segunda-feira, 27 de julho de 2009

Capítulo 13


Quando Mira entrou pela porta naquela quinta-feira, Matthew não conseguiu conter um suspiro de alívio. O professor não tinha certeza se ela iria aparecer naquela semana. Ou na próxima. Ou nas outras todas. Um sorriso apareceu nos lábios dele quando ela o cumprimentou normalmente e sentou-se na poltrona onde ela usualmente esperava que ele terminasse o que estava fazendo para a aula começar.

- Hoje... – ele respirou fundo. – nós vamos continuar o nosso treinamento de experiência.

Ela perdeu o fôlego e deixou soltar um gemido frustrado ao ouvi-lo dizer aquilo.

- Paciência, me deixe terminar milady. – ele apressou-se em dizer. – Eu não vou machucá-la hoje. – “Nem nunca mais, se eu puder evitar”, ele adicionou em pensamento.

Ela pareceu visivelmente aliviada e Matthew deu um pequeno sorriso para si mesmo.

- Então o que vamos fazer hoje? – ela perguntou, timidamente, já levando a mão à espada que estava ao seu lado.

- Não vai precisar da espada hoje. – o professor disse e a jovem imediatamente a largou, com um olhar confuso.

- Não? – ela repetiu, um pouco incrédula.

Matthew pegou uma almofada e colocou no chão, sentando-se à frente de onde havia posto. Então, delicadamente apontou para ela, acompanhado de um convite:

- Sente-se, por favor.

Mira abaixou-se, um pouco desconfortável e desconfiada. Depois da aula anterior, a ruiva já não tinha certeza do que o seu professor poderia ou não fazer. Ao colocar-se no lugar, cruzou as pernas e apoiou a cabeça numa das mãos.

- Estou ouvindo-o. – ela disse-lhe, baixinho.

- Muito bem. – o professor retrucou e tirou algo do bolso das vestes. Era simples, cúbico e por um instante Mira pensou que fosse o mesmo dispositivo que causava choques elétricos da aula passada.

Então, Matthew levantou-o á altura dos olhos e ela percebeu que era um dado.

- Hmm. – ela ainda estava desconfortável.

- Não te preocupes, não vamos apostar nada. Não vamos usar esse dado para qualquer outra cosia além de um fim lúdico. Não serás punida por causa disso e eu não vou contar à ninguém. Tens a minha palavra.

Matthew estava se esforçando para que ela ficasse um pouco mais à vontade, e seu esforço foi recompensado com um pequeno suspiro. Ela voltou a focar nele e quando o professor sentiu que tinha sua atenção, recomeçou:

- É apenas um jogo. Eu jogo o dado primeiro e depois tu jogas. Se o meu número for maior do que o teu, eu marco um ponto. Se obtiveres um número maior do que o meu, nada acontece. Entendeu?

- Sim. – ela afirmou com a cabeça e Matthew lançou o dado à sua frente. Cinco. Mira o pegou e atirou um quatro. Ponto.

O professor lançou novamente e o tempo foi passando até que o placar estivesse 23 a 0, quando a ruiva começou a perder sua paciência, sem entender o verdadeiro propósito da atividade.

- Professor... – ela disse timidamente e Matthew deteve-se por um momento antes de jogar o dado. – Não deveria agora ser o meu turno?

O homem balançou a cabeça e tirou um 5.

- Ouviste as regras.

E eles continuaram o jogo por mais alguns minutos, quando a ruiva estava prestes a perder a cabeça e os nervos.

- Me dê aqui! – e ela pegou o dado antes que ele pudesse buscar sua vez para jogar. Quatro.

Matthew permaneceu impassível e lançou um três. Então, para a surpresa dela, ele simplesmente anunciou calmamente:

- Ponto teu.

Mira, então, percebeu qual era o verdadeiro truque envolvido nesse jogo: se você não joga primeiro, não marca um ponto. Começou naquele momento, uma verdadeira batalha para ver quem pegava o dado primeiro e o lançava, para poder marcar.

- Ponto! – ela – Ponto. – ele. – Pontooo!! – ela – Ponto. – ele. – Ponto! Ponto de novo! – ela. – Ponto. – ele.

Então, numa breve rodada onde os dois estavam com os ânimos exaltados pelo resultado quase empatado – 62 x 61 para ele. – as mãos correram ao mesmo tempo para o tapete onde estava o dado e se encontraram.

A ruiva imediatamente recuou a mão, encolhendo-se em seu canto e Matthew, ao sentir um arrepio de prazer subir-lhe a espinha, decidiu que era hora de encerrar a prática por aquele dia.

- O que aprendemos com isso hoje, milady? – ele perguntou-lhe, guardando o dado dentro de uma gaveta em sua escrivaninha, enquanto ela apanhava sua bainha e guardava dentro das vestes.

- Quem ataca primeiro, ganha? – ela arriscou para ele.

- Rapidez mata. – ele retrucou, voltando-se para ela e pegando-lhe gentilmente o braço para acompanha-la até a porta. – Se és quem joga primeiro, estás sempre na melhor posição, porque o outro está apenas defendendo teu ataque. Ele tem duas opções: defender ou levar o dano. Cuidado para nunca acabar numa posição assim, porque não terás chance de ganhar.

Ela assentiu com a cabeça e sorriu para o professor enquanto ele segurava aberta a porta do alçapão.

- Espero que... – ele começou, com uma voz estranha e respirou fundo. – Espero que não tenha sido uma aula tão ruim quanto a anterior.

E a jovem entendeu que esse era seu modo de se desculpar pelo que a havia feito sofrer na última aula.

- As duas aulas foram excelentes. – ela garantiu-lhe. – Algumas lições doem mais para ser aprendidas do que outras.

E o professor entendeu que esse era o modo dela de dizer-lhe que estava perdoado.

- Sim. Fico feliz que tenhas compreendido esse fato. – Matthew assentiu com a cabeça, seriamente. – Até nossa próxima aula, Lady Barlow.

- Até, professor, senhor. – ela o cumprimentou com uma graciosa curvatura de vestido e saiu do recinto, deixando o homem sentado na sua escrivaninha, acompanhado de uma garrafa de firewhisky e boas lembranças.


*****


Descuuulpem!!! Julho foi fogo de conseguir abrir um computador... Sorry!!!

Espero que gostem ^^

Beijinhos

Jujub