segunda-feira, 1 de março de 2010

Capítulo 29

Na cabeça de Matthew de Aldearan, a despeito das aulas terem sido convenientemente arranjadas para possibilitar um contato mais próximo entre os dois, ensinar esgrima para Mira Barlow começara a se tornar uma tortura pessoal.

Infelizmente, não somente do jeito com o qual ele já estava gradualmente se acostumando: sentir o seu cheiro tão próximo, o corpo quente o abraçando, aquele sorriso que ele sabia ser apenas dele, tudo isso o deixava com os sensos zonzos, desejando por algo que ele ainda não poderia ter. Era a parte boa – e ruim – de estar junto daquela moça.

Agora, no entanto, ele tinha mais uma preocupação a acrescentar em sua lista. Lady Barlow resolvera que, já que tinha o privilégio e a intimidade de namorar o professor, estava preparada para aprender o treinamento avançado. Talvez até estivesse, pensava o homem consigo mesmo, mas lhe doía cada fibra do corpo na hora de atacar sua aluna e prometida. Como conseguiria ensiná-la? Sabia que até agora ela fora uma boa aluna e, então, provavelmente não se machucaria, mas a incerteza o deixava sem dormir à noite.

Até o momento, evitara contatos com as espadas. Os dois tinham estudado muita teoria, muita anatomia, e ele até começara a explicar-lhe os feitiços não verbais que poderiam ser utilizados durante uma luta.

Mas Mira estava começando a ficar impaciente e perguntar-se porque ele não a estava ensinando a 'lutar de verdade'. Matthew desviou os olhos ao responder que ela ainda precisava de muitas horas nos livros antes de treinar os ensinamentos avançados.

- Matthew – ela chamou espreguiçando-se depois de passar uma hora lendo um terrível tratado sobre o corpo humano. – Podemos treinar só um pouquinho hoje? Sinto que vou enferrujar se não lutarmos mais. Prometo que volto a estudar assim que tu mandares!

O professor tirou os olhos dos estudos que estava corrigindo para encarar os de sua menina. Ela estava cansada, queria um pouco de exercício, e, Deus, ele sabia que O Tratado Sobre Órgãos e Humores era insuportavelmente entediante.

- Está certo. – ele respondeu, não resistindo aos olhares de sua pupila e menina. Onde isso o levaria?, perguntou-se. Começava a ficar cada vez mais difícil resistir a qualquer apelo que ela fizesse a ele.

A jovem deu um pequeno pulo da cadeira para o chão, fazendo a saia do vestido levantasse um pouco. Aquilo bastou para que o professor ficasse inflamado e com a imaginação levando-o à lugares não-tão-distantes.

Ela se apressou a buscar sua espada, pendurada pela bainha num gancho ao lado da porta. Ele esperou pacientemente, descansando a mão em cima de sua própria arma, presa em sua cintura.

- Estou pronta, professor. – a jovem deu o sinal para que eles começassem a treinar, assim que terminou de ajeitar. – Me diga o que fazer...

O modo como seus lábios se comprimiram e o olhar desejoso que ela lhe lançou anuviaram a mente do mestre, que, por alguns instantes, só pode pensar em uma única coisa.

- Matthew?

O homem rapidamente se recompôs.

- Vamos começar com o saque.

A menina não esperou que ele dissesse mais nada, apresentou-se com um primeiro golpe que aproveitava a força de saída da bainha. O professor acenou com a cabeça positivamente e defendeu-se com facilidade.

- E a senhorita ainda me diz que estavas enferrujando... – ele brincou. – Qualquer moleque teria morrido ao ser atacado dessa forma.

Ela sorriu ao ouvir a brincadeira dele e também com uma ponta de orgulho de si. Não estava gostando de estudar tanta teoria, mas aproveitava para tirar o máximo daquilo, inclusive ler como deve-se sacar a espada empenhando a força e velocidade certa.

- Achas que devemos treinar somente com as espadas de madeira? – Mira perguntou ao ver que ele teria se machucado se realmente tivesse acertado a ele.

A sugestão vindo dela foi uma benção aos ouvidos do homem. Assim não iria se preocupar tanto em machucá-la, apesar de saber que as batidas dos bastões poderiam deixar marcar bem fortes.

Ele lançou no ar a espada de Mira e sorriu ao vê-la pega-la corretamente, como se fosse uma espada de verdade.

- Então aproveitaremos sua força e iremos treinar exatamente isso. Quero que me ataque constantemente e empregando o máximo da sua força.

Um sorriso maldoso pousou no rosto de Mira que pensou quantas garotas poderiam ter a oportunidade de ouvir seu prometido dando permissão para bater nele. A frente dela, Matthew viu o rosto angelical de sua menina mudar parecia que tinha pensamentos maliciosos e mandou sua mente se calar antes que fizesse algo que a deixasse constrangida.

Após uma hora de desvios por parte de Matthew, eles pararam ao ver à hora. Já estava tarde e ela deveria ir.

- Não quero ir... – Ela respondeu. Estava agitada e feliz com o que estavam fazendo. Sempre se sentia como ela mesma quando estava com ele, sem se preocupar com mesuras e sociedade.

Ouvir aquilo foi um balsamo para Matthew que se aproximou e segurou o rosto de sua menina em sua mão.

- Não te preocupas. Não irei a lugar nenhum, me veras novamente amanhã, te esperando.

Antes que pudesse terminar de falar, o homem foi surpreendido por um beijo cálido. Sua resposta foi imediata fechando seu braço em torno do corpo de sua prometida.

O toque de lábios se aprofundou e ele a sentiu aproximar seu corpo do dele, procurando diminuir qualquer possibilidade de distância. As mãos dela se entrelaçaram nos cabelos negros de Matthew possessivamente. Assustado para onde aquilo poderia levar ele a soltou de supetão, fazendo com que a ruiva quase perdesse o equilíbrio.

- Não deves fazer isso. – Ele falou sério.

Mira olhou para o chão envergonhada, não controlara seus próprios impulsos. Estava tão enérgica depois do treinamento que não pensou, somente deixou seu corpo a guiar como estivera fazendo na última hora. Ela sentiu seu rosto arder com o que estava passando em sua mente. Não sabia por que estava agindo daquele modo.

Sem saber como se explicar, a ruiva somente virou e andou rapidamente para a porta. Sua mente procurava várias palavras, mas nada que pensava poderia falar com ele. Ali ela sentiu que realmente havia diferença entre homens e mulheres. Para eles era mais fácil entender o que se passava com seu corpo.

Antes que alcançasse a maçaneta da porta Mira sentiu seu corpo ser virado e dois olhos verdes esmeraldas a olhavam preocupados. Ela tentou soltar seu punho, mas pode perceber que ele não estava disposto a deixá-la ir.

- Ias sair assim?

Se antes achava que seu rosto estava avermelhado de vergonha, agora ela tinha certeza que deveria estar no mesmo tom de seu cabelo. Ela abriu a boca tentando procurar o que falar, mas nada saiu. Seus olhos desviaram novamente para o chão, não tinha coragem de encará-lo. E se ele achasse que ela estava se oferecendo? Que era uma mulher da vida?

- Por favor... – Ela falou baixinho tentando soltar novamente seu braço.

Matthew entendeu o que ela pensava. Conseguiu segurar o sorriso ao pensar que ela era linda quando se preocupava com o que ele ia pensar dela, ainda mais quando era ele o bêbado e com o braço falho. Mesmo assim não sabia o que poderia fazer, nunca estivera em uma situação dessas. Porém precisava ter certeza de uma coisa.

- Antes de sair, prometa-me que irá voltar amanhã.

Mira somente balançou a cabeça, confirmando, e sentiu seu braço ser solto.

- Mira! – ouviu a voz chamar ao longe e Matthew temeu seu momento imprudente. A menina voltou ao seu lado. – Eu te amo. – disse baixinho. – E nada mais importa.

Sem saber o que fazer ela correu para seu quarto desejando que sua mãe chegasse logo.

*****

Gentem!!

Miiiiiil desculpas!!! Fevereiro foi meu inferno astral, só isso explica a total bagunça, correria e tal!!

Espero que este capítulo que eu amei escrever ajude a compensar!!!

Beijões

Jujub

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Capítulo 28

A caravana vitoriosa havia retornado há quase uma semana a Hogwarts e, após muita festa e comemoração, os estudantes estavam de volta a sua rotina de estudo. Os alunos e alunas que ficaram fora por uma semana ganharam permissão para ficar após o horário estudando na biblioteca e solicitar ajuda aos professores para repor as aulas perdidas.

Há uma semana que aluna e professor não se falavam, somente trocavam olhares. Matthew havia decidido ser mais discreto com o treinamento de sua pupila e não marcou nenhum encontro para aquela semana onde havia muitas pessoas entrando em sua sala para parabenizá-lo.

Por mais que ele quisesse mandar todos as favas e ficar somente com ela, ele havia decidido que deveria, acima de tudo, zelar pela honra de sua futura mulher. Por mais que uma pequenina voz maldosa falasse que ela deveria ficar com alguém de sua idade, as palavras dela dizendo que queria a ele eram mais fortes.

Perdido em pensamento, sonhando sobre as duas vezes que sentiu os lábios de sua Mira sobre os seus, Matthew se aprumou de supetão ao ouvir o bater em sua porta. O professor fora solicitado a dar aulas aos alunos que tinham duvidas em Historia e por isso devia ficar em seu gabinete a disposição.

- Entreis! – Ele falou rispidamente, devia manter sempre a voz de um educador.

Para a surpresa do professor quem entrou na sala foi uma aluna com longos cabelos vermelhos e olhos negros brilhantes. Porém o que mais chamou a atenção do homem foi o sorriso que Mira o dirigia ao entrar e fechar a porta.

Ele sentiu seu coração bater fortemente e pode observar pela respiração dela que Mira sentia o mesmo. Receoso como agir, ele não se levantou.

- Precisava vê-lo. – Ela olhou para seus pés ao falar.

Antes de entrar na sala Mira estava na duvida se o deveria fazer ou não, mas aquela semana sem falar nada com Matthew havia sido muito difícil. Com a força da lembrança dele dizendo o quanto a amava, ela decidiu que deveria mostrar a ele que também sentia o mesmo.

Ao ouvir o que Mira falou, Matthew não se conteve e em poucos passos estava ao lado de sua garota. Ele levantou o rosto dela, queria ver o que pensava.

Desde a viagem não falaram mais nada sobre o que havia acontecido, mas ao se ver refletido novamente naqueles olhos negros que tanto amava ele sentiu como estivessem juntos desde então.

- Por favor, fale novamente... – Ele manteve os dois olhos conectados.

Sob a intensidade do olhar que ele a dirigia Mira sentiu seu rosto esquentar. A ruiva sabia que ele tinha esse efeito sobre ela, algo que ela não conseguia controlar. Sem conseguir desviar o rosto, ela respondeu.

- Matthew, eu senti a tua falta...

O primeiro beijo deles fora um encostar de lábios. Para ela fora seu primeiro beijo, com a pessoa que ela escolhera para ser a única. Para ele foi o sentir do calor daquela que amava e também desejar sentir mais. Porém, naquele momento, onde o mundo parava novamente para eles, os rostos foram se aproximando, um buscando os lábios do outro.

Um dos braços de Matthew envolveu Mira, a puxando para mais perto. Para a surpresa dele sentiu os lábios dela se abrirem levemente, pedindo que aprofundasse o beijo. Ela o esperava, precisava que o guiasse. Sedento por aquele contato desde que a vira pela primeira vez, ele a beijou apaixonadamente.

Os minutos se passaram, mas para o casal foram apenas segundos.

Matthew sentiu o calor do seu corpo aumentar, pedindo mais. Procurando em sua mente um pouco de sanidade, ele deixou seu rosto se afastar um pouco do de Mira.

- Eu também senti saudades. – Ele respondeu.

O rosto de Mira estava vermelho, o que contrastava fortemente com a pele branca dela. Porem não era vergonha o que sentia, mas um calor que vinha acompanhado de fortes batidas em seu coração.

Ela sorriu antes de falar, queria muito saber algo que certamente nenhuma dama nunca deveria perguntar. Porém contava com o fato do seu relacionamento ser diferente e, também, queria que ele soubesse o que estava subentendido na pergunta.

- Como... Quero dizer... Eu queria saber se... Bom, tu és mais experiente... Então... Gostaste do meu beijo? – Mira deu um meio sorriso ao ver que conseguira terminar a pergunta.

O homem foi pego de surpresa pelo o que ouviu. Suspeitava que sua Mira nunca havia beijado, mas ouvir que ela o escolhera era único.

A ruiva sentiu a mão dele aninhar seu rosto e viu nele um sorriso bobo. Ela sentia que a cada dia conseguia fazê-lo acreditar o quanto ela o amava e que não queria trocá-lo por ninguém.

- Beijaste como uma deusa. – Ele respondeu.

Os dois, sem conseguir se conter, viram seus rostos se aproximarem novamente.

Novamente foi Matthew que quebrou o beijo. Ao contrario de Mira, ele tinha mais experiência e, também, mais desejos. Ele viu nos olhos dela um questionamento sobre o motivo dele estar afastando seu corpo do dela e sentiu um calor acolhedor ao ver a inocência dela.

- Qualquer aluno pode chegar aqui. Ao menos, por enquanto, devemos disfarçar. – Ele falou sentando em sua cadeira.

A ruiva sentou na cadeira à frente e abriu seu livro. Tinha muito que perguntar e muito que falar. Durante toda aquela semana ela se perguntou se deveria contar ou não sobre a origem de seu pai, que era trouxa, e principalmente contar que era uma mestiça. Havia decidido ao menos mostrar a ele que o amava e se tivesse que disfarçar para poder ficar mais tempo com ele, estudaria todo o livro. Porem ela estava lá com um objetivo e deveria continuar a falar.

- Matthew.

Ele olhou para ela com carinho, amava quando ela o chamava pelo seu nome.

- Eu não sei como agir... Nunca senti nada por ninguém até você entrar em minha vida...
Sei que não deverias vir atrás de ti e menos ainda expor meus medos, mas... – Ela olhou para ele procurando respostas. – Acredito que somos diferentes, nosso relacionamento sempre foi...

Ela procurou as palavras, estava com medo. E se ele não a aceitasse? Se a achasse vulgar e atirada?

Sem segurar a vontade de poder ficar a sós com ela, ele se levantou e trancou sua porta. Que achassem que estava dormindo durante o dia, não se importava. Com um movimento de sua varinha o som ficou contido para dentro da sala. Matthew sentou ao lado de sua Mira e segurou a mão dela. Naquele momento deveria somente estar com ela, para ela.

- Pergunte o que quiseres, sem receios, que irei responder.

Após um leve suspiro ela sentiu que poderia abrir seu coração naquele momento.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Capítulo 27

Mira POV


Subi na carruagem com um ar ligeiramente desesperado. Seriam dois dias para voltar até Hogwarts e o tamanho do transporte não havia aumentado nem, tampouco, a quantidade de passageiros havia diminuído: seriamos três moças e uma velha espaçosa, - pensei eu maldosamente – dividindo um espaço extremamente diminuto. Uma de nós teria que ir ao chão.

Iria suspirar, mas temi que as outras denotassem por esse suspiro um quê de apaixonada; como eu realmente estava, aliás. Não sei bem porque, mas todas as meninas têm um senso sobrenatural para perceber quando uma de nós está caída de amores por um rapaz.

Eu não queria perguntas.

Por vários motivos: porque eu sou uma pessoa discreta, porque perguntas e brincadeirinhas me incomodam, porque minhas colegas podem ser ótimas pessoas, mas são indiscretas e logo a notícia de que “finalmente fisgaram o coração de Mira Barlow” correria pela escola.

Acima de tudo, no entanto, eu não queria perguntas porque a pessoa por quem eu estava apaixonada era também meu professor de História Antiga e de Esgrima (em aulas secretas das quais ninguém poderia saber.).

Matthew de Aldearan.

Meu Matthew.

Ele me pedira para chamá-lo de Matthew e o nome dele soou tão... tão certo na minha boca. Não era, claro, como se eu nunca o houvesse chamado assim, mas... é diferente se ele pede, certo?

O fato da carruagem lotada me fez pensar com saudade na ida com ele, montados no mesmo cavalo, a égua Eva. É claro que, na época, aquilo me irritou, pois estávamos brigados, mas agora... eu daria quase qualquer coisa para estar junto com ele e fora dessa maldita condução apertada.

Não consegui conter o suspiro dessa vez e Lyra me olhou com um jeito estranho. Ela estava no banco ao lado da professora Hostilia, que roncava em seus ouvidos. As outras duas meninas que viajavam com a gente estavam distraídas e somente ela me percebeu suspirando no chão.

- Tudo bem? – ela perguntou baixinho.

- Sufocante. – eu respondi silabicamente, também baixinho.

Ela murmurou um desculpe, mas eu sabia que ela iria trocar comigo de qualquer jeito quando fizéssemos a primeira parada, então, ela não tinha nada do que se desculpar. As outras duas, por outro lado, poderiam se oferecer para fazer parte do rodízio.

Com a professora dormindo, não pudemos conversar em voz alta, o que me deixou com tempo livre demais para pensar na vida e nos acontecimentos recentes.

A conversa que eu e Matthew tivéramos aquela manhã me deixara inquieta. Quando ele começou a falar, a princípio, pensei que não estivesse apaixonado por mim e aquilo me partiu o coração. Achei que era um desafio que ele havia conseguido vencer, mas depois, no entanto, percebi que ele estava tentando me fazer enxergar outras opções. Como ele poderia não ver que eu estava apaixonada por ele e que não iria querer outro?

Quando uma moça se apaixona, ela o faz para valer. Assim foi com minha mãe, assim foi comigo. Não iria simplesmente mudar de idéia porque ele se achava um partido ruim para mim.

Matthew de Aldearan, O Esgrimista, RUIM para mim? Meu tio provavelmente teria um ataque se soubesse. Ele mandaria soltar fogos e meu dote seria enorme, porque o meu noivo seria um grande nome dos nossos tempos.

Ele disse que não iria me pedir em casamento enquanto eu não estivesse certa. Eu estou... só preciso fazer com que ele entenda isso!

Porem ele não pode pedir minha mão ainda, apesar deu ter transbordado de felicidade em saber que ele tinha isso em mente. Antes ele precisa saber, saber quem são meus pais, que sou uma... Mestiça.

Essa palavra me doeu a mente, o que ele acharia quando soubesse que meu pai é um trouxa? Seu amor por mim era forte o suficiente para aceitar isso?

Vejo que na verdade quem precisa se preocupar se o sentimento do outro não irá mudar sou eu. Eu carrego um segredo que ele não sabe... Um segredo que muito consideram uma desgraça, ainda mais se pensar em filhos.

Meu coração se apertou ao pensar que ele poderia não me aceitar. Se ele tinha tantas duvidas sobre o que eu sentia por ele, será que ele poderia ter alguma duvida sobre o que sente por mim?

Eu estava perdida em meus pensamentos quando a carruagem parou e eu estranhei. Não havia se passado mais do que algumas horas, não deveríamos ter parado ainda. Levantei a cabeça e então me coloquei de modo a ver o que estava acontecendo, junto com as outras meninas.

Percebi que eram ladrões de comitivas e eles acuavam o grupo. Estavam em quinze e nós estávamos com menos, mas um pouco melhor preparados do que eles. Matthew olhou para onde estávamos e me viu à janela. E sorriu.

Eu não entendi direito no instante em que aconteceu, mas quando me dei conta, metade dos ladrões estava nocauteado no chão! E somente Matthew havia se movido, o resto dos alunos estava ocupado em manter o resto dos bandidos sob controle.

Meu coração acelerou e subiu à boca. No que ele estava pensando? Pelo menos poderia ter deixado os meninos ajudarem-no, em vez de atacar sozinho. Homens! Sempre em busca da glória! Aquilo me deixou com raiva.

Então, vi que Matthew se aproximava da carruagem.

- Aconteceu um pequeno incidente, miladys. Não vos preocupeis, os ladrões já foram contidos e as autoridades já foram acionadas. Devem estar vindo para cá, mas nós partiremos antes que elas cheguem.

E ele sorria, olhando fixamente para mim, e eu podia ver o orgulho naqueles olhos verdes dele. Parecia... não sei.

Então, a viagem recomeçou e eu podia ouvir os alunos alvoroçados lá fora, discutindo a impressionante performance de seu mestre, murmurando sobre o quão facilmente ele dominou o grupo de bandidos.

Eu quase podia imaginá-lo sorrindo, sem que ninguém mais visse, orgulhoso de ter se feito útil, não um inválido, como ele mesmo se descrevia. Matthew, você definitivamente não é um inválido! Eu tinha vontade de gritar para ele, de sacudi-lo para a verdade, mas ele diria que eu o vejo com olhos bons demais.

Andamos por bastante tempo com paradas ocasionais para esticar as pernas até que paramos na estalagem para passar a noite. Eu saí da carruagem e fui levar Scadufax até o estábulo junto com alguns outros alunos quando ouvimos alguma coisa rosnar na floresta ao nosso redor.

Jake gritou:

- FENRIRS!

E todo mundo parecia saber exatamente do que se tratava, menos eu, a única garota. Talvez por esse motivo que um dos rapazes, Troy, eu acho, me disse para sair correndo e chamar o mestre de esgrima.

Não pensei duas vezes e fui, enquanto eles ficavam alvoroçados, alguns desembainhando suas espadas. Meu coração bateu forte queria ficar a ajudar, mas Matthew precisava ser avisado.

Fui até onde me lembrava ser o balcão da estalagem, procurando entender a situação, ouvindo rosnares ao meu redor. O que seria aquilo?

- Professor! – Eu ia chama-lo de Matthew, mas consegui me refrear em tempo. – Alguma coisa está acontecendo lá fora.

- Fenrirs. – ele falou e eu confirmei com a cabeça. – Preciso ir. Onde? Me mostre!

- No estábulo, mas quando estava voltando ouvi os rosnados no caminho também. – Eu avisei e o segui quando ele correu para o lugar, apesar dele ter me mandado ficar.

- Cuidado. – Eu pedi, baixinho, esperando que ele me ouvisse, mas ele apenas saiu correndo.

O meu bom senso me mandava voltar para dentro da estalagem, mas, intimamente, eu queria saber o que iria acontecer e o que eram aqueles fenrirs que estavam falando. Meu desejo de saber o que eram fez meu medo dos rosnados diminuir e meu corpo seguir no caminho contrario de onde deveria seguir.

Um frio na espinha me bateu quando eu ouvi os rosnados e eu corri para onde o resto do grupo estava. Precisava ver tudo o que estava acontecendo.

Então, eu vi, na borda da floresta, uma espécie de matilha de lobos. Não sabia se podia descrevê-los assim: parecia-me uma mistura de lobo e urso, mas muito maior do que deveriam ser. Como eu nunca vi nada parecido com aquilo? Eram ferozes e pareciam que seguiam somente o instinto de atacar.

Matthew estava na frente do grupo, levando todas as investidas dos fenrirs, que pareciam extremamente fortes e agressivos. Aquilo me fez querer mata-lo: ele não podia se jogar nos golpes assim! Desejei poder pegar minha espada e me juntar a ele, protegeria suas costas com minha vida se necessário.

Instintivamente me abaixei e peguei uma espada caída perto de mim. Uma briga dentro de mim se formou, queria ir, mas poderiam me perguntar onde aprendi a lutar. Decidi que assistiria, mas se algo acontecesse com Matthew eu não responderia mais por mim.

A batalha durou mais alguns momentos, com todos os rapazes atacando os bichos até que eles decidissem recuar para a floresta novamente. Então, estava tudo calmo e eu estava lutando para desacelerar meus batimentos cardíacos.

- Estás bem? – eu senti alguém me perguntar e vi que era Jake, com a mão no meu ombro.

Rapidamente coloquei a espada em minhas mãos atrás das minhas vestes, procurando onde esconde-la.

- Eu... estou. – respondi para ele.

Dei dois passos devagar para trás esperando chegar à parede onde eu vira antes alguns sacos. Vesgo estava com boas intenções e eu não sabia se me preocupava com ele perto ou esconder o que tinha em minhas mãos.

- É por isso que moças não devem ir para a guerra. – Ele falou e pegou gentilmente no meu braço. – Eu te levo até a estalagem, vem.

Eu não iria contestar, pois com esse movimento consegui virar meu corpo, colocando a espada entre as saias e a escondi. Foi quando ouvi uma voz um pouco mais grossa falando com meu amigo:

- Não me arrisco a deixar Lady Barlow andando sozinha com um rapaz com sua fama numa noite dessas, senhor Vesgo. – Matthew disse com uma reprovação moderada na voz.

- Eu nunca faria nada à Mira, digo, Lady Barlow, professor. – ele disse, na forma mais galante indignada que ele conseguiu colocar. – O senhor sabe.

- O resto da sociedade não. – ele retrucou. – Descanse em paz: eu levarei milady até seus aposentos.

E Vesgo bateu uma espécie de continência acompanhado de um “Sim, senhor” e seguiu na nossa frente, junto com o resto dos rapazes.

- Estás bem? – Matthew repetiu a pergunta de Jake e eu fiquei pensando por alguns instantes.

Me perguntava o que dera no meu professor de esgrima, usualmente tão tático e estrategista, para ficar se jogando na frente de todas as ameaças que apareceram durante o dia.

Será que.... será... será que ele...? Não ele. Mas talvez... hmm... eu engoli seco e fechei os olhos, lançando minha pergunta sem pensar:

- Matthew... Tu estavas se pendurando de cabeça para baixo numa árvore só para me impressionar?

E eu senti meu rosto ficando vermelho, vermelho, vermelho. Isso mesmo, Mira, você tinha que perguntar. Só porque ele disse que te ama não significa agora que o mundo dele gira ao redor de você. Problemas de ego sérios aqui, hein?

- Sim. – ele disse numa voz um pouco engraçada.

Eu parei por um instante e de repente, eu só conseguia sorrir. Meu lábios estavam aberto em um grande sorriso.

- Sim?

Ele suspirou e quando viu que os meninos estavam bem afastados, me puxou e me abraçou:

- Sim. – ele falou. – Bom, por outros motivos também, Mira, mas, eu percebi que, bom, fiz algumas coisas estúpidas e idiotas, como lutar contra fenrirs sozinho, porque... eu quero que você pense que eu sou grande e forte o suficiente para lutar por você.

Ele parou por um instante e eu só conseguia sorrir, sorrir o mais aberto que eu conseguia, porque... porque sim!

- Então, você... está impressionada? – ele perguntou, e eu conseguia ouvi-lo sorrir, porque, bom, você sabe quando alguém está sorrindo só pelo jeito como ela fala, mesmo que não consiga ver e eu estava sorrindo também e dando risadinhas como uma menina apaixonada.

- Eu (risadinhas) estou. – E olhei para baixo, ainda vermelha e sorrindo.

- Que ótimo. – ele disse e largamos o abraço, para que ele me desse a mão por alguns instantes. – E não aches que não percebi a besteiras que ias fazer.

Estanquei alguns segundos antes de conseguir andar novamente. Não queria que brigássemos e eu sabia que estava errada. Estávamos sendo sinceros com nossos sentimentos e com ele eu não precisava ficar mais presa em modos e etiquetas.

- Eu não conhecia aqueles bichos e fiquei preocupada. Não conseguiria ficar parada vendo que algo poderia acontecer a ti.

- Quando voltarmos terá que ter uma aula somente sobre obediência ao líder e saber quando deves ou não pensar em se machucar por minha causa. – Ele falou com um sorriso bobo no rosto.

- Continuaremos com nossas aulas? – Falei sentindo meu coração bater com força.

- Claro... – Ele parou alguns segundos antes de me perguntar. – A não ser que não querias mais...

Sorri internamente, eu o conhecia o suficiente para perceber que sua preocupação era comigo.

- Como disse antes, confio em ti. – Apertei a mão dele com força, aproveitando os últimos segundos juntos.

Eu ainda estava sorrindo feito boba apaixonada quando entrei no quarto e eu tenho certeza que Lyra me viu. Ela sorriu para mim com aquele ar de quem compartilha um segredo e eu sorrio de volta, como quem confirma, enquanto minha cabeça grita para mim "Ótimo jeito de esconder uma paixão, hein, Mira?" e eu a ignoro solenemente.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Capítulo 26

Voltamos!!

Eu ia tentar mudar o layout antes de uma nova postagem, porém isso faria demorar mais ainda voltar a colocar um novo capítulo e achei que iriam querer me matar.

Uma amiga minha muito talentosa fez um desenho maravilhoso e perfeito da Mira e do Matthew. Coloquei ao lado para quem quiser ver e também ao final do post. Dani, ficou perfeito!! *__*

Bom, acho que querem mais um novo capítulo do que palavras minhas ;)

Beijões

Jujub

P.S. Não esqueçam nosso comentário :D

*****
Matthew POV

Quando eu acordei naquela manhã, eu fiquei pensando em tudo que havia acontecido conosco nos dias anteriores. O ciúme tolo que eu tive do jovem Vesgo, que procurava minha (e sim, agora posso chama-la corretamente de minha!) Mira para aconselhá-lo sobre outra. Os desencontros. As discussões. E o beijo naquela rua escura sob a luz do luar, a caminho da estalagem, após um fatídico baile, na noite anterior.

Soava quase como um sonho, mas eu sabia que não, não era.

E ela é tudo que eu sempre quis: é a mulher perfeita para me acompanhar durante a estrada. No entanto, à luz da manhã, eu começava a ter minhas dúvidas. Será que ela sabia exatamente o que estava fazendo? Ou estava apenas seguindo um capricho de um coração de menina? Ela realmente gostava de mim? Ela sequer dissera aquilo, mas eu, como um apaixonado, já me fizera acreditar que, sim, ela me amava tanto quanto eu a amava.

Sim, eu amava Mira Barlow.

Não sei quando exatamente aquilo aconteceu, mas a realização do fato me deixou estatelado na cama, pensando no quão profundo meus sentimentos eram por ela e no quanto ela poderia simplesmente esmigalhar meu coração se, depois desse beijo, ela dissesse o contrário.

Eu poderia, é claro, difama-la e obriga-la a ficar comigo do mesmo jeito, mas eu a amava verdadeiramente, como o amor é aos olhos do Senhor, e quero que ela seja minha porque assim o quer, não porque assim eu a obrigo.

Meu coração apertou-se com a possibilidade da noite anterior ter sido um erro. Um erro. Será? Para mim, um erro, com certeza. E ela... bom, eu sou Matthew de Aldearan, o grande esgrimista de meu tempo, a quem acompanhará o anjo Miguel no dia do julgamento, como seu braço esquerdo. Ou assim, eu penso e acredito com toda a fé que me cabe.

Mas eu sou velho.

Eu já tenho 26 anos de idade e meu braço direito me deixou praticamente um inválido. Se não fossem a bondade e admiração que me tem os mestres de Hogwarts, eu seria pouco mais que um ninguém.

E ela merece mais do que isso. Ela merece alguém jovem. Alguém para ser feliz com ela durante mais tempo do que eu serei. Alguém que traga honra, orgulho e glória e que ela possa vê-lo conquistar todas essas coisas. Não alguém que viva de um passado que ela não conhece.

Mira Barlow merece alguém que seja tolamente apaixonado, que fique de cabeça para baixo pendurado numa árvore para que ela ria, que pule de um telhado alto para que pense que é corajoso e que cometa atos estúpidos para que ela se preocupe e depois venha lhe curar as feridas, percebendo-se assim, apaixonada.

E eu sou velho demais para isso.

A luz da manhã é cruel aos meus olhos. A noite me aninhou confortavelmente no sonho de viver o resto de minha vida com ela, mas a claridade me diz que eu devo deixa-la entender muito bem o que está escolhendo.

Eu ainda não posso pedir sua mão em casamento, não até que ela tenha certeza absoluta do que está preterindo.

Existem outros. Talvez não tão bons quanto eu, mas, certamente, ótimos e jovens. Não é, também, como se a sociedade fosse achar muito estranho que ela case-se com um homem mais velho. Acontece o tempo todo, mas, geralmente, a noiva dificilmente está feliz com isso.

Ela se apaixonar por um homem mais velho? Aí está um grande perigo e um motivo para mal falarem minha menina. Eu poderia suportar aquilo? Não sabia.

Então, quando todos se levantaram, eu fui até o ponto de encontro onde nos reuniríamos antes da partida. Ao vê-la, novamente, perdi o fôlego: ela estava estonteante e seu sorriso, que eu sabia que ela o dava generosamente apenas para mim, me deixou sem ar.

- Bom dia, professor. – cumprimentou-me minha colega de corpo docente, Hostilia Gryffindor, e eu retribui respeitosamente seu aceno.

Eu precisava dar um jeito de conversar com Mira. Não sei por quanto tempo eu conseguiria sobreviver a ilusão. Se ela fosse me rejeitar, que fosse o mais breve possível.

Não notei que as pessoas ao meu redor estavam conversando.

- Lady Barlow, acho que deverias pedir ao professor Aldearan para ajudá-la em sua tarefa.

- Hm, professor, eu preciso de ajuda. Não posso, hm, não consigo, hm, Scadufax, hm... – Mira tentou falar, olhando para mim, encabulada. Percebi que ela estava tentando esconder que estava vermelha.

- O que a jovem quer dizer, professor, - Ajudou Hostilia, vendo que sua aluna estava encabulada ao falar com um homem, e aprovando sua atitude retraída – é que está com problemas com a montaria dela e gostaria que o senhor fosse ajudá-la a trazer o cavalo para o grupo.

- Entendo. – Eu falei sem entender nada. Scadufax? Desobedecer sua dona? Até parece. Era mais fácil Mira obedecer Hostilia Gryffindor. Aquilo me deixou um pouco perplexo e eu fiz sinal para que a jovem me seguisse. – Trocken, assuma o comando das preparações para partida. Irei resolver o problema e volto assim que puder.

Os olhos do rapaz brilharam. Ele era um bom moço. Um rapaz promissor, de futuro brilhante na carreira como esgrimista. Ele era mais do que excelente, era, provavelmente, meu melhor pupilo. Junto com Mira, que, estava ao meu lado, tentando não me encarar.

Quando ficamos distantes o suficiente do grupo e fora de seu campo de visão, eu preparei-me para conversar com ela.

- O que foi isso? – eu perguntei, com a eloqüência fugindo-me mais do que o comum.

- Queria de falar a sós com ti e precisei arrumar uma desculpa. – Ela disse, sorrindo timidamente. – Foi o melhor que pude pensar.

- Fez bem. Precisamos mesmo conversar. – Eu disse, um pouco nervoso e sentindo minha mão tremer.

Não é hora para me falharem, nervos.

- Fales primeiro, professor. – ela disse.

- Pelo amor de Deus, me chame pelo nome. – eu retruquei.

E ela sorriu um pouquinho mais e meu coração se iluminou por um instante, até eu lembrar do que falaria para ela.

- Matthew. – ela falou devagar, saboreando a palavra. Soava muito melhor nos lábios dela do que nos de qualquer uma das mulheres com quem eu já havia me deitado. Talvez... não, não iria pensar naquilo agora.

Ela continuou:

- O que gostarias de conversar?

Então, eu contei para ela todos os pensamentos que tivera naquela manhã. De como ela deveria ficar com algum outro rapaz jovem, de como eu temia que ela não soubesse o tamanho da escolha que estava fazendo.

- Você merece um rapaz que seja tolamente apaixonado por você. Alguém que faça besteiras para lhe impressionar e espere que você ache que ele é corajoso. E eu não sou assim, eu sou velho demais para isso.

Eu terminei de falar com mais alguns dos fatos que havia decidido expor a ela e deixei que ela pensasse por um instante antes de lhe perguntar:

- Bem, o que tens a dizer? – E minhas mãos fecharam-se ao meu lado, com medo do que ela iria responder.

Mira respirou muito fundo. Deus, eu espero que ela não diga que não pode ficar comigo. Por outro lado, eu gostaria que dissesse que sim. Ou não. Não, definitivamente não. Minha força de vontade não era tão forte assim.

- Matthew... – ela começou, e sua voz estava com dor. – Não estás apaixonado por mim?

Eu virei o rosto surpreso e vi que o corpo dela se curvava um pouco, como se protegesse de algo que estava por vir. E percebi o quanto doeu para ela dizer aquilo, e eu me senti o maior estúpido do mundo por causar-lhe tanta dor. Eu queria abraça-la com força e beija-la.

- É claro que eu estou. – eu respondi, me contendo para não chama-la de tola. – É lógico que estou. Como eu não poderia estar? Eu... tenho sentimentos muito fortes por você.

E isso foi como eu tentei dizer a ela que a amava, mas de forma a não parecer apressado e idiota.

- Se sentes isso por que queres que eu escolha outra pessoa? – Eu via nos olhos dela que não havia acreditado totalmente no que falei sobre o que sinto.

- Eu quero ficar com ti, Mira. É o que mais desejo no mundo desde que eu te vi pela primeira vez. Eu só não sei se tu sabes o que isso significa. Eu sou velho. Eu sou praticamente inválido. Sou um homem com muitos inimigos e poucos amigos. Eu não sou jovem ou bonito. Mas eu preciso que sejas feliz. Mesmo que não seja comigo.

É mentira, Mira. Eu quero que você seja feliz, mas eu quero mais do que tudo que você seja feliz comigo. Respirei fundo e continuei.

- Não precisas me responder agora.

Virei-me para ela quando chegamos no estábulo e me coloquei na frente de seu cavalo.

- Eu tenho sentimentos muito fortes por ti, Matthew, para me importar com tudo isso que falaste. – Ela falou segurando uma das minhas mãos.

Eu a abracei.

- Tu sempre poderás mudar de idéia, não preciso da sua resposta agora. Eu... posso esperar. – Eu disse, suspirando. – Até lá, eu gostaria de ter sua companhia ao meu lado.

Ela virou a cabeça para cima e ficou me observando com aqueles olhos insondáveis. Então, quando eu menos esperava, ela levantou na ponta dos pés e me plantou um beijo leve nos lábios. Aquilo me pôs a ferver e eu novamente senti o quanto estava apaixonado. Meu coração disparou.

- Amo-te, Mira Barlow. – eu disse, baixinho, sem pensar, o que eu queria dizer a ela todo o tempo.

- Eu...

- Shh. Eu prefiro não ouvir agora. Quando tu tiveres certeza... – eu disse e a beijei de novo.

Depois da conversa, levamos Scadufax para o resto do grupo e eu tive que me lembrar de soltar sua mão ao chegarmos no campo visível. E quando ela se afastou, feliz, para a companhia de suas amigas, eu senti frio, como nunca havia sentido antes.

Porque ela era fogo, como aqueles cabelos ruivos, e eu era gelo, mas eu nunca tinha percebido isso até que ela chegasse perto o suficiente para me derreter por completo. Apenas para ela, apenas por ela.


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