segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Capítulo 21

Metade da manhã passara e o homem encostado ao portal, que indicava onde estava acontecendo às competições do torneio, estava impaciente. Ele dormira mal e estava com uma leve ressaca, além do sabor da sua última garrafa ainda na boca. Apesar dos males físicos que o afligiam, não era isso que dominava a mente de Matthew de Aldearan.

O mestre de esgrima estava na dúvida se entrava e assista as competições femininas ou não. Apesar do que falara aos seus alunos na noite anterior, o único motivo que o faria perder seu precioso tempo era estar perto da sua ruiva.

“Se é que eu posso continuar a chamá-la de minha...”, ele pensou. “Recomponha-se homem. Não ouse achar que aquele moleque seria algo próximo de um concorrente ao coração de sua futura mulher.”

Ao ouvir a convocação das competidoras de bordado um impulso, ele diria que fora praticamente um empurrão, fez com que o professor andasse até o local onde fora anunciado. Não tivera dificuldade em achar o local e também a ruiva que era o seu alvo.

Matthew andou decidido que Mira o visse e soubesse que ele estava lá para apoiá-la. Iria alimentar o ego dela se soubesse que entrara para assistir competições femininas naquela manhã somente por ela. Ele viu que os olhos dela corriam pela arquibancada e sorriu matreiramente ao pensar que ela o procurava.

Antes que ele pudesse pensar em comemorar algo ele ouviu uma voz masculina, que não era a própria, ousar chamar sua Mira e desejar-lhe boa sorte. E, para a surpresa maior de Matthew, ela sorrira de volta a ele, ousando agradecer aquele exagero.

Alguns poderiam dizer que naquela hora um demônio quase dominara o corpo dele, pois sentiu seu sangue esquentar e subir a sua cabeça. Se Matthew não fosse tão controlado teria ido no mesmo tomar satisfações daquele menino que estava tentando tomar algo que ele já estava considerando seu, o coração de sua ruiva.

“Não! Não sou um moleque que faz cena de ciúmes! Não irei me rebaixar a tanto!”, ele pensou “Muito menos irei desistir sem lutar!”

Controlando a vontade de quebrar a cara de Vesgo, Matthew sentou um pouco mais afastado e observou a competição, afinal, tinha falado para seus alunos estarem lá, tinha que ser o exemplo. Ou era isso que ele repetia para si mesmo enquanto admirava a concentração de Mira. Sua ruiva estava linda, parecendo uma verdadeira dama sentada daquele modo, comportada.

Passada a primeira meia hora, o homem se viu impaciente. Se perguntava por que aquilo demorava tanto, como uma mulher suportava ficar tanto tempo parada olhando para um pano.

“Entendo porque ela deseja tanto aprender esgrima, isso me parece insuportável. Apesar de que é realmente necessário”

Muitas pessoas saíram para experimentar as receitas da competição de culinária que já estavam prontas e com o forte cheiro no ambiente. Matthew observou que até mesmo as competidoras levantaram o olhar para o local onde ocorria a outra contenda. A arquibancada esvaziou-se quase completamente. O professor passou os olhos pelos bancos, esperando que talvez o outro, menos paciente, mais moleque, menos digno da beleza de sua ruiva, tivesse se cansado e ido embora.

Não havia.

Encarou o rapaz com um pouco de ferocidade e depois voltou seu olhar para Mira, que ainda estava absorta em seu bordado. Ao que parecia, começava a tomar forma. Matthew estava impaciente e queria, mais do que tudo, expulsar o seu rival, enquanto arrancava a menina dali e a levava para qualquer outro lugar, onde não tivesse que responder por seus atos.

- Competição lenta, não é mesmo, professor? – perguntou uma voz atrás de si.

O homem tomou um susto ao olhar para trás e perguntou-se por um instante como o Vesgo movera-se tão rápido. Trincou os dentes. Não queria falar com ele, mas ao mesmo tempo, sabia que não deveria ser rude com um de seus alunos mais aplicados. Precisava se lembrar disso.

- Hmph. – ele respondeu, sem conseguir se decidir sobre o que fazer. Fechou a mão para não virar um soco na cara dele.

- É, eu sei. Estou torcendo para que termine logo. Não imaginei que fosse ser tão demorado. – ele tornou a falar, sem perceber que incomodava.

Os minutos se passaram e Matthew manteve-se calado. O rapaz se levantou e foi até a barraca onde o concurso de culinária ocorria. O professor suspirou de alivio. Quase perdera o controle no breve intercurso que tiveram.

O tempo continuou transcorrendo e após o que pareceram alguns séculos, um sino alto soou para todos. As meninas pararam imediatamente seus trabalhos, algumas dando um último ponto, mas sem desrespeitar as normas.

Levantaram e ficaram respeitosamente de cabeça baixa, enquanto os juízes avaliavam seus trabalhos com olhares inquisidores. Matthew se sentiu estranhamente ansioso pelo resultado, de uma forma que não imaginava que ficaria.

Uma moça baixinha e gorducha deu seu veredicto e um homem alto e de cabelos negros, que o professor reconheceu como Anton Milosevicht, da escola de magia russa, anunciou em voz alta a colocação:

- Em terceiro lugar, Nina Haiggen, da escola de magia e bruxaria de Магия.

A multidão que debandara das arquibancadas, começara a voltar. Todos se aproximavam para ouvir os resultados. Era o que importava de verdade naquela competição.

- Em segundo lugar, Lady Agatha de Pluie, da escola de Magia e Bruxaria de Beauxbatons.

Outra salva de palmas foi ouvida, e uma menina de cabelos louro claro agradeceu de forma cândida e se retirou do palco. As outras três competidoras tremiam de expectativa para o primeiro lugar. Era tudo ou nada.

- E o primeiro lugar, com louvor, é agraciado para Lady Mira Barlow, da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.

Uma série de palmas e urros e cânticos vitoriosos seguiu-se a esse anúncio. A menina ruiva levantou e, de tão pálida que estava, parecia que iria desmaiar. Mas era só orgulho por ter conseguido cumprir uma função que nem sabia se desempenharia direito. Sentia que aquela vitória desceria difícil na garganta de professora Gryffindor, que sempre a desencorajara como mulher. Esperava que o tratamento entre as duas fosse um pouco melhor depois do que acontecera.

Matthew levantou-se com um sorriso enorme estampado na face. Estava radiante que sua ruiva fosse encantadora e levasse o primeiro prêmio até nas coisas mais enfadonhas. Era uma vencedora por natureza. Digna dele. Precisava vê-la e deixar claro o quanto estava orgulhoso. Em seu coração, queria levanta-la nos braços e gira-la no ar. Depois, daria um beijo nela e ela retribuiria. Não haveria comemoração melhor do que aquela. Sabia que aquilo aconteceria apenas em sua mente, mas em realidade, era uma excelente desculpa para abraçar legalmente sua protegida e parabenizá-la.

A comissão inteira da escola de Hogwarts estava em volta, ou tentando chegar, na nova vencedora da escola. Matthew tentava usar sua autoridade como professor para abrir caminho, mas a passagem entre a arquibancada e o pátio era estreita. O professor ficava impaciente.

- Mira! Eu sabia que você conseguiria! – uma voz familiar se sobressaiu na multidão.

Jake Vesgo levantou a menina para o alto e a ergueu acima da altura do rosto. Estava tão feliz de sua amiga poder-se mostrar orgulhosa com uma medalha só dela que poderia beija-la no ar.

Matthew sentiu o rosto queimar de ciúmes. Considerava-se um tolo e, pior, um tolo lento. Alguém que estava sempre atrás de um moleque defeituoso que chegara primeiro num coração ruivo. Não queria ficar ali olhando para aquela cena.

Mira o encarou por um instante, e ele viu que o rosto dela ficara rubro como imaginava que o dele estaria.

- Vesgo, me põe no chão. O que a Lyra vai achar disso? – ela disse para o amigo, que imediatamente a deixou segura com os pés na terra.

- Desculpe, Mira. Só fiquei muito feliz por você. – ele disse, com um sorriso.

A menina não estava mais ouvindo. Tentava chegar ao professor, mas era tarde. Ele não estava em lugar algum que ela visse.


*****


PessoALL,

Fiquei tãão feliz com os comentários deixados no quadro!! Obrigada!!

Quem bom que estão gostando da história. Ainda temos muitos capítulos escritos para colocar aqui toda a semana.

Não esqueçam de indicar aos seus amigos e amigas! Cada comentário é um grande sorriso meu (grande meeesmo, como uma idiota sorrindo) e impulso que recebo para continuar a escrever.

Beijões

Jujub

Nenhum comentário: