segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Capítulo 23

Mira dormira cedo no dia anterior, não queria encontrar com ninguém. Não queria explicar seus olhos vermelhos e menos ainda porque chorou. Não queria encontrar com seu amigo que, sem querer, causou aquela confusão. Principalmente, não queria encontrar com seu professor, o homem a quem no dia anterior estava bebendo, servido por uma mulher da vida.

A poção que tomou era forte e a lufana dormiu rapidamente e sem sonhos. Tinha que estar descansada para a competição de montaria que teria. Eram competições mistas e já sabia o que muitos falavam dela. Ela tinha um ego forte e queria mostrar para os outros alunos que ela poderia competir como igual. Porem, para o azar de Mira, sua mente não estava focada na competição e sim nos olhos verdes de Matthew.

A ruiva percebeu que ele não desceu para tomar café e deduziu que ele chegou tarde na noite anterior.

- Mira? Vamos! Tu és uma das primeiras a competir hoje. – Lyra colocou a mão no ombro da amiga.

- Sim... Scadufax? – Ela olhou para a outra.

- Já foi levado para ser preparado para a competição. O que houve, pareces ter esquecido tudo?

A jovem piscou tentando acordar precisava manter sua mente focada e naquele momento era para pensar na competição e não no homem que dormia. Antes de sair da hospedagem Mira olhou em volta esperando que o visse.

“Não irá, ele não irá...”, pensou ao se dirigir até a pista separada para a competição.

A manhã daquele dia era para competições mistas e a tarde para as finais masculinas. Ao final do dia teriam um baile, encerrando oficialmente as competições. A primeira competição era para a qual a ruiva terminava de arrumar seu cavalo, pedindo para colocarem uma sela normal. Se iria competir, seria igualmente.

Ela olhou novamente para a área separada para os espectadores procurando Matthew. Por mais que tentasse, sua mente não conseguia se desligar dele. Mira sentiu seus olhos umedeceram e não acreditou no que acontecia. Era um dos momentos mais importantes para provar que poderia ser tão boa, ou até melhor, do que rapazes e tudo o que sentia é que precisava da aprovação de um único homem.

Ao ouvir seu nome ser chamado, Mira despertou e montou em seu cavalo. Era hora de competir e se dirigiu até a linha de largada. Olhou em volta e viu que havia somente mais uma garota e as duas ouviam piadas e eram olhadas pelos outros competidores.

Ela suspirou e percebeu que aquilo não importava mais.

A bandeira de largada foi balançada e, para surpresa dos alunos de Hogwarts, Mira não estava entre as primeiras. Alguns, dessa vez para a surpresa da ruiva, torceram para ela, tentando animá-la.

Mira olhou para o local onde estava o pessoal de Hogwarts e sentiu um calor no seu peito ao ver Matthew de Aldearan lá. Ele a olhava seriamente e ela conhecia aquele olhar. Ele a reprovava e sabia o motivo, não estava se esforçando para vencer.

Ganhando nova força a lufana mudou sua postura e começou a alcançar os primeiros competidores da corrida. Agora Mira tinha um motivo importante, ele iria sentir orgulho dela.

A virada na competição espantou a muitos. A jovem que no começo parecia sem chances de ganhar agora disputava o primeiro lugar. Matthew não conseguiu segurar um pequeno sorriso de orgulho ao vê-la competir com tanto afinco. No inicio ele se preocupou ao vê-la, pois estava abatida, mas depois que seus olhos se cruzaram ela ganhou nova vida. Ele não conteve o pensamento que isso somente aconteceu quando ela o viu.

Os gritos dos alunos de Hogwarts mostraram que ganhavam mais uma medalha de outro, sua competidora ficou em primeiro lugar. A professora Hostila olhou intrigada para as pessoas que comemoravam. Continuava a achar inapropriado aquele tipo de competição, mas não pode deixar de perceber que algo estava mudando na nova geração.

Antes mesmo de parar o cavalo Mira procurou o rosto de Matthew e sorriu ao ver que ele não saiu. Ele estava orgulhoso dela, tinha certeza. Ficou feliz ao perceber que já conhecia algumas das reações dele.

Ela pensou em aproveitar aquele momento e conversar com ele, explicar o que aconteceu no dia anterior, mas ao ver a quantidade de pessoas em volta Mira se conteve. E se confrontassem ele sobre ela, não podia dizer sobre suas aulas de esgrima.

Sem querer deixar acontecer algum outro engano como na comemoração da vitória anterior, Mira seguiu com o cavalo até a baia de onde seria levado de volta ao seu estábulo. A multidão se acotovelou para lhe dar os parabéns. Todos os alunos de Hogwarts ali presentes, principalmente a comitiva masculina, estavam surpresos com o fato dela ter ganho e, mais surpresos ainda, com o fato de se orgulharem disso.

Mira sorriu a todos que vinham abraçá-la, beijar sua mão e lhe congratular. Depois, pediu licença, alegando que estava extremamente cansada e que por isso a competição fora tão acirrada.

Ao se liberar das pessoas ao seu redor e receber os recatos parabéns da professora Hostilia, ela procurou Matthew. Ele ainda não viera procurá-la ou cumprimenta-la. Não estava em algum lugar visível e só depois de alguma caminhada é que a ruiva o encontrou, parado ao lado do estábulo, conversando com, justamente, Scadufax que, para sua surpresa, fitava-lhe quieto.
- Matthew? – ela o chamou em voz alta e aproximou-se dele com a cabeça um pouco baixa.

- Parabéns pela prova de hoje, Lady Barlow. – ela sentiu os olhos dele faiscando com uma mistura de orgulho e restrição. – Eu creio que seja melhor me retirar.

Ele fez menção de sair andando em direção à estalagem, mas Mira o segurou pelo braço, retirando-o rapidamente depois de fazer isso. Um rubor lhe passou pelo rosto e ele a encarou firmemente.

- Existe alguma coisa que queiras me dizer, Lady Barlow? – ele disse.

- Pare com “Lady Barlow”.- ela disse baixinho.

Matthew sentiu seu coração suavizar e o sangue esquentar nas veias. A reclamação, mesmo que baixa, dela demonstrava que ela gostaria que houvesse alguma intimidade entre os dois. A intimidade que eles costumavam ter em sala de aula, ou sentados em lugares sozinhos.

- Mira. – ele disse, saboreando o nome. – O que você quer?

Ela gostaria de dizer tudo o que sofrera na noite anterior ao vê-lo sentado na taverna com uma mulher da vida o atendendo. Ela queria dizer que Vesgo era um idiota e que ele entendera tudo errado ao vê-la levantada nos seus braços.

- Eu... não... ontem... foi tudo um mal entendido. – ela disse.

- MIRA!

Alguém mais a chamava de Mira. Matthew reconheceu a voz do seu aluno de olhos tortos no momento em que o ouviu gritar o nome dela. O sangue novamente ferveu e ele a encarou seriamente antes de dizer baixinho:

- Alguém precisa explicar isso a ele, então.

E assim que Mira virou-se para encarar o aluno que vinha dos fundos correndo para abraça-la e comemorar sua vitória na competição mista (“Meu Deus, que orgulho. Quem poderia imaginar!”, pensava Jake enquanto procurava a ruiva para levanta-la novamente), Matthew de Aldearan sumiu para dentro da estalagem onde, mais uma vez, buscou o consolo da garrafa de uísque.

A ruiva ficou parada e o rapaz veio repetir a cena do dia anterior. Ela não reagiu como antes e só depois de várias vezes perguntada por ele, respondeu que estava cansada e que só viera ver como seu cavalo estava. Jake a entendeu perfeitamente e, cavalheiro que era, levou-a até a porta de seu quarto onde, depois de lembra-la para vir torcer por ele na competição de Arco e Flecha, a deixou, desolada com seu desespero em esclarecer os vários mal-entendidos.


*****

PessoALL,

Passei aqui para agradecer os comentários!! Isso me deixou tão feliz que já escrevi mais três capítulos novos.

Beijões

Jujub

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Capítulo 22


Mira POV

O rosto dele estava transtornado, isso ficou muito claro para mim.

Desde o inicio da competição eu o procurei nas arquibancadas, mas para minha infelicidade ele não estava lá. Como tem o hábito de beber muito achei que em comemoração ao primeiro dia de prêmios ele deveria ter chegado pela manhã após ficar a noite em tavernas.

Horas bordando e quando ganhei, para minha grande surpresa, eu o procurei para comemorar comigo. Eu poderia mostrar para a professora que não era masculinizada como ela dizia e para ele, eu queria ver o orgulho, pois também realizei uma competição bem... feminina.

Empolgado ainda pelo fato d’eu ter falado que o ajudaria a conquistar o coração de minha amiga Vesgo me levantou no ar, comemorando. Foi quando consegui finalmente achá-lo e, para minha surpresa, ele estava vermelho, o rosto fechado. E por que ele não estaria, era outro homem que me levantava.

A cada dia que passava eu percebia que meus sentimentos por Matthew de Aldearan eram mais fortes do que eu imaginava que uma jovem como eu poderia sentir. Sei que além da idade, ele é meu professor, mas acho que ele também me vê com outros olhos. Assim eu espero e por isso estou aqui na rua. Mal eu me vi livre das atenções sai correndo procurando-o.

Foi um erro deixar Vesgo se aproximar tanto, mas eu não o tinha visto chegar.

Sem pensar se falariam ou não, aproveitei que a estalagem estava vazia e fui até o quarto dele. Bati com muita força, mas não houve resposta.

Droga! Não acredito no que estou fazendo, damas não devem ir atrás dos homens... E se ele me achar desfrutável?

Ignorando o que minha mente tenta me amedrontar, sigo para o lugar mais provável de achá-lo, o lugar onde eu não gostaria de encontrá-lo. A taverna da vila não fica na rua principal. Serei discreta, não podem me ver andar para um lugar daqueles...

Como a vila é pequenina, chego em poucos minutos e, para minha sorte, consigo ver quase tudo sem precisar entrar. É um lugar feio e vejo que há somente homens lá dentro. Não entendo o que eles podem estar fazendo tão cedo em um local desses...

Eu o vejo, está sentado em uma mesa ao canto. A garrafa a sua frente está pela metade. É por minha causa?

Sinto como se meu coração ficasse pequeno ao vê-lo assim. Como dizer a ele que eu queria muito poder tirá-lo de lá, dizer que ele não precisa mais dessas bebidas. Que se estiver cansado eu posso fazer uma massagem para que relaxe?

Estou nervosa e não sei o que fazer. Não sei se devo chamá-lo. Seria errado, existem muitos professores de outras escolas por aqui e ele é um esgrimista famoso, eu acabaria expondo-o. Devo me segurar e esperar por outro momento.

Olho uma ultima vez antes de sair e para minha surpresa vejo quem esta atendendo a ele. Ela... É uma mulher e pelos trajes, ou falta deles, voluptuosa e oferecida.

Olho para baixo, não quero ver isso.

Melhor... Sair...

*****

Matthew POV

Ele a levantou nos braços e, naquele gesto, tomou o que eu já dava certo como meu. Ela sorria para ele. Estava feliz por ter ganho aquela estúpida competição que eu a encorajei para participar.

Bordado. Eu perdi duas horas da minha vida para assisti-la bordando para uma banca de juízes ineptos e com uma paciência infinitamente maior do que a minha. E lá estava ela, erguida nos braços de outro homem. Senti-me um tolo.

Ainda a encarei por alguns segundos, decidindo-me o que iria fazer, controlando-me para não me atirar naquele maldito moleque vesgo e arranca-la de seus braços indignos. Deliberei que um homem apaixonado é sobretudo um imbecil e decidi que nada cura um coração magoado como a bebida.

Não se pode confiar em pessoas para faze-lo tão feliz quando numa boa garrafa de whisky.

Estava para arredar o pé dali quando senti que ela me olhava. Voltei-me para ela por um único instante e deixei-me perder naquele rosto angelical e cabelo de fogo. Um riso do rapaz que a segurava me fez lembrar que ela não era minha para assim encarar.

Virei as costas e fui embora. Passei na estalagem para apanhar moedas o suficiente para me manter alcoolizado a noite inteira. Segui para o bar sem realmente pensar, deixando que meus sentidos divagassem.

Eu a queria tanto.

Fui atendido sem demora na taverna. Minha fama definitivamente me precedia: mandaram apenas o seu melhor estoque de bebidas e eu o apreciei sem moderação. Ansiava, principalmente pelo esquecimento e pelo sono.

A atendente era bonita. Usava quase nenhuma vestimenta, o que me levava a pensar que ela tinha um trabalho duplo ali. Vi quando ela se ofereceu para mim, mas como um espectador que vê tudo acontecer de muito longe.

Não sei o que todos ao meu redor imaginaram, mas sem pensar duas vezes, eu recusei seus serviços. Não poderia ter ficado com qualquer mulher naquela noite, especialmente uma ruiva. Não, a única ruiva, a única mulher que eu realmente queria naquela noite – e, honestamente, no resto de minha vida – tinha ficado para trás. Nos braços de um moleque novo, indigno e vesgo.


segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Capítulo 21

Metade da manhã passara e o homem encostado ao portal, que indicava onde estava acontecendo às competições do torneio, estava impaciente. Ele dormira mal e estava com uma leve ressaca, além do sabor da sua última garrafa ainda na boca. Apesar dos males físicos que o afligiam, não era isso que dominava a mente de Matthew de Aldearan.

O mestre de esgrima estava na dúvida se entrava e assista as competições femininas ou não. Apesar do que falara aos seus alunos na noite anterior, o único motivo que o faria perder seu precioso tempo era estar perto da sua ruiva.

“Se é que eu posso continuar a chamá-la de minha...”, ele pensou. “Recomponha-se homem. Não ouse achar que aquele moleque seria algo próximo de um concorrente ao coração de sua futura mulher.”

Ao ouvir a convocação das competidoras de bordado um impulso, ele diria que fora praticamente um empurrão, fez com que o professor andasse até o local onde fora anunciado. Não tivera dificuldade em achar o local e também a ruiva que era o seu alvo.

Matthew andou decidido que Mira o visse e soubesse que ele estava lá para apoiá-la. Iria alimentar o ego dela se soubesse que entrara para assistir competições femininas naquela manhã somente por ela. Ele viu que os olhos dela corriam pela arquibancada e sorriu matreiramente ao pensar que ela o procurava.

Antes que ele pudesse pensar em comemorar algo ele ouviu uma voz masculina, que não era a própria, ousar chamar sua Mira e desejar-lhe boa sorte. E, para a surpresa maior de Matthew, ela sorrira de volta a ele, ousando agradecer aquele exagero.

Alguns poderiam dizer que naquela hora um demônio quase dominara o corpo dele, pois sentiu seu sangue esquentar e subir a sua cabeça. Se Matthew não fosse tão controlado teria ido no mesmo tomar satisfações daquele menino que estava tentando tomar algo que ele já estava considerando seu, o coração de sua ruiva.

“Não! Não sou um moleque que faz cena de ciúmes! Não irei me rebaixar a tanto!”, ele pensou “Muito menos irei desistir sem lutar!”

Controlando a vontade de quebrar a cara de Vesgo, Matthew sentou um pouco mais afastado e observou a competição, afinal, tinha falado para seus alunos estarem lá, tinha que ser o exemplo. Ou era isso que ele repetia para si mesmo enquanto admirava a concentração de Mira. Sua ruiva estava linda, parecendo uma verdadeira dama sentada daquele modo, comportada.

Passada a primeira meia hora, o homem se viu impaciente. Se perguntava por que aquilo demorava tanto, como uma mulher suportava ficar tanto tempo parada olhando para um pano.

“Entendo porque ela deseja tanto aprender esgrima, isso me parece insuportável. Apesar de que é realmente necessário”

Muitas pessoas saíram para experimentar as receitas da competição de culinária que já estavam prontas e com o forte cheiro no ambiente. Matthew observou que até mesmo as competidoras levantaram o olhar para o local onde ocorria a outra contenda. A arquibancada esvaziou-se quase completamente. O professor passou os olhos pelos bancos, esperando que talvez o outro, menos paciente, mais moleque, menos digno da beleza de sua ruiva, tivesse se cansado e ido embora.

Não havia.

Encarou o rapaz com um pouco de ferocidade e depois voltou seu olhar para Mira, que ainda estava absorta em seu bordado. Ao que parecia, começava a tomar forma. Matthew estava impaciente e queria, mais do que tudo, expulsar o seu rival, enquanto arrancava a menina dali e a levava para qualquer outro lugar, onde não tivesse que responder por seus atos.

- Competição lenta, não é mesmo, professor? – perguntou uma voz atrás de si.

O homem tomou um susto ao olhar para trás e perguntou-se por um instante como o Vesgo movera-se tão rápido. Trincou os dentes. Não queria falar com ele, mas ao mesmo tempo, sabia que não deveria ser rude com um de seus alunos mais aplicados. Precisava se lembrar disso.

- Hmph. – ele respondeu, sem conseguir se decidir sobre o que fazer. Fechou a mão para não virar um soco na cara dele.

- É, eu sei. Estou torcendo para que termine logo. Não imaginei que fosse ser tão demorado. – ele tornou a falar, sem perceber que incomodava.

Os minutos se passaram e Matthew manteve-se calado. O rapaz se levantou e foi até a barraca onde o concurso de culinária ocorria. O professor suspirou de alivio. Quase perdera o controle no breve intercurso que tiveram.

O tempo continuou transcorrendo e após o que pareceram alguns séculos, um sino alto soou para todos. As meninas pararam imediatamente seus trabalhos, algumas dando um último ponto, mas sem desrespeitar as normas.

Levantaram e ficaram respeitosamente de cabeça baixa, enquanto os juízes avaliavam seus trabalhos com olhares inquisidores. Matthew se sentiu estranhamente ansioso pelo resultado, de uma forma que não imaginava que ficaria.

Uma moça baixinha e gorducha deu seu veredicto e um homem alto e de cabelos negros, que o professor reconheceu como Anton Milosevicht, da escola de magia russa, anunciou em voz alta a colocação:

- Em terceiro lugar, Nina Haiggen, da escola de magia e bruxaria de Магия.

A multidão que debandara das arquibancadas, começara a voltar. Todos se aproximavam para ouvir os resultados. Era o que importava de verdade naquela competição.

- Em segundo lugar, Lady Agatha de Pluie, da escola de Magia e Bruxaria de Beauxbatons.

Outra salva de palmas foi ouvida, e uma menina de cabelos louro claro agradeceu de forma cândida e se retirou do palco. As outras três competidoras tremiam de expectativa para o primeiro lugar. Era tudo ou nada.

- E o primeiro lugar, com louvor, é agraciado para Lady Mira Barlow, da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.

Uma série de palmas e urros e cânticos vitoriosos seguiu-se a esse anúncio. A menina ruiva levantou e, de tão pálida que estava, parecia que iria desmaiar. Mas era só orgulho por ter conseguido cumprir uma função que nem sabia se desempenharia direito. Sentia que aquela vitória desceria difícil na garganta de professora Gryffindor, que sempre a desencorajara como mulher. Esperava que o tratamento entre as duas fosse um pouco melhor depois do que acontecera.

Matthew levantou-se com um sorriso enorme estampado na face. Estava radiante que sua ruiva fosse encantadora e levasse o primeiro prêmio até nas coisas mais enfadonhas. Era uma vencedora por natureza. Digna dele. Precisava vê-la e deixar claro o quanto estava orgulhoso. Em seu coração, queria levanta-la nos braços e gira-la no ar. Depois, daria um beijo nela e ela retribuiria. Não haveria comemoração melhor do que aquela. Sabia que aquilo aconteceria apenas em sua mente, mas em realidade, era uma excelente desculpa para abraçar legalmente sua protegida e parabenizá-la.

A comissão inteira da escola de Hogwarts estava em volta, ou tentando chegar, na nova vencedora da escola. Matthew tentava usar sua autoridade como professor para abrir caminho, mas a passagem entre a arquibancada e o pátio era estreita. O professor ficava impaciente.

- Mira! Eu sabia que você conseguiria! – uma voz familiar se sobressaiu na multidão.

Jake Vesgo levantou a menina para o alto e a ergueu acima da altura do rosto. Estava tão feliz de sua amiga poder-se mostrar orgulhosa com uma medalha só dela que poderia beija-la no ar.

Matthew sentiu o rosto queimar de ciúmes. Considerava-se um tolo e, pior, um tolo lento. Alguém que estava sempre atrás de um moleque defeituoso que chegara primeiro num coração ruivo. Não queria ficar ali olhando para aquela cena.

Mira o encarou por um instante, e ele viu que o rosto dela ficara rubro como imaginava que o dele estaria.

- Vesgo, me põe no chão. O que a Lyra vai achar disso? – ela disse para o amigo, que imediatamente a deixou segura com os pés na terra.

- Desculpe, Mira. Só fiquei muito feliz por você. – ele disse, com um sorriso.

A menina não estava mais ouvindo. Tentava chegar ao professor, mas era tarde. Ele não estava em lugar algum que ela visse.


*****


PessoALL,

Fiquei tãão feliz com os comentários deixados no quadro!! Obrigada!!

Quem bom que estão gostando da história. Ainda temos muitos capítulos escritos para colocar aqui toda a semana.

Não esqueçam de indicar aos seus amigos e amigas! Cada comentário é um grande sorriso meu (grande meeesmo, como uma idiota sorrindo) e impulso que recebo para continuar a escrever.

Beijões

Jujub

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Capítulo 20

A noite já havia caído há tempos e os alunos mais novos já estavam completamente embriagados com a quantidade de vinho que a taverna oferecera em honra à sua vitória. Fora um bom negócio feito, pensava o estalajadeiro, que ganhava mil moedas de ouro para cada dia em que Hogwarts faturasse mais medalhas. Era um bom modo dos organizadores da competição incentivarem que os convidados fossem bem tratados.

Além do vinho, o homem gordo e satisfeito com seu saco de moedas que tinia preso ao seu cinturão, mandara servir uísque ao professor responsável e fizera um jantar especial para belas damas que acompanhavam a instituição.

O professor acabara com sua segunda garrafa da bebida de produção local e matutava se pediria a terceira. Por um lado, sua vontade de beber ainda não fora saciada: estava com a cabeça cheia do fragmento de conversa que ouvira da boca de Jake de Malvoisin e Mira Barlow. O menino Vesgo estava lá, entre os veteranos, e apesar de ser conhecido como um bebedor inveterado, era de se espantar que não estivesse com um copo na mão e uma garota no colo.

É claro que não estaria com uma moça no colo. Não quando ele tinha a possibilidade de ter a mais perfeita ruiva já nascida na Terra, não. Ele se guardaria para ela, que dormia tranquilamente no andar de cima. Não iria traí-la na cara dura, com ela a tão poucos metros, sendo que sua afeição o conquistava de tal forma que ele se declarara “apaixonado”.

Matthew sabia que nem toda a bebida do mundo poderia tirar o amargo que estava sentindo em sua boca agora, mas ele se sentia muito tentado a arriscar sua chance de que isso, por algum milagre, pudesse acontecer.

Entretanto... tinha a vã esperança de que talvez, por algum outro milagre muito maior, pudesse encontrar sua aluna Lady Mira Barlow, sentada na ante-sala que separava o corredor dos quartos de dormir. Não seria a primeira vez que encontrariam-se em tal situação e ele fervorosamente esperava que não fosse a última.

Sabia que não deveria alimentar essas esperanças, mas sentiria-se ainda menos merecedor dos afetos da moça, se por acaso ela o estivesse esperando e ele estivesse completamente bêbado.

Duas garrafas de uísque não era pouca coisa, no entanto, era menos do que três e ele decidiu que não beberia. Em vez disso, mandaria levar para o quarto mais tarde, se assim fosse necessário.

Levantou sem cambalear. Duas garrafas não seriam suficiente para o derrubar e ele respirou fundo o ar da taverna para acordar um pouco mais. Olhou ao seu redor e viu que seus alunos o observavam também, um pouco surpresos.

- Ainda não são nem três horas da manhã, professor. – disse cautelosamente Charles Trocken, da Grifinória.

- O professor tem a obrigação de dar o exemplo, sr. Trocken. Seria muito bom se vocês também não se demorassem nessa sala e tomassem algum descanso. Sei que amanhã são as competições femininas, mas é importante apoiar a escola em qualquer situação. Ficaria muito satisfeito se os visse na torcida. – ele respondeu, forçando-se a sorrir.

Sem mais palavras, ele encaminhou-se para fora da sala. Os alunos ficaram o encarando, estupefatos, e logo uma procissão o seguiu para seus respectivos quartos. O respeito que tinham pelo professor de Esgrima e História da Magia era impressionante. Ninguém queria faltar às competições do dia seguinte depois do que havia sido lhe dito.

Matthew certificou-se de ter visto todos os seus alunos passarem para o andar de cima e sentou-se na ante-sala dos dormitórios com um ar de cansaço no rosto. Ela não o havia esperado. Não que ela tivesse que faze-lo, mas sabia que havia alimentado uma esperança tola.

O professor decidiu se recolher e procurar a garrafa que enviara ao seu quarto, ela seria sua única companhia naquela noite...

*****

O dia de competições femininas foi iniciado com provas que eram consideradas por muitos as únicas que deveriam acontecer. Provas delicadas como as damas que as disputavam, disputas onde elas não teriam que fazer nenhuma força fora o de mexer a panela.

As provas de culinária, canto e bordado foram simultâneas, pois todos estavam cientes do tempo que a primeira tomaria. E a segunda seria para estimular as outras competidoras.

Grifyndor teve receio que Lyra não ganhasse após ouvir a voz da aluna que representava a escola espanhola. A corvinal estava nervosa e, além de andar de um lado para o outro, ficou apertando as mãos até deixá-las muito vermelhas.

- Vem cá... – Mira puxou levemente a outra para um canto. – Te acalme, tua voz é linda. Sabes que es considerada um anjo quando nos brinda com uma canção. Não te preocupes e pare de se machucar ou a professora acabará falando algo...

Respirando fundo, Lyra segurou as mãos de Mira nas suas.

- Não consigo... Ouviste as outras, eu não...

- Tu es a melhor, não duvides! – A ruiva falou com mais imposição em sua voz.

Mira abriu a boca para continuar, mas ouviu seu nome ser chamado para a competição de bordado. Ela segurou as mãos da outra com força tentando passar segurança e saiu em direção ao local indicado para as competidoras.

No caminho a ruiva olhou para a arquibancada e percebera que estava um pouco vazia. Ela já esperava, pois não achava que competições tipicamente femininas teriam algum atrativo para os rapazes que estava na cidade.

Porém não era qualquer torcedor que os olhos negros dela procuravam. Desde a noite anterior Mira praticamente não vira mais seu professor de esgrima. Ela dormira cedo, pois precisava estar preparada e alerta, principalmente para a competição de esgrima que aconteceria mais tarde.

Ela achava que ele não iria ficar a manhã toda assistindo competições que até ela achava lentas, e às vezes sonolentas, mas intimamente queria vê-lo sorrindo e desejando boa sorte, mesmo que fosse para bordar algo. Queria poder afirmar que não ver Matthew lá não a afetava, mas estaria mentindo para si mesma. Mira sentiu falta de senti-lo perto, estes dois últimos dias fez com que estivessem juntos muito tempo e ela gostou, e muito, disso.

Suspirando ela chegou ao local indicado e sentou na cadeira separada com o brasão de Hogwarts. Olhou mais uma vez em volta e aceitou que ele não viria.

“Provavelmente bebera demais na noite passada, comemorando...”, Mira tentou justificar para si mesma.

- Mira! Boa sorte!

Foi gritado por uma voz masculina que a ruiva sabia que não pertencia ao homem que desejava ouvir. Jake de Malvosin acenara a distancia para a amiga. Ele ainda comemorava intimamente a decisão que tomara e a ajuda que sabia que receberia em relação à jovem que amava.

Mira sorriu para o amigo e olhou a sua volta procurando Matthew. Aceitando que ele não iria, ela se preparou para o inicio da disputa. Bordado ou não, a lufana tinha a obrigação de ganhar e manter a honra de Hogwarts.


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Oi a todos!!

Depois de bastante tempo, uma atualização.

Como eu coloquei no post anterior o que me levou à essa grande ausência foi o meu casamento. Foi tudo lindo, maravilhoso e perfeito!!! *_*

Pronto, agora voltaremos a programação normal de posts todas às segundas-feiras.

Não esqueçam dos comentários. O nosso grande pagamento é saber que alguém gosta do que escrevemos.

Beijões

Jujub