segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Capítulo 16

Acordou na manhã seguinte com uma leve ressaca. A cabeça doía e ele precisava reunir aqueles pestes para irem logo pra porcaria do torneio e acabar com tudo isso. Matthew ficava extremamente irritado quando seu corpo dava sinais de não estar acostumado com a quantidade (enorme) de bebida que ele tomava.

- Professor? – um dos rapazes perguntou um tanto quanto receoso – Uma das moças foi reportada pelas companheiras como desaparecida. Ninguém a viu desde a noite anterior.

O professor passou os olhos pela turma de homens que ele ajudava a formar e tentou identificar um possível culpado para descontar o ódio de ter sido atrasado. Queria chegar rápido ao local do torneio pra poder descansar antes de encontrar com os outros homens-de-arma.

- Quem Smith? – ele retrucou.

- Lady Barlow, sir. – ele respondeu quase como se pedindo desculpas pela moça.

O peito de Matthew inflou de uma mistura de raiva e preocupação. O que teria acontecido com sua protegida? Então ele não a vira subindo as escadas para seus aposentos? O que ela teria feito? Alguém a teria raptado?

- Desgraça.

Saiu correndo para dentro da estalagem e foi buscar professora Hostilia. Ela estava com as outras duas moças, sentadas no sofá da sala de convivência da hospedagem.

- Qual de vós foste a última a ver Lady Barlow? – perguntou ele quase cuspindo ao falar a ultima palavra. – Respondam.

As três entreolharam-se assustadas. Até mesmo a professora mão-de-ferro parecia assustada com o professor de ressaca, monstruoso em sua raiva.

- Eu. – disse Lyra, a corvinal. – Subimos juntas para o quarto e eu estava prestes a dormir quando ela disse que iria buscar água para tomar, pois tinha sede. Eu ia atrás dela, mas já estava completamente vestida para dormir e temi que algum homem me visse assim. Como havia uma bandeja com uma jarra de água no corredor ao lado do quarto da professora, presumi que ela voltaria logo. Devo ter adormecido, pois não me lembro de ouvi-la voltar.

Matthew ouviu-a atentamente e sua mente presumiu que nesse momento, a lufana deveria ter ido lá para o salão. Logo, o último a encontrá-la fora ele próprio, entretanto recordava-se quase com certeza de que a vira subindo as escadas de volta ao quarto.

- Mandem vasculhar todos os quartos da estalagem. – O professor voltou-se para um rapaz que trabalhava no local que estava por perto. – E torça para que ela não tenha sido encontrada no quarto de algum outro hóspede aventureiro.

Todos cruzaram os dedos, enquanto o professor subia, ele mesmo, para revirar o lugar inteiro.

******


Mira terminou de escovar Scadufax e pela posição do sol no céu, viu que o dia já havia nascido há algum tempo e que ela provavelmente perdera a hora ao cuidar de seu corcel. Este último relinchou de contentamento ao ver-se livre das escovas protetoras que ele tanto não gostava. O cavalo não podia negar que era confortante ver-se sem os nós que infestavam seu pêlo, mas ao mesmo tempo, detestava a sensação das cerdas passeando por seu pelo.

A jovem, por outro lado, achava relaxante cuidar de seu companheiro e fora justamente por essa propriedade que ela desistira de tentar algum sono reparador, passara por seu professor de História Antiga adormecido e viera até o estábulo olhar por Scadufax.

Ao ver que o dia já corria, se preocupou com o horário, afinal, Matthew havia dito que partiriam cedo, bem cedo. Arrumou seu material e correu pelos fundos para tentar alcançar o quarto sem ser vista.

- Mira! Finalmente! Onde tu estavas? – ouviu uma voz atrás de si e virou para reconhecer Jake de Malvoisin, o Vesgo, na porta do estábulo. – Puta merda, que susto que nos deste. Está todo mundo te procurando, achamos que alguém havia lhe feito algum mal. Graças a Deus, estas bem.

O Vesgo correu até a menina e deu-lhe um abraço. O rapaz não tinha muitos pudores com as damas, especialmente aquelas a quem ele considerava amigo. A principio, ele gostara da idéia de que moças pudessem competir com os homens no torneio inter-escolar, para que elas pudessem humilhar alguns idiotas, mas assim que vira sua amiga desaparecida, desejou que elas nunca mais tivessem que fazer uma viagem tão longa com eles.

- Eu estou bem, Vesgo. Eu só acordei cedo para vir cuidar de minha montaria. - Ela falou meio sem graça com o abraço do amigo.

- Tu não tens idéia do quanto preocupou todo mundo. – Ele olhou para a garota. - Nossa. Estas toda suja de pêlo de cavalo e barro. Lady Gryffindor vai querer te arrancar a pele e ela não é a única... Sei que o professor Aldearan está de mau humor hoje...

Os dois andaram lado a lado, enquanto um Vesgo aliviado falava sem parar sobre o quanto ele nunca mais a deixaria desacompanhada naquele torneio. Ele era um bom amigo, pensou Mira, angustiada com a recepção que teria ao aparecer naquele estado para o resto do grupo.

- Professor, eu a achei! – gritou subitamente o rapaz.

Matthew virou para o lugar da onde tinha vindo o grito e uma onda de alívio misturada com nervoso invadiu seu ser. Por um lado, ele queria abraçá-la e enchê-la de beijos e carinhos, dizendo que ela nunca sairia do seu lado enquanto ele vivesse. Já tivera um gosto de preocupação por ela ter sumido uma vez e não planejava passar por isso de novo. Por outro lado, ele queria quebrar o pescoço daquela desgraçada por fazê-lo se preocupar e passar vergonha na frente de outros alunos e garotas.

- ONDE a senhorita estava? – ele perguntou vociferando com ela.

- Professor Aldearan, eu fui até o estábulo preparar a minha montaria para o torneio. Eu havia pensado em montá-la hoje até a cidade para acostumá-la com o ritmo de corrida e fui checá-la...

- DESACOMPANHADA? SEM AVISAR NINGUÉM? SEM QUE UM HOMEM A ESCOLTASSE?

A menina baixou a cabeça, nervosa por tais palavras e ao mesmo tempo pesarosa porque sabia que havia preocupado e atrasado a todos. Matthew se descontrolou e extravasou toda a raiva que estava sentindo desde o começo daquela manhã.

- E se alguém a tivesse feito mal? E se tivesse sido seqüestrada por bandoleiros? Se houvessem manchado tua honra? – Ele segurou o braço dela com força - O QUE LHE PASSOU PELA CABEÇA QUANDO SAIU DA ESTALAGEM ANTES DO SOL NASCER?

Mira mordeu os lábios, segurando as lagrimas. “Não vou chorar, esse desgraçado não vai me fazer chorar.”, ela pensou consigo mesmo e não conseguiu responder à pergunta. O professor percebeu que ela não conseguia falar e virou-lhe as costas.

- Já perdemos tempo demais. Vamos embora.

Ele afastou-se e foi selar seu cavalo, enquanto todos os outros se apressavam a arrumar suas montarias e trazer suas bagagens para seus respectivos lugares. Mira olhou o resto das pessoas e viu uma das moças se aproximando com a professora Hostilia.

“Ai meu Deus, lá vem.”, ela pensou com um arrepio cruzando-lhe a espinha. A professora mirou-a de cima abaixo e a menina preparou-se para receber uma reprimenda.

- Se eu não estivesse tão debilitada por causa de minha poção, a senhorita haveria de ouvir umas lições. – disse a mulher enquanto apoiava-se levemente na aluna que a ajudava – Milady Stevenson, leve-me até a carruagem. E tu, - e apontou para Mira - limpe-se com puder.

A corvinal assentiu e cambaleando um pouco, foi cumprir a ordem da mestra, enquanto a lufana corria para dentro e pegava suas coisas, sacando um lenço de dentro das vestes e já se espanando pelo caminho.

Matthew estava prestes a subir no cavalo quando foi interrompido por uma moça, extremamente tímida de falar com um dos professores mais respeitados da escola, que disse com voz baixinha:

- Professor...

- Que é? – ele respondeu rispidamente, para depois acrescentar um rigoroso – milady.

- É que...

- Fale!

- Temos um pequeno problema com nossa carruagem. - ela terminou e baixou a cabeça, como sempre fazia quando estava na presença dele. - A professora Hostilia está dormindo e não há espaço para todas nós. Para virmos, uma de nós ficou sentada no chão o tempo todo.

Matthew parou para refletir. Sua vontade era dizer que elas que se apertassem, mas sabia que seria muito rude e desrespeitoso com elas. Mas que porcaria de problema também! Sua testa franziu ao ver Mira se aproximando, esbaforida.

- Eu poderia ir montada em Scadufax e já prepara-lo para a prova... professor. – ela disse, acrescentado a última palavra com desgosto. - Era minha idéia inicial quando fui cuidar dele e...

- Não quero ouvir tuas desculpas, Milady. – ele disse – E tampouco posso deixá-la montar sozinha num cavalo enquanto estivermos numa estrada. Tenho outras coisas com as quais me preocupar.

Ele falou aquilo e pôs-se a pensar. Deixa-la montar estava fora de cogitação, iria ser uma fonte a mais de nervosismo. Tinha que arrumar um modo de resolver aquele problema que havia surgido numa hora inoportuna. Talvez se...

- Bom. – ele começou. – Façamos o seguinte então. Não posso deixar milady montar sozinha, mas certamente não te incomodarás se for na minha montaria. Não vou deixá-la tampouco com um dos rapazes, como modo de não gerar qualquer dúvida sobre sua honra, mas creio que não teremos problema se montares comigo.

A idéia o agradava cada vez mais a partir do momento em que pensara nela. Mira estava um tanto quanto chocada com o que fora proposto. Detestara ter sido exposta naquela bronca que ele lhe dera e nem pudera se explicar e agora, detestaria ainda mais ter que conviver com ele - bem próxima - durante o dia inteiro.

- Está decidido. – ele falou, abrindo um meio sorriso. – Milady, volte para sua carruagem e Lady Barlow, venha comigo.

A ruiva andou ao lado do professor o tempo todo com a cabeça baixa e os punhos cerrados, sinal que estava fazendo algo a contragosto.

Matthew subiu no cavalo e sem que dissessem uma palavra estendeu sua mão, a colocando montada junto dele. Com um levantar de mãos todos saíram para aquele último dia de viagem.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Capítulo 15


A viagem durante o dia foi calma, tantos para os alunos quanto para os professores. Hostila dormira a dia todo, sob efeito de sua poção e em nenhum momento incomodara as garotas com seus comentários. Em compensação as três meninas se ajeitaram para sentar em um lugar onde normalmente ficariam duas. Isso não seria um grande incomodo se a viagem não fosse corrida, com pausa somente para duas refeições.

A chegada na hospedaria onde ficariam pelo pernoite foi bem recebida principalmente pelas garotas que queria esticar as pernas e sair do aperto que era a condução delas.

Em todo o jantar a professora Hostila estava bem acordada e criticou os modos e a arrumação de Mira à mesa. Durante a viagem a ruiva ficara sentada no chão da carruagem para deixar as outras mais confortáveis, além dela mesma, mas isso a levou a ficar com dor na coluna e um rosto extremamente cansado. Para a professora, ela não poderia se apresentar para o jantar com aquele rosto e deveria ao menos tentar disfarçar arrumando o cabelo corretamente, mesmo não tendo ninguém à mesa além das garotas.

Os rapazes tinham um horário mais flexível e não tinham a obrigatoriedade de ficar na hospedaria, nem para o jantar. Eles tinham toda uma vila para conhecer e se divertir, somente deveriam estar inteiros para a continuação da viagem no dia seguinte. O mesmo valia para o professor que era responsável por eles, que saíra para comer com seus alunos, mas decidira voltar mais cedo.

Ao entrar na hospedagem Matthew viu que ainda havia alguém na parte separada para descanso, perto da lareira. Viu que era uma mulher e pelo horário sabia que somente Mira teria a coragem para estar ali, sozinha. Coragem ou insensatez, ele diria...

Ela estava sentada em uma cadeira, olhando fixamente para o fogo. Segurava suas longas madeixas na frente, enquanto suas mão mexiam, arrumando e desarrumando uma trança. Seus olhos, apesar de fixos, estavam longe, junto com sua mente.

Matthew se perguntou se ela o aguardava ou se algo a perturbava. Ele se lembrou que bebera antes de voltar, não esperava encontrar ninguém, muito menos ela. Ele não devia explicações de seus atos e nem estava fora de sua consciência, mas algo no fato de estar com cheiro de bebida e sentar ao lado daquela linda mulher o incomodava.

Mira virou o rosto, sentindo que tinha alguém parado atrás. Ouvira passos de alguém entrar e prestou atenção que o mesmo não continuara. Ao ver Matthew parado ali ela se perguntou por que ele não se aproximava. Ao pensar isso a ruiva percebeu que não estava ali somente porque ficara incomodada com o que ouvira de sua professora durante o jantar, mas o estava esperando. Queria conversar com alguém, queria conversar com ele.

Ao se ver alvo dos olhos negros de Mira, ele decidiu que iria ate a sala, mas um pouco afastado dela. Ele sentou em um banco e olhou para ela. Naquele momento que o mestre de esgrima viu aquele rosto angelical iluminado pelas chamas da lareira ele despertou e junto todo o seu corpo.

- Professora Griffyndor falou que eu sou bruta... – Mira falou olhando as chamas. As palavras usadas por sua professora a atingiu mais do que queria admitir. – Que sou um homem escondido dentro de um vestido e por isso iria competir em montaria. Que nunca terei um marido, pois nenhum homem aceitaria uma meia mulher masculinizada...

Internamente ele sorriu ao ver que ela estava esperando por ele, mas sentiu uma pontada de tristeza ao ver o olhar dela, perdido. Não se lembrava quando foi a vez que a vira assim, principalmente por palavras vindas de uma professora.

- Sabes minha opinião sobre mulheres tentarem ser iguais a homens, do mesmo modo que sei a tua. Mas posso afirmar que mesmo a vendo manejar muito bem uma espada, nunca, em nenhum momento, a vi como um homem... – “e nunca a veria”, ele completou mentalmente.

Ela virou a cabeça e observou bem o rosto de Matthew. Pode sentir pelo cheiro dele, provavelmente estava em uma taverna e se perguntou se lá ele estava acompanhado ou não. Esse segundo pensamento a incomodou de um modo que não imaginava possível e a ruiva se viu perguntando o por quê.

- Obrigada Matthew, era o que eu precisava ouvir. – Ela falou desfazendo mais uma vez a trança que estava em seu ombro.

Ele virou o rosto ao ouvir Mira o chamar pelo seus primeiro nome querendo observá-la melhor. Ao vê-la jogar seus cabelos, agora soltos, para as costas, Matthew buscou uma sobriedade para se controlar. Estava cada vez mais difícil segurar a necessidade que seu corpo sentia em saber o sabor daquela pele.

- É melhor subir e descansar, amanhã teremos um dia longo antes de chegarmos, à noite, na cidade onde será o torneio.

O cavalheiro dentro dele precisava que ela saísse de perto dele o mais rápido possível. Ele podia ver que se ele avançasse naquele momento até poderia ter o que queria, mas não como queria.

A jovem assentiu e se levantou, deixando atrás um homem que a cada dia que passava a via como sua mulher. Ele sorriu enquanto a via subir as escadas e segurou firmemente os impulsos de ir atrás dela e arrasta-la tal qual animal toma sua fêmea.

Sentia-se um animal muitas vezes, mas sabia que Deus fizera os homens daquele jeito com um propósito e não se envergonhava de suas necessidades. Era curiosa sua relação com o olfato inclusive. Muitos dos animais reconheciam uns aos outros pelo cheiro, inclusive sabendo se uma fêmea no cio estava por perto.

Quando Mira estava no recinto, ele sentia seu cheiro invadindo-o e hipnotizando-o, algo de jasmim e sândalo com o perfume único de mulher que ela exalava. Era o único cheiro que ele conseguia lembrar de cabeça, algo que o excitava só de pensar de senti-lo no pescoço da dona.

Nunca tivera isso com nenhuma mulher por quem eventualmente tivesse se apaixonado, ou só simplesmente sentido desejo. Era algo único, novo, uma fome que não podia ser saciada, uma coceira que não podia ser coçada.

A desgraça do sorriso dela, o cabelo vermelho que ocupava sua mente. Sentado no salão da taverna, ele olhava para o fogo tentando se acalmar e enxergando ali o jeito de sua amada.

Acabou adormecendo.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Capítulo 14

As cores novas da manhã começavam a pintar o céu dando bom dia aos que já.se encontravam despertos. Um grupo de pessoas estava parado à frente de Hogwarts. Junto também estava uma carruagem com o brasão da escola e vários cavalos prontos para saírem.

Há anos as escolas de magia do continente europeu se encontravam em um torneio intercolegial para uma confraternização e também distribuição de prêmios e prestígio aos vencedores.

A diferença era que naquele ano acontecera uma mudança, malquista por alguns, bem vinda por outros. Nesse ano as alunas poderiam participar e não seria somente em disputas consideradas ‘de mulher’. Teriam torneios mistos, onde alunos e alunas competiriam em pé de igualdade.

Alguns professores culparam Hogwarts, que no início daquele ano fizera algo parecido, dando mau exemplo para outras escolas. Outros aplaudiram, falando que a Escola de Magia da Inglaterra era pioneira, que tinha visão futurísticas.

Os alunos que se encontravam naquela manhã no lado de fora do castelo, com suas bolsas de viagem prontas, não se preocupavam com isso. Os garotos não viam ameaça das garotas que iriam competir, menos ainda das de Hogwarts. Só três garotas quiseram ir e competir e dessas somente uma iria competir diretamente com os rapazes.

A professora Hostila Griffyndor, responsável pelas alunas, parou no lado de fora do castelo olhando para a carruagem a sua frente. A ela não agradava em nada aquela viagem, mas a agradava menos ainda deixar aquelas meninas a mercê de idéias progressistas. Ela tinha a missão de preservar os ideais de Hogwarts na mente das alunas.

Ela olhou em volta e viu que somente uma das alunas estava presente. Sabia que as outras tinham ainda cinco minutos para chegar e em resposta a segunda aluna parou ao seu lado cumprimento-a.

- Falta Lady Barlow. Se ela se atrasar, não irá conosco. – Falou alto a professora.

O nome da lufana chamou a atenção do professor responsável pelos rapazes, Matthew de Aldearan, Mestre de Esgrima. Ele olhou para a porta do castelo se perguntando onde estaria a ruiva.

Desde que soube que garotas iriam participar do torneio e iriam na mesma viagem, ele fez questão de estar perto para cuidar daquela que um dia seria sua. Ele tinha a obrigação de salvaguardar a honra da sua futura mulher.

O rosto de Mira apareceu esbaforido ao lado da professora. Falando entrecortadamente ela cumprimentou a todos. Era visível que a lufana correra para chegar a tempo.

- Desculpem... o... atraso... – Ela falou colocando sua bolsa no chão.

- Tuas desculpas não são suficientes, principalmente ao ver seu estado. Te recomponhas! E vocês duas me sigam. - Griffyndor falou rispidamente e andou até sua carruagem.

Mira olhou atravessado para a professora e mais ainda para os rapazes que olhavam para ela e riam. Ela sabia que a maioria deles a criticava por ir e competir diretamente com eles. Não iriam admitir que se sentiam ameaçados com a possibilidade de perder para uma mulher.

Enquanto tentava arrumar seu cabelo com uma das mãos, ela abaixou a outras para pegar sua bolsa de roupas e levar até a carruagem, não esperava que alguém a ajudasse. Para sua surpresa a bolsa não estava mais no chão e sim na mão do seu professor de História Antiga.

- Acredito que irás precisar das duas mãos para arrumar estes fios que estão caídos em teu rosto. - Matthew falou seriamente.

Na frente de todos que ali estavam ele não iria expor Mira e mostrar o começo de intimidade que tinham. Desde que se percebera amando a ruiva, o modo de tratá-la mudou. O desejo que sentia cresceu a cada dia, mas ao mesmo tempo ele controlava mais seus instintos, principalmente na frente de outros.

No ultimo mês ele passou a respeitar também a esgrimista que ela se tornara. Matthew estava impressionado com a velocidade com que Mira aprendia o que ele ensinava. A vontade dela em sempre querer saber mais fazia com que eles ficassem horas juntos e ela não reclamava em nenhum momento, nem por sono nem por cansaço.

- Obrigada. - Ela sorriu para ele agradecendo.

A contragosto a ruiva entrou na carruagem e se acomodou ao lado de uma aluna que pelas vestes era da corvinal. Até aquele momento nenhuma das três garotas tinham sido apresentadas uma a outra.

A professora Hostila falou para que elas se comportassem e que obedecessem ao que o professor falasse. Para que não se preocupassem com a segurança, pois os alunos do mestre de esgrima eram os melhores e elas estariam seguras. Ao ouvir isso Mira sorriu ao imaginar o rosto de Griffyndor se ela a visse empunhando uma espada ao lado dos rapazes.

- Prestem atenção agora. Eu não consigo viajar muito tempo que fico enjoada e como não é nada belo uma dama com o estômago fraco, irei tomar uma poção que me fará dormir e relaxar a viagem inteira. – Ela falou com o pequeno frasco na mão. – Só me acordem se for algo de extrema urgência. O Professor Aldearan já está ciente e irá ficar perto de nossa condução, nos guardando.

As três garotas somente assentiram com a cabeça. Nenhuma delas em sã consciência iria contradizer qualquer coisa falada por Hostila. As três não teriam como saber, mas ao mesmo tempo agradeceram pela poção que as daria um pouco de descanso também.

Vinte minutos depois a corvinal ao lado de Mira falou com as outras.

- Será que ela dormiu mesmo?

- Espero que sim. – Mira falou sem pensar se alguma das outras gostava ou não da professora.

As três garotas sorriram e começaram a conversar, contando o que esperavam daquela viagem e se ganhariam ou não.

Após algumas horas a carruagem parou para a surpresa das garotas.

- Irão sair e esticar as pernas para comer? – Matthew falou ao abrir a porta.

Com um olhar do professor, um dos alunos rapidamente se colocou ao lado da carruagem, ajudando as jovens a sair.

Mira foi a última a descer e olhando pra trás perguntou:

- Devemos acordar a professora?

- Não creio que seja uma boa idéia. Pedirei a um dos garotos que monte guarda na carruagem para que nada lhe perturbe o sono. – Matthew respondeu espiando para dentro do coche e em seguida oferecendo a mão para ajudar a sua garota a descer.