segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Capítulo 24

O baile de comemoração do torneio inter-escolar havia começado já há algum tempo e Matthew de Aldearan, professor de História Antiga e de Esgrima da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, estava extremamente impaciente.

A festividade era aberta para todos os participantes das escolas concorrentes, tanto meninos quanto meninas, professores e alunos. Portanto, era conveniente que, na frente do resto da sociedade, o professor deveria beber um pouco menos do que gostaria.

E ele realmente gostaria de entornar todas as garrafas de firewhisky presentes no local. Uma atrás da outra e sem parar para respirar. Ainda não tinha se recuperado do golpe de ver sua pretendida nos braços do outro.

Estava isolado dos professores e dos alunos, ao lado da mesa de banquete com as bebidas. Mesmo que tentasse se convencer do contrário, procurava entre as várias moças bonitas em seus vestidos mais belos, o cabelo ruivo vultoso de Mira Barlow.

E, depois de alguns minutos de incansável busca, a avistou entrando junto com as outras damas de Hogwarts. Estava deslumbrante e a comitiva de rapazes que vinha atrás dela deixava isso muito claro. O professor, mais atento do que de costume aos comentários entre os jovens, identificava com clareza quais referiam-se à Mira e sentia seu sangue ferver de ódio.

Havia música tocada por uma série de instrumentistas renomados. Gaile, o Bardo, estava entre eles, e era particularmente conhecido por entoar canções sobre os amores perdidos.

Não bastou muito para que uma das mais famosas de seu repertório fosse cantada. Menos tempo ainda levou para que os casais começassem a se formar e Matthew sentisse uma urgência de mover-se do espaço onde estava, roubar a mão daquela menina especial que era sua aluna, e dançar com ela até que chegasse o momento de beija-la. Depois, sumiriam os dois para sempre na noite, para ficar juntos até que o amanhecer os alcançasse numa confortável cama de casal.

O pensamento levou Matthew a esse final e ele o agradou imensamente. O álcool corria por seu sangue e ele estava quase esquecendo que era um professor, o que talvez causasse comentários pouco gentis sobre o que ele estava fazendo ao dançar com uma aluna sua.

Para sua sorte e, ao mesmo tempo, tremenda raiva, ele foi cortado por um jovem de olhos ligeiramente fora do lugar.

- Me daria a honra desta dança, Lady Barlow? – ele disse, a galanteando.

Mira, sem saber muito bem o que responder e com o olhar fixo em seu professor de História Antiga, foi levada graciosamente para o meio do salão.

O primeiro pensamento que a ruiva teve ao ver os dois homens se aproximando dela, um, com um olhar febril no rosto e o outro, com um sorriso franco, aberto, amigável, a única coisa que lhe passava pela cabeça era algo como “De novo, não...”.

Porque enquanto o primeiro homem, que, aliás, também era seu professor e, aliás, também lhe dava aulas escondidas e proibidas de esgrima, era a pessoa com quem ela mais desejaria valsar e aninhar-se nos braços; o outro, esse um rapaz de mesma idade que ela e lindos olhos vesgos, era um de seus melhores amigos.

Não era a primeira vez que a situação acontecia. Nas últimas duas vezes que encontrara Matthew de Aldearan (e que ele soubesse disso), Jake Vesgo estava presente e numa situação sempre perto de constrangedora. Numa das ocasiões, ele a levantava nos braços em comemoração a um torneio e na outra, vinha gritando a plenos pulmões que precisava falar com ela urgentemente e parabenizá-la.

E, em ambos os casos, ela pudera notar um brilho nos olhos verdes de seu professor que ela reconhecia como sendo uma mescla de fúria e ciúmria e cios os casos, ela pudera notar um brilho nos olhos verdes de seu professor que ela reconhecia como sendo uma mescla de fes - ou era isso que ela se levava a crer. Os dois mal tinham se falado após os dois incidentes e aquela era uma oportunidade que ela (e provavelmente ele, pelo modo decidido como andara até a ruiva) esperavam ter para esclarecer as coisas.

Obviamente, o jovem Jake de Malvoisin havia de interferir na situação.

- Eu estou tão feliz, Mira! - ele tagarelava enquanto dançavam. - Não vai acreditar que Lyra está cada vez mais cedendo aos meus intentos. Ela é, sem dúvida, a mais adorável moça de todo este mundo! Não posso descrever o que nela me fascina mais. Seus olhos, seu sorriso, o modo como mexe em seu cabelo... ela é, sem contestação, perfeita em todos os sentidos possíveis e imagináveis! Sem ofensas, querida Mira, você sabe que a admiro muito também. O que me lembra que fiquei impressionado com sua performance no torneio de montaria hoje. Sim, sim, sem precedentes na história de Hogwarts ou dessa Competição: uma moça, tão bela, por sinal, ganhar uma contenda tão importante? Impressionante, estupefante, devo ressaltar.

Mira estava próxima de um estado catatônico ouvindo seu amigo falar sobre os mais diferentes assuntos no espaço de uma dança. A menina sabia que não deveria interrompê-lo ou os passos que faziam, pois poderia ser considerado de extrema grosseria e ela não gostaria de magoá-lo. Entretanto, não conseguia tirar os olhos de Matthew, que a tudo observava, novamente em seu ponto ao lado da mesa de bebidas. Ele parecia prestes a explodir um copo.

Na pausa da musica, antes que o rapaz pudesse pedir a próxima dança, Mira se desculpou que estava com sede. Com uma leve reverencia ela se afastou do jovem amigo e olhou para seu professor, esperando que ele viesse até ela.

Sem saber o que fazer com tantas pessoas em volta, a ruiva pedia silenciosamente que algo acontecesse para que pudesse conversar com ele. Por mais que quisesse andar até ele chamá-lo para dançar, Mira sabia que iriam comentar sobre ele ser professor dela.

Antes que pudesse decidir, ela sentiu uma mão em seu braço virando seu corpo em direção ao dele.

- Vá até uma amiga e fale que não está passando bem. Eu irei oferecer-me pra acompanhá-la até a estalagem. Assim que estivermos fora da vista dessa gente toda, conversaremos. – Matthew sussurrou e saiu.

Surpresa com o que acabara de acontecer, Mira não pode conter um leve sorriso no rosto. Ele a vira se afastar de Vesgo, ele também queria conversar. Mais do que pudesse perceber, ela sentira falta de falar com Matthew nos últimos dias e esperava que ele pensasse o mesmo.

Fazendo exatamente o que ele falou, Mira sentou ao lado de Lyra e fez um rosto de leve dor.

- Irei retornar a estalagem e descansar. Acho que comi algo que não estava bom... – Mira colocou a mão no estomago rezando para que não perguntasse mais. Não era uma boa mentirosa.

- Não deves ir sozinha, ainda mais se não estas bem. Eu... – A outra respondeu, mas foi interrompida antes que completasse a frase.

- Não te preocupe, eu já estava me retirando. Irei levá-la. – Matthew estava parado ao lado das duas garotas. – Deves aproveitar o baile que esta ainda começando.

A jovem assentiu sem saber ao certo o que fazer, pois era claro que o seu professor estivera bebendo nas ultimas horas. E se sua amiga estava se sentindo mal, ele não teria condições de ajudá-la.

Ao ver que Lyra estava pensativa sobre que decisão tomar, Mira levantou e acalmou a amiga. Falou que estava bem o suficiente para andar aquele pequeno pedaço de chão até a hospedagem.

Discretamente os dois saíram do salão em direção a rua. Se iriam para a hospedaria, Mira não poderia afirmar, mas confiava em Matthew o suficiente para se deixar levar por ele aonde quisesse.

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