elas queriam competir como iguais. Mesmo que não tinham tido coragem de escolher uma competição mista.

- Eu até poderia tentar esgrima. - Mary falou. – Mas acho que Mira seria a melhor de nós nisso. Eu já a vi treinar nos jardins com aquela sonserina que ganhou em Hogwarts...

Os olhos dos presentes se voltaram para a ruiva que se viu tendo que responder a idéia da colega. Internamente ela admitia que pensara justamente em competir naquela modalidade.

- Bom eu... - Mira começou a falar, mas foi interrompida por Matthew.

- Devido ao corte que tivera no braço anteriormente, Lady Barlow não poderá competir em esgrima. Estar competindo em montaria já esta sendo uma exceção, os dois já é algo fora de cogitação. - O mestre de esgrima falou seriamente para a professora a sua frente.

Mira olhou para Matthew tentando entender o que ele estava fazendo, mas em nenhum momento ele virou o rosto para ela. Não querendo contradizê-lo ela afirmou o que ele falara.

- Além disso, eu estava pensando em competir em bordado, se for possível. – A ruiva falou baixo. – Eu não devo forçar meu braço.

- Está decidido então que cada uma irá competir em outra modalidade. – O professor falou ao se levantar. – Não há mais o que eu deva fazer aqui. Milady devo acompanhá-la a enfermaria do Torneio para confirmarmos se estais em condições de competir. Siga-me!

O tom de voz utilizado por Matthew não dava margem a discussões ou dúvidas, nem da professora, nem das alunas e menos ainda da ruiva que andou rapidamente atrás do homem. Sabendo que era observada enquanto estivesse na hospedaria, Mira andou alguns passos atrás do professor.

Poucos metros de distância, perto de onde seriam as competições, estava a pequena casa onde ficava a enfermaria.

Matthew evitou olhar no rosto da aluna enquanto estavam em público, mas assim que ficaram fora do alcance de visão da professora Hostilia e de outros, ele a pegou pelo braço e a puxou para a primeira sala vazia que encontrou.

- Não a deixei competir para seu próprio bem. - Ele disse. Matthew sabia que não poderia ficar ali muito tempo. - Não é bom que a vejam com uma habilidade tão grande em lutas que não são próprias para mulheres. Esses torneios femininos são uma falácia, feita para ocupar a mente das moças rebeldes que os pais não souberam controlar. Nenhuma ali sabe o que está fazendo – apenas ficam brandindo pedaços de ferro por aí. Tu, pelo contrário, és a minha menina-dos-olhos. Não quero que descubram o que fiz com você ... ainda.

Mira corou ao ouvi-lo chamando-a de menina dos olhos. Havia um quê de afeto no que ele dizia. Ele sorriu ao vê-la enrubescer e ficou feliz pelo fato de que havia algo nele que a deixava desse jeito.

- Eu até pensei em competir, mas depois mudei de idéia. Achei que era muito cedo pra ficar expondo o que aprendi e machucar alguém...

Matthew ia interrompê-la naquele instante, pois desde sempre a havia ensinado: essa coisa de esgrima esportiva era uma falácia. Se aprendia a usar a espada era para machucar alguém: seja em auto-defesa, em defesa da honra ou em proteção a algum desamparado. Não havia esgrima amigável. Ia lembrá-la disso quando a ouviu completar:

- ... que não tivesse a menor chance de se defender.

“É justo”, ele pensou. Sua garota era uma moça justa, correta, especial. Seu ego inflou de orgulho ao saber que não estava transportando seus conhecimentos para a mente errada. Ela tinha um potencial enorme.

- Folgo ao saber que assim pensavas. - Ele falou, em tom de aprovação. - É bom agora passarmos verdadeiramente na enfermaria, ou podem pensar que estamos metidos em alguma coisa imprópria.

Mira notou que era a segunda vez que ele sugeria algo assim – A primeira fora naquele dia da clareira na floresta, quando conversaram como iguais. Até parecia que ele traía sua mente, revelando que gostaria que algo impróprio acontecesse. Mas provavelmente não, talvez o professor só estivesse salvaguardando sua honra. Era um homem direito – até certo ponto onde ela preferia enxergar. – e talvez por isso o admirasse...

Seguiram os dois para a enfermaria e enquanto ele preparava-se para deixá-la aos cuidados de uma moça de olhos muito tontos ouviu-se dizendo com um tom irônico:

- E espero que me traga muito orgulho na sua competição de bordado...

Sorrindo então, ele fechou a porta.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Capítulo 17

Apesar de a caravana ter saído mais tarde do que o esperado por ele, estavam quase dentro do horário esperado. Matthew apressara a todos e em alguns momentos do caminho eles correram.

A manhã passara rapidamente, inclusive para o Mestre de Esgrima que liderava a todos até Sheffield. Ele achou que iria aproveitar cada minuto que estivesse perto de Mira, que estava em seu cavalo, mas percebeu que se enganara. O que ele não esperava era que a garota nem se encostava a ele. Fora nos momentos em que o cavalo correu ela não se segurara no professor.

Todos pararam para almoçar e o professor estendeu a mão para ajudar a ruiva a descer do cavalo. Ele reparou que Mira não olhou para ele, fazendo tudo friamente.

- Com licença, irei me juntar às outras alunas. - Com uma mesura extremamente formal ela falou.

Como não houve resposta do professor, Mira assentiu com a cabeça e se afastou. Dentro dela estava uma confusão de sentimentos, estava chateada como fora tratada e principalmente magoada por Matthew gritar com ela. Esse último sentimento fez com que, durante a manhã toda, refletisse porque reagia assim às ações dele.

Seu orgulho não a deixava falar com ele, nem tocá-lo ela queria. Não tivera opção em alguns momentos, mas sempre que possível se afastara.

Tudo isso não passou despercebido do homem que olhou a garota se afastar dele, andando até a carruagem. Matthew se perguntou se exagerara mais cedo, pois nunca a vira assim. Ele já brigara com ela antes, já aumentara seu tom de voz do mesmo modo, mas sempre estavam somente os dois.

Após pouco tempo o professor falou que era para recolhessem tudo, tinham pouco tempo e Obedientemente, todos rapidamente se levantaram e Mira viu que teria que ir novamente com seu professor.

Ao contrário de quando se afastou, ela fitou diretamente os olhos de Matthew enquanto se aproximava. Sabia que errara antes, mas o que ele fizera com ela não fora certo. Demonstrando o que sentia, com o rosto cerrado e os lábios sérios, ela parou ao lado dele, como uma aluna obediente deveria fazer.

Passaram várias horas até que chegassem e em nenhum momento ela falou nada, nem quando, nas raras vezes Matthew lhe dirigia a palavra. A resposta era somente um olhar frio vindo daqueles olhos negros que ele tanto amava.

Pouco antes do raiar do sol chegaram à cidade escolhida para abrigar o torneio inter-colegial. Fora separada uma hospedaria para cada escola e o brasão na porta indicava em qual casa os alunos de Hogwarts deveriam ficar.

Com Matthew de Aldearan à frente de todos, a caravana se dirigiu até a porta da hospedaria. Ao descer do cavalo o professor se espantou ao ver que daquela vez Mira nem aguardara sua ajuda para descer e já andava para longe dele.

Ele se pegou pensando no que poderia dizer pra ela. Já havia tentado estabelecer uma conversa durante a viagem, mas ela não havia demonstrado interesse e aquilo começava a zangá-lo e, pior, desesperá-lo. Precisava resolver essa situação antes que perdesse de vez o controle sobre ela e pusesse tudo a perder. Queria ouvir Mira falando doce com ele novamente.

Vendo ela se afastar para entrar na hospedaria, ele fez algo que não esperava. Matthew depois diria que foi reflexo do seu corpo. Ele segurou o braço dela e fez com que ficasse atrás das outras alunas. Os rapazes se afastaram, pois acharam que ele daria um novo sermão na lufana.

- Desça depois para conversarmos. – Ele falou baixo. Ao ver que não havia reação dela ele complementou. – Por favor.

Mira soltou seu braço e com uma reverência se afastou deixando um homem agoniado esperando sua resposta.

xxxxxx

Não era tão tarde assim, mas era o suficiente para que uma dama não devesse sair da cama. Mira ficara acordada esperando que suas companheiras de quarto adormecessem para que pudesse sair sem chamar atenção. Depois do que acontecera na noite anterior, achou que uma ou outra acabaria a seguindo caso saísse com qualquer desculpa.

A ruiva confirmou que as outras duas garotas estavam dormindo e se arrumou para sair. Apesar de estar com Matthew de Aldearan atravessado em sua garganta, Mira ficou querendo, e admitia que muito, saber o que ele queria falar com ela.

Silenciosamente ela desceu e procurou Matthew. Ele estava como ela estivera na noite anterior, sentado em uma poltrona, observando o fogo.

Mira não precisou falar nada, mal entrou na sala ele virou o rosto. Uma expressão de alivio e alegria se misturaram quando ele percebeu que ela atendera ao seu pedido. Ele a observou sentar em uma cadeira mais afastada, calada.

Matthew levantou da cadeira desconfortável. Seu nervosismo já o obrigara a tomar um copo de uísque antes de descer para o salão da hospedaria e sabia que ficara com cheiro de bebida no corpo, mas não teria coragem de se sujeitar ao que faria sem uma ajuda adicional da bebida. Entendia perfeitamente seu pai e sua mãe agora que se encontrava quase um cativo daquela menina que mal era ainda uma mulher de verdade.

O rosto frio dela o gelava por dentro e ele engasgou por um segundo antes de começar a falar, decididamente atrapalhado com as palavras, quase sem jeito, brusco:

- Notei que seu comportamento mudou desde hoje de manhã até à noite. Achei que me sentiria melhor tendo-a por perto e que mostraria que não guardo rancor do que aconteceu na estalagem, mas não havia calculado que talvez tu pudesses ter se sentido magoada com o que aconteceu.

Ele respirou fundo.

- Não pretendia ter sido tão rude com ti, mas fiquei extremamente possesso com o que aconteceu. Várias coisas me passaram pela cabeça e mil preocupações me gelaram o sangue quando descobri que não era só uma dama sumida (não que eu não fosse me preocupar com elas, veja bem, são minhas alunas e damas também), mas tu em especial. Creio que me senti mais responsável do que o normal. – Matthew fez uma pausa. - Mesmo com tuas habilidades proeminentes de esgrima, vejo que não me sentia pronto para deixá-la à mercê de somente elas. Até porque não comecei a te trabalhar contra inimigos em número - e um bandoleiro nunca está sozinho... Mas enfim, vejo que estou me enrolando e me explicando demais.

Ele tremeu um pouco de agitação e deu as costas pra ela, se apoiando na mobília.

- Tudo isso não desculpa minha rudeza na hora de me dirigir à ti mais cedo. Um cavalheiro de verdade controla suas emoções e nunca destrata uma dama e vejo que hoje nenhum de nós cumpriu à risca seu papel. - ele disse - Não deveria ter gritado.

E sentou, percebendo que era muito mais difícil do que ele pensava falar apenas "desculpas", que era seu plano original. Até agora havia evitado olhar para a moça, mas naquele momento ele resolveu fitá-la e seus olhos imploraram uma resposta.

Ao ouvir as palavras que Matthew falou, Mira se sentiu desarmada. Ainda estava sim, com um pequeno ressentimento, mas não conseguiria de modo algum o destratar. Principalmente quando ele se expunha daquele modo para ela. A cada novo dia ele a surpreendia e falar que errara anteriormente era, sim, inesperado.

Nesses últimos dias o modo dos dois se tratarem mudara e Mira percebera que seus sentimentos pelo que deveria ser só seu professor eram diferentes que uma simples admiração. Mais cedo ela ficara mais chateada porque fora ele a gritar com ela, pois se fosse outro qualquer não a atingiria do modo que acontecera.

O rosto da ruiva se acalmou e ela deu um leve sorriso para ele antes de falar.

- Estavas somente preocupado comigo? – Ela falou suavemente. – Eu queria ter te avisado mais cedo aonde ias, mas tu estavas dormindo. Não quis incomodar. – A ruiva se lembrara que ficou alguns minutos a admirar Matthew dormindo.

Mira se conteve, sentiu um impulso de se levantar e sentar mais perto dele. Queria fitar os olhos dele e perguntar se ele sentia o que ela descobria que estava sentindo. Se ele também tinha a vontade de sentir se o calor das mãos dele aqueceria as mãos dela.

- Admito que estava magoada com o modo que me trataste. Eu somente queria não ter que viajar sentada no chão da carruagem durante outro dia todo, mas entendo agora tua preocupação para comigo.

Matthew deixou escapar um leve suspiro, estava aliviado. Ele não conseguiria falar mais do que havia falado e ao mesmo tempo iria ficar louco se não tivesse uma resposta favorável da moça. Levantou-se e hesitou, pensando se deveria se sentar ao lado dela. Não queria se empolgar muito.

A ruiva sentiu seu coração bater forte ao vê-lo se aproximar, sentiu seu rosto esquentar e seu estomago gelar. Mas ao contrário de outras garotas que abaixariam o rosto, ela o observava esperando-o.

- Eu estava preocupado, não poderia me dar ao luxo de perder uma esgrimista tão boa quanto você. - e ele sorriu pensando que fizera um cumprimento que a deixaria orgulhosa.

Ao ouvir o que ele falara no final, Mira sentiu uma pontada de tristeza desconhecida em seu coração. Era para ter se sentido feliz e orgulhosa com o elogio, mas não era esse o tipo de preocupação que desejava que ele sentisse.

- Esgrimista? - Mira não conseguiu esconder a angústia ao ouvir aquilo.

- Minha menina-dos-olhos, pra falar a verdade - Ele complementou e reparou que ela não evitava o olhar dele. Percebeu que talvez estivesse correndo as coisas, mas a adrenalina tomava conta das veias dele e ele queria ver até onde ele poderia chegar naquela noite. - Tenho orgulho de quem tu és. Não só na esgrima, mas como realmente és.

Ela foi tomada por um rubor e Matthew sentiu-se recompensado internamente. Adorava vê-la corar, especialmente com o que ele dizia - e dessa vez ele sabia que havia tocado um ponto fraco. Duvidava que a moça tivesse esquecido o discurso absurdo de professora Gryffindor e inflara seu ego ali, falando a verdade: gostava dela como a mulher que era. Sorriu para a jovem e olhou para a janela, notou que as estrelas já estavam adiantadas. O primeiro dia do torneio não tardaria a raiar. Deveriam dormir e isso porque ele ainda deveria tomar um bom banho antes de deitar.

- É tarde. - ele disse. - Deixe-me que dessa vez, eu vou acompanhá-la até lá em cima. Não quero correr riscos novamente.

Mira riu ao ouvir aquilo. Ela assentiu e se levantou esperando-o.

Ele fez uma mesura e a deixou subir na frente, roçando levemente sua mão na cintura dela quando ela passou. Seu pensamento se inflamou e ele se sentiu tentado a pegá-la no colo e levá-la para seu quarto, mas controlou-se. Antes de deixá-la na segurança de seu quarto, tomou de assalto sua mão e depositou um beijo nela que o fez tremer por inteiro.

- Boa noite. É bom que descanse bem...

E virou-se para ir embora, sem reparar que ela ainda continuava à porta o observando sair, com a mão parada no mesmo lugar, enquanto ele pensava apenas naquele toque macio e no cheiro docinho que vinha dela...

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Capítulo 16

Acordou na manhã seguinte com uma leve ressaca. A cabeça doía e ele precisava reunir aqueles pestes para irem logo pra porcaria do torneio e acabar com tudo isso. Matthew ficava extremamente irritado quando seu corpo dava sinais de não estar acostumado com a quantidade (enorme) de bebida que ele tomava.

- Professor? – um dos rapazes perguntou um tanto quanto receoso – Uma das moças foi reportada pelas companheiras como desaparecida. Ninguém a viu desde a noite anterior.

O professor passou os olhos pela turma de homens que ele ajudava a formar e tentou identificar um possível culpado para descontar o ódio de ter sido atrasado. Queria chegar rápido ao local do torneio pra poder descansar antes de encontrar com os outros homens-de-arma.

- Quem Smith? – ele retrucou.

- Lady Barlow, sir. – ele respondeu quase como se pedindo desculpas pela moça.

O peito de Matthew inflou de uma mistura de raiva e preocupação. O que teria acontecido com sua protegida? Então ele não a vira subindo as escadas para seus aposentos? O que ela teria feito? Alguém a teria raptado?

- Desgraça.

Saiu correndo para dentro da estalagem e foi buscar professora Hostilia. Ela estava com as outras duas moças, sentadas no sofá da sala de convivência da hospedagem.

- Qual de vós foste a última a ver Lady Barlow? – perguntou ele quase cuspindo ao falar a ultima palavra. – Respondam.

As três entreolharam-se assustadas. Até mesmo a professora mão-de-ferro parecia assustada com o professor de ressaca, monstruoso em sua raiva.

- Eu. – disse Lyra, a corvinal. – Subimos juntas para o quarto e eu estava prestes a dormir quando ela disse que iria buscar água para tomar, pois tinha sede. Eu ia atrás dela, mas já estava completamente vestida para dormir e temi que algum homem me visse assim. Como havia uma bandeja com uma jarra de água no corredor ao lado do quarto da professora, presumi que ela voltaria logo. Devo ter adormecido, pois não me lembro de ouvi-la voltar.

Matthew ouviu-a atentamente e sua mente presumiu que nesse momento, a lufana deveria ter ido lá para o salão. Logo, o último a encontrá-la fora ele próprio, entretanto recordava-se quase com certeza de que a vira subindo as escadas de volta ao quarto.

- Mandem vasculhar todos os quartos da estalagem. – O professor voltou-se para um rapaz que trabalhava no local que estava por perto. – E torça para que ela não tenha sido encontrada no quarto de algum outro hóspede aventureiro.

Todos cruzaram os dedos, enquanto o professor subia, ele mesmo, para revirar o lugar inteiro.

******


Mira terminou de escovar Scadufax e pela posição do sol no céu, viu que o dia já havia nascido há algum tempo e que ela provavelmente perdera a hora ao cuidar de seu corcel. Este último relinchou de contentamento ao ver-se livre das escovas protetoras que ele tanto não gostava. O cavalo não podia negar que era confortante ver-se sem os nós que infestavam seu pêlo, mas ao mesmo tempo, detestava a sensação das cerdas passeando por seu pelo.

A jovem, por outro lado, achava relaxante cuidar de seu companheiro e fora justamente por essa propriedade que ela desistira de tentar algum sono reparador, passara por seu professor de História Antiga adormecido e viera até o estábulo olhar por Scadufax.

Ao ver que o dia já corria, se preocupou com o horário, afinal, Matthew havia dito que partiriam cedo, bem cedo. Arrumou seu material e correu pelos fundos para tentar alcançar o quarto sem ser vista.

- Mira! Finalmente! Onde tu estavas? – ouviu uma voz atrás de si e virou para reconhecer Jake de Malvoisin, o Vesgo, na porta do estábulo. – Puta merda, que susto que nos deste. Está todo mundo te procurando, achamos que alguém havia lhe feito algum mal. Graças a Deus, estas bem.

O Vesgo correu até a menina e deu-lhe um abraço. O rapaz não tinha muitos pudores com as damas, especialmente aquelas a quem ele considerava amigo. A principio, ele gostara da idéia de que moças pudessem competir com os homens no torneio inter-escolar, para que elas pudessem humilhar alguns idiotas, mas assim que vira sua amiga desaparecida, desejou que elas nunca mais tivessem que fazer uma viagem tão longa com eles.

- Eu estou bem, Vesgo. Eu só acordei cedo para vir cuidar de minha montaria. - Ela falou meio sem graça com o abraço do amigo.

- Tu não tens idéia do quanto preocupou todo mundo. – Ele olhou para a garota. - Nossa. Estas toda suja de pêlo de cavalo e barro. Lady Gryffindor vai querer te arrancar a pele e ela não é a única... Sei que o professor Aldearan está de mau humor hoje...

Os dois andaram lado a lado, enquanto um Vesgo aliviado falava sem parar sobre o quanto ele nunca mais a deixaria desacompanhada naquele torneio. Ele era um bom amigo, pensou Mira, angustiada com a recepção que teria ao aparecer naquele estado para o resto do grupo.

- Professor, eu a achei! – gritou subitamente o rapaz.

Matthew virou para o lugar da onde tinha vindo o grito e uma onda de alívio misturada com nervoso invadiu seu ser. Por um lado, ele queria abraçá-la e enchê-la de beijos e carinhos, dizendo que ela nunca sairia do seu lado enquanto ele vivesse. Já tivera um gosto de preocupação por ela ter sumido uma vez e não planejava passar por isso de novo. Por outro lado, ele queria quebrar o pescoço daquela desgraçada por fazê-lo se preocupar e passar vergonha na frente de outros alunos e garotas.

- ONDE a senhorita estava? – ele perguntou vociferando com ela.

- Professor Aldearan, eu fui até o estábulo preparar a minha montaria para o torneio. Eu havia pensado em montá-la hoje até a cidade para acostumá-la com o ritmo de corrida e fui checá-la...

- DESACOMPANHADA? SEM AVISAR NINGUÉM? SEM QUE UM HOMEM A ESCOLTASSE?

A menina baixou a cabeça, nervosa por tais palavras e ao mesmo tempo pesarosa porque sabia que havia preocupado e atrasado a todos. Matthew se descontrolou e extravasou toda a raiva que estava sentindo desde o começo daquela manhã.

- E se alguém a tivesse feito mal? E se tivesse sido seqüestrada por bandoleiros? Se houvessem manchado tua honra? – Ele segurou o braço dela com força - O QUE LHE PASSOU PELA CABEÇA QUANDO SAIU DA ESTALAGEM ANTES DO SOL NASCER?

Mira mordeu os lábios, segurando as lagrimas. “Não vou chorar, esse desgraçado não vai me fazer chorar.”, ela pensou consigo mesmo e não conseguiu responder à pergunta. O professor percebeu que ela não conseguia falar e virou-lhe as costas.

- Já perdemos tempo demais. Vamos embora.

Ele afastou-se e foi selar seu cavalo, enquanto todos os outros se apressavam a arrumar suas montarias e trazer suas bagagens para seus respectivos lugares. Mira olhou o resto das pessoas e viu uma das moças se aproximando com a professora Hostilia.

“Ai meu Deus, lá vem.”, ela pensou com um arrepio cruzando-lhe a espinha. A professora mirou-a de cima abaixo e a menina preparou-se para receber uma reprimenda.

- Se eu não estivesse tão debilitada por causa de minha poção, a senhorita haveria de ouvir umas lições. – disse a mulher enquanto apoiava-se levemente na aluna que a ajudava – Milady Stevenson, leve-me até a carruagem. E tu, - e apontou para Mira - limpe-se com puder.

A corvinal assentiu e cambaleando um pouco, foi cumprir a ordem da mestra, enquanto a lufana corria para dentro e pegava suas coisas, sacando um lenço de dentro das vestes e já se espanando pelo caminho.

Matthew estava prestes a subir no cavalo quando foi interrompido por uma moça, extremamente tímida de falar com um dos professores mais respeitados da escola, que disse com voz baixinha:

- Professor...

- Que é? – ele respondeu rispidamente, para depois acrescentar um rigoroso – milady.

- É que...

- Fale!

- Temos um pequeno problema com nossa carruagem. - ela terminou e baixou a cabeça, como sempre fazia quando estava na presença dele. - A professora Hostilia está dormindo e não há espaço para todas nós. Para virmos, uma de nós ficou sentada no chão o tempo todo.

Matthew parou para refletir. Sua vontade era dizer que elas que se apertassem, mas sabia que seria muito rude e desrespeitoso com elas. Mas que porcaria de problema também! Sua testa franziu ao ver Mira se aproximando, esbaforida.

- Eu poderia ir montada em Scadufax e já prepara-lo para a prova... professor. – ela disse, acrescentado a última palavra com desgosto. - Era minha idéia inicial quando fui cuidar dele e...

- Não quero ouvir tuas desculpas, Milady. – ele disse – E tampouco posso deixá-la montar sozinha num cavalo enquanto estivermos numa estrada. Tenho outras coisas com as quais me preocupar.

Ele falou aquilo e pôs-se a pensar. Deixa-la montar estava fora de cogitação, iria ser uma fonte a mais de nervosismo. Tinha que arrumar um modo de resolver aquele problema que havia surgido numa hora inoportuna. Talvez se...

- Bom. – ele começou. – Façamos o seguinte então. Não posso deixar milady montar sozinha, mas certamente não te incomodarás se for na minha montaria. Não vou deixá-la tampouco com um dos rapazes, como modo de não gerar qualquer dúvida sobre sua honra, mas creio que não teremos problema se montares comigo.

A idéia o agradava cada vez mais a partir do momento em que pensara nela. Mira estava um tanto quanto chocada com o que fora proposto. Detestara ter sido exposta naquela bronca que ele lhe dera e nem pudera se explicar e agora, detestaria ainda mais ter que conviver com ele - bem próxima - durante o dia inteiro.

- Está decidido. – ele falou, abrindo um meio sorriso. – Milady, volte para sua carruagem e Lady Barlow, venha comigo.

A ruiva andou ao lado do professor o tempo todo com a cabeça baixa e os punhos cerrados, sinal que estava fazendo algo a contragosto.

Matthew subiu no cavalo e sem que dissessem uma palavra estendeu sua mão, a colocando montada junto dele. Com um levantar de mãos todos saíram para aquele último dia de viagem.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Capítulo 15


A viagem durante o dia foi calma, tantos para os alunos quanto para os professores. Hostila dormira a dia todo, sob efeito de sua poção e em nenhum momento incomodara as garotas com seus comentários. Em compensação as três meninas se ajeitaram para sentar em um lugar onde normalmente ficariam duas. Isso não seria um grande incomodo se a viagem não fosse corrida, com pausa somente para duas refeições.

A chegada na hospedaria onde ficariam pelo pernoite foi bem recebida principalmente pelas garotas que queria esticar as pernas e sair do aperto que era a condução delas.

Em todo o jantar a professora Hostila estava bem acordada e criticou os modos e a arrumação de Mira à mesa. Durante a viagem a ruiva ficara sentada no chão da carruagem para deixar as outras mais confortáveis, além dela mesma, mas isso a levou a ficar com dor na coluna e um rosto extremamente cansado. Para a professora, ela não poderia se apresentar para o jantar com aquele rosto e deveria ao menos tentar disfarçar arrumando o cabelo corretamente, mesmo não tendo ninguém à mesa além das garotas.

Os rapazes tinham um horário mais flexível e não tinham a obrigatoriedade de ficar na hospedaria, nem para o jantar. Eles tinham toda uma vila para conhecer e se divertir, somente deveriam estar inteiros para a continuação da viagem no dia seguinte. O mesmo valia para o professor que era responsável por eles, que saíra para comer com seus alunos, mas decidira voltar mais cedo.

Ao entrar na hospedagem Matthew viu que ainda havia alguém na parte separada para descanso, perto da lareira. Viu que era uma mulher e pelo horário sabia que somente Mira teria a coragem para estar ali, sozinha. Coragem ou insensatez, ele diria...

Ela estava sentada em uma cadeira, olhando fixamente para o fogo. Segurava suas longas madeixas na frente, enquanto suas mão mexiam, arrumando e desarrumando uma trança. Seus olhos, apesar de fixos, estavam longe, junto com sua mente.

Matthew se perguntou se ela o aguardava ou se algo a perturbava. Ele se lembrou que bebera antes de voltar, não esperava encontrar ninguém, muito menos ela. Ele não devia explicações de seus atos e nem estava fora de sua consciência, mas algo no fato de estar com cheiro de bebida e sentar ao lado daquela linda mulher o incomodava.

Mira virou o rosto, sentindo que tinha alguém parado atrás. Ouvira passos de alguém entrar e prestou atenção que o mesmo não continuara. Ao ver Matthew parado ali ela se perguntou por que ele não se aproximava. Ao pensar isso a ruiva percebeu que não estava ali somente porque ficara incomodada com o que ouvira de sua professora durante o jantar, mas o estava esperando. Queria conversar com alguém, queria conversar com ele.

Ao se ver alvo dos olhos negros de Mira, ele decidiu que iria ate a sala, mas um pouco afastado dela. Ele sentou em um banco e olhou para ela. Naquele momento que o mestre de esgrima viu aquele rosto angelical iluminado pelas chamas da lareira ele despertou e junto todo o seu corpo.

- Professora Griffyndor falou que eu sou bruta... – Mira falou olhando as chamas. As palavras usadas por sua professora a atingiu mais do que queria admitir. – Que sou um homem escondido dentro de um vestido e por isso iria competir em montaria. Que nunca terei um marido, pois nenhum homem aceitaria uma meia mulher masculinizada...

Internamente ele sorriu ao ver que ela estava esperando por ele, mas sentiu uma pontada de tristeza ao ver o olhar dela, perdido. Não se lembrava quando foi a vez que a vira assim, principalmente por palavras vindas de uma professora.

- Sabes minha opinião sobre mulheres tentarem ser iguais a homens, do mesmo modo que sei a tua. Mas posso afirmar que mesmo a vendo manejar muito bem uma espada, nunca, em nenhum momento, a vi como um homem... – “e nunca a veria”, ele completou mentalmente.

Ela virou a cabeça e observou bem o rosto de Matthew. Pode sentir pelo cheiro dele, provavelmente estava em uma taverna e se perguntou se lá ele estava acompanhado ou não. Esse segundo pensamento a incomodou de um modo que não imaginava possível e a ruiva se viu perguntando o por quê.

- Obrigada Matthew, era o que eu precisava ouvir. – Ela falou desfazendo mais uma vez a trança que estava em seu ombro.

Ele virou o rosto ao ouvir Mira o chamar pelo seus primeiro nome querendo observá-la melhor. Ao vê-la jogar seus cabelos, agora soltos, para as costas, Matthew buscou uma sobriedade para se controlar. Estava cada vez mais difícil segurar a necessidade que seu corpo sentia em saber o sabor daquela pele.

- É melhor subir e descansar, amanhã teremos um dia longo antes de chegarmos, à noite, na cidade onde será o torneio.

O cavalheiro dentro dele precisava que ela saísse de perto dele o mais rápido possível. Ele podia ver que se ele avançasse naquele momento até poderia ter o que queria, mas não como queria.

A jovem assentiu e se levantou, deixando atrás um homem que a cada dia que passava a via como sua mulher. Ele sorriu enquanto a via subir as escadas e segurou firmemente os impulsos de ir atrás dela e arrasta-la tal qual animal toma sua fêmea.

Sentia-se um animal muitas vezes, mas sabia que Deus fizera os homens daquele jeito com um propósito e não se envergonhava de suas necessidades. Era curiosa sua relação com o olfato inclusive. Muitos dos animais reconheciam uns aos outros pelo cheiro, inclusive sabendo se uma fêmea no cio estava por perto.

Quando Mira estava no recinto, ele sentia seu cheiro invadindo-o e hipnotizando-o, algo de jasmim e sândalo com o perfume único de mulher que ela exalava. Era o único cheiro que ele conseguia lembrar de cabeça, algo que o excitava só de pensar de senti-lo no pescoço da dona.

Nunca tivera isso com nenhuma mulher por quem eventualmente tivesse se apaixonado, ou só simplesmente sentido desejo. Era algo único, novo, uma fome que não podia ser saciada, uma coceira que não podia ser coçada.

A desgraça do sorriso dela, o cabelo vermelho que ocupava sua mente. Sentado no salão da taverna, ele olhava para o fogo tentando se acalmar e enxergando ali o jeito de sua amada.

Acabou adormecendo.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Capítulo 14

As cores novas da manhã começavam a pintar o céu dando bom dia aos que já.se encontravam despertos. Um grupo de pessoas estava parado à frente de Hogwarts. Junto também estava uma carruagem com o brasão da escola e vários cavalos prontos para saírem.

Há anos as escolas de magia do continente europeu se encontravam em um torneio intercolegial para uma confraternização e também distribuição de prêmios e prestígio aos vencedores.

A diferença era que naquele ano acontecera uma mudança, malquista por alguns, bem vinda por outros. Nesse ano as alunas poderiam participar e não seria somente em disputas consideradas ‘de mulher’. Teriam torneios mistos, onde alunos e alunas competiriam em pé de igualdade.

Alguns professores culparam Hogwarts, que no início daquele ano fizera algo parecido, dando mau exemplo para outras escolas. Outros aplaudiram, falando que a Escola de Magia da Inglaterra era pioneira, que tinha visão futurísticas.

Os alunos que se encontravam naquela manhã no lado de fora do castelo, com suas bolsas de viagem prontas, não se preocupavam com isso. Os garotos não viam ameaça das garotas que iriam competir, menos ainda das de Hogwarts. Só três garotas quiseram ir e competir e dessas somente uma iria competir diretamente com os rapazes.

A professora Hostila Griffyndor, responsável pelas alunas, parou no lado de fora do castelo olhando para a carruagem a sua frente. A ela não agradava em nada aquela viagem, mas a agradava menos ainda deixar aquelas meninas a mercê de idéias progressistas. Ela tinha a missão de preservar os ideais de Hogwarts na mente das alunas.

Ela olhou em volta e viu que somente uma das alunas estava presente. Sabia que as outras tinham ainda cinco minutos para chegar e em resposta a segunda aluna parou ao seu lado cumprimento-a.

- Falta Lady Barlow. Se ela se atrasar, não irá conosco. – Falou alto a professora.

O nome da lufana chamou a atenção do professor responsável pelos rapazes, Matthew de Aldearan, Mestre de Esgrima. Ele olhou para a porta do castelo se perguntando onde estaria a ruiva.

Desde que soube que garotas iriam participar do torneio e iriam na mesma viagem, ele fez questão de estar perto para cuidar daquela que um dia seria sua. Ele tinha a obrigação de salvaguardar a honra da sua futura mulher.

O rosto de Mira apareceu esbaforido ao lado da professora. Falando entrecortadamente ela cumprimentou a todos. Era visível que a lufana correra para chegar a tempo.

- Desculpem... o... atraso... – Ela falou colocando sua bolsa no chão.

- Tuas desculpas não são suficientes, principalmente ao ver seu estado. Te recomponhas! E vocês duas me sigam. - Griffyndor falou rispidamente e andou até sua carruagem.

Mira olhou atravessado para a professora e mais ainda para os rapazes que olhavam para ela e riam. Ela sabia que a maioria deles a criticava por ir e competir diretamente com eles. Não iriam admitir que se sentiam ameaçados com a possibilidade de perder para uma mulher.

Enquanto tentava arrumar seu cabelo com uma das mãos, ela abaixou a outras para pegar sua bolsa de roupas e levar até a carruagem, não esperava que alguém a ajudasse. Para sua surpresa a bolsa não estava mais no chão e sim na mão do seu professor de História Antiga.

- Acredito que irás precisar das duas mãos para arrumar estes fios que estão caídos em teu rosto. - Matthew falou seriamente.

Na frente de todos que ali estavam ele não iria expor Mira e mostrar o começo de intimidade que tinham. Desde que se percebera amando a ruiva, o modo de tratá-la mudou. O desejo que sentia cresceu a cada dia, mas ao mesmo tempo ele controlava mais seus instintos, principalmente na frente de outros.

No ultimo mês ele passou a respeitar também a esgrimista que ela se tornara. Matthew estava impressionado com a velocidade com que Mira aprendia o que ele ensinava. A vontade dela em sempre querer saber mais fazia com que eles ficassem horas juntos e ela não reclamava em nenhum momento, nem por sono nem por cansaço.

- Obrigada. - Ela sorriu para ele agradecendo.

A contragosto a ruiva entrou na carruagem e se acomodou ao lado de uma aluna que pelas vestes era da corvinal. Até aquele momento nenhuma das três garotas tinham sido apresentadas uma a outra.

A professora Hostila falou para que elas se comportassem e que obedecessem ao que o professor falasse. Para que não se preocupassem com a segurança, pois os alunos do mestre de esgrima eram os melhores e elas estariam seguras. Ao ouvir isso Mira sorriu ao imaginar o rosto de Griffyndor se ela a visse empunhando uma espada ao lado dos rapazes.

- Prestem atenção agora. Eu não consigo viajar muito tempo que fico enjoada e como não é nada belo uma dama com o estômago fraco, irei tomar uma poção que me fará dormir e relaxar a viagem inteira. – Ela falou com o pequeno frasco na mão. – Só me acordem se for algo de extrema urgência. O Professor Aldearan já está ciente e irá ficar perto de nossa condução, nos guardando.

As três garotas somente assentiram com a cabeça. Nenhuma delas em sã consciência iria contradizer qualquer coisa falada por Hostila. As três não teriam como saber, mas ao mesmo tempo agradeceram pela poção que as daria um pouco de descanso também.

Vinte minutos depois a corvinal ao lado de Mira falou com as outras.

- Será que ela dormiu mesmo?

- Espero que sim. – Mira falou sem pensar se alguma das outras gostava ou não da professora.

As três garotas sorriram e começaram a conversar, contando o que esperavam daquela viagem e se ganhariam ou não.

Após algumas horas a carruagem parou para a surpresa das garotas.

- Irão sair e esticar as pernas para comer? – Matthew falou ao abrir a porta.

Com um olhar do professor, um dos alunos rapidamente se colocou ao lado da carruagem, ajudando as jovens a sair.

Mira foi a última a descer e olhando pra trás perguntou:

- Devemos acordar a professora?

- Não creio que seja uma boa idéia. Pedirei a um dos garotos que monte guarda na carruagem para que nada lhe perturbe o sono. – Matthew respondeu espiando para dentro do coche e em seguida oferecendo a mão para ajudar a sua garota a descer.