segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Capítulo 23

Mira dormira cedo no dia anterior, não queria encontrar com ninguém. Não queria explicar seus olhos vermelhos e menos ainda porque chorou. Não queria encontrar com seu amigo que, sem querer, causou aquela confusão. Principalmente, não queria encontrar com seu professor, o homem a quem no dia anterior estava bebendo, servido por uma mulher da vida.

A poção que tomou era forte e a lufana dormiu rapidamente e sem sonhos. Tinha que estar descansada para a competição de montaria que teria. Eram competições mistas e já sabia o que muitos falavam dela. Ela tinha um ego forte e queria mostrar para os outros alunos que ela poderia competir como igual. Porem, para o azar de Mira, sua mente não estava focada na competição e sim nos olhos verdes de Matthew.

A ruiva percebeu que ele não desceu para tomar café e deduziu que ele chegou tarde na noite anterior.

- Mira? Vamos! Tu és uma das primeiras a competir hoje. – Lyra colocou a mão no ombro da amiga.

- Sim... Scadufax? – Ela olhou para a outra.

- Já foi levado para ser preparado para a competição. O que houve, pareces ter esquecido tudo?

A jovem piscou tentando acordar precisava manter sua mente focada e naquele momento era para pensar na competição e não no homem que dormia. Antes de sair da hospedagem Mira olhou em volta esperando que o visse.

“Não irá, ele não irá...”, pensou ao se dirigir até a pista separada para a competição.

A manhã daquele dia era para competições mistas e a tarde para as finais masculinas. Ao final do dia teriam um baile, encerrando oficialmente as competições. A primeira competição era para a qual a ruiva terminava de arrumar seu cavalo, pedindo para colocarem uma sela normal. Se iria competir, seria igualmente.

Ela olhou novamente para a área separada para os espectadores procurando Matthew. Por mais que tentasse, sua mente não conseguia se desligar dele. Mira sentiu seus olhos umedeceram e não acreditou no que acontecia. Era um dos momentos mais importantes para provar que poderia ser tão boa, ou até melhor, do que rapazes e tudo o que sentia é que precisava da aprovação de um único homem.

Ao ouvir seu nome ser chamado, Mira despertou e montou em seu cavalo. Era hora de competir e se dirigiu até a linha de largada. Olhou em volta e viu que havia somente mais uma garota e as duas ouviam piadas e eram olhadas pelos outros competidores.

Ela suspirou e percebeu que aquilo não importava mais.

A bandeira de largada foi balançada e, para surpresa dos alunos de Hogwarts, Mira não estava entre as primeiras. Alguns, dessa vez para a surpresa da ruiva, torceram para ela, tentando animá-la.

Mira olhou para o local onde estava o pessoal de Hogwarts e sentiu um calor no seu peito ao ver Matthew de Aldearan lá. Ele a olhava seriamente e ela conhecia aquele olhar. Ele a reprovava e sabia o motivo, não estava se esforçando para vencer.

Ganhando nova força a lufana mudou sua postura e começou a alcançar os primeiros competidores da corrida. Agora Mira tinha um motivo importante, ele iria sentir orgulho dela.

A virada na competição espantou a muitos. A jovem que no começo parecia sem chances de ganhar agora disputava o primeiro lugar. Matthew não conseguiu segurar um pequeno sorriso de orgulho ao vê-la competir com tanto afinco. No inicio ele se preocupou ao vê-la, pois estava abatida, mas depois que seus olhos se cruzaram ela ganhou nova vida. Ele não conteve o pensamento que isso somente aconteceu quando ela o viu.

Os gritos dos alunos de Hogwarts mostraram que ganhavam mais uma medalha de outro, sua competidora ficou em primeiro lugar. A professora Hostila olhou intrigada para as pessoas que comemoravam. Continuava a achar inapropriado aquele tipo de competição, mas não pode deixar de perceber que algo estava mudando na nova geração.

Antes mesmo de parar o cavalo Mira procurou o rosto de Matthew e sorriu ao ver que ele não saiu. Ele estava orgulhoso dela, tinha certeza. Ficou feliz ao perceber que já conhecia algumas das reações dele.

Ela pensou em aproveitar aquele momento e conversar com ele, explicar o que aconteceu no dia anterior, mas ao ver a quantidade de pessoas em volta Mira se conteve. E se confrontassem ele sobre ela, não podia dizer sobre suas aulas de esgrima.

Sem querer deixar acontecer algum outro engano como na comemoração da vitória anterior, Mira seguiu com o cavalo até a baia de onde seria levado de volta ao seu estábulo. A multidão se acotovelou para lhe dar os parabéns. Todos os alunos de Hogwarts ali presentes, principalmente a comitiva masculina, estavam surpresos com o fato dela ter ganho e, mais surpresos ainda, com o fato de se orgulharem disso.

Mira sorriu a todos que vinham abraçá-la, beijar sua mão e lhe congratular. Depois, pediu licença, alegando que estava extremamente cansada e que por isso a competição fora tão acirrada.

Ao se liberar das pessoas ao seu redor e receber os recatos parabéns da professora Hostilia, ela procurou Matthew. Ele ainda não viera procurá-la ou cumprimenta-la. Não estava em algum lugar visível e só depois de alguma caminhada é que a ruiva o encontrou, parado ao lado do estábulo, conversando com, justamente, Scadufax que, para sua surpresa, fitava-lhe quieto.
- Matthew? – ela o chamou em voz alta e aproximou-se dele com a cabeça um pouco baixa.

- Parabéns pela prova de hoje, Lady Barlow. – ela sentiu os olhos dele faiscando com uma mistura de orgulho e restrição. – Eu creio que seja melhor me retirar.

Ele fez menção de sair andando em direção à estalagem, mas Mira o segurou pelo braço, retirando-o rapidamente depois de fazer isso. Um rubor lhe passou pelo rosto e ele a encarou firmemente.

- Existe alguma coisa que queiras me dizer, Lady Barlow? – ele disse.

- Pare com “Lady Barlow”.- ela disse baixinho.

Matthew sentiu seu coração suavizar e o sangue esquentar nas veias. A reclamação, mesmo que baixa, dela demonstrava que ela gostaria que houvesse alguma intimidade entre os dois. A intimidade que eles costumavam ter em sala de aula, ou sentados em lugares sozinhos.

- Mira. – ele disse, saboreando o nome. – O que você quer?

Ela gostaria de dizer tudo o que sofrera na noite anterior ao vê-lo sentado na taverna com uma mulher da vida o atendendo. Ela queria dizer que Vesgo era um idiota e que ele entendera tudo errado ao vê-la levantada nos seus braços.

- Eu... não... ontem... foi tudo um mal entendido. – ela disse.

- MIRA!

Alguém mais a chamava de Mira. Matthew reconheceu a voz do seu aluno de olhos tortos no momento em que o ouviu gritar o nome dela. O sangue novamente ferveu e ele a encarou seriamente antes de dizer baixinho:

- Alguém precisa explicar isso a ele, então.

E assim que Mira virou-se para encarar o aluno que vinha dos fundos correndo para abraça-la e comemorar sua vitória na competição mista (“Meu Deus, que orgulho. Quem poderia imaginar!”, pensava Jake enquanto procurava a ruiva para levanta-la novamente), Matthew de Aldearan sumiu para dentro da estalagem onde, mais uma vez, buscou o consolo da garrafa de uísque.

A ruiva ficou parada e o rapaz veio repetir a cena do dia anterior. Ela não reagiu como antes e só depois de várias vezes perguntada por ele, respondeu que estava cansada e que só viera ver como seu cavalo estava. Jake a entendeu perfeitamente e, cavalheiro que era, levou-a até a porta de seu quarto onde, depois de lembra-la para vir torcer por ele na competição de Arco e Flecha, a deixou, desolada com seu desespero em esclarecer os vários mal-entendidos.


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PessoALL,

Passei aqui para agradecer os comentários!! Isso me deixou tão feliz que já escrevi mais três capítulos novos.

Beijões

Jujub

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