segunda-feira, 4 de maio de 2009

Capítulo 01 e meio


Queridas pessoas que estão acompanhando esta história que eu a Raissa amamos escrever, eu pulei um capítulo sem querer.

Este blog é a continuação de uma história que escrevemos no antigo Accio Past e decidimos continuar mesmo sem o blog. Uma leitora comentou que tinha um capítulo que ela adorou no Accio Past e não o viu aqui em Fogo e Gelo (Ana Clara, muuuito obrigada pelo aviso).

Por esse motivo este será um capítulo retroativo porque concordo com a Ana, é neste capítulo que o fogo entre Matt e Mira começa... Além de explicar o feitiço colocado no ferimento dela.

Espero que gostem desta história e me desculpem por este lapso.

Jujub

*****


Deitada em sua cama Mira olhava seu braço, pensativa. Fora ordenada que ficasse descansando, bebendo líquidos e não deveria fazer esforço algum e isso significava não participar do torneio de montaria, que era o principal para ela. No meio dos seus pensamentos, o rosto do seu professor de História Antiga que havia cuidado dela vinha à sua mente. Não sabia o porquê, mas isso a fez ter certeza que estava bem.

Com um leve sorriso no rosto a ruiva se levantou, fora bem cuidada. Tudo o que precisava era cavalgar usando seu braço esquerdo que não teria problemas, não estaria fazendo esforço algum com seu braço direito.

Faltava só meia hora até o começo do torneio, e Mira sabia que ela não teria seu cavalo arrumado como dos outros competidores, fora que teria que colocar a terrível sela feminina. Andou rapidamente até chegar ao estábulo, não queria chamar atenção para si até o momento que dessem a largada.

- Scadufax, meu lindo, vou precisar que hoje tu entendas minha mente. Vou estar diferente quando te guiar... Vais me ajudar? - Mira falava com seu cavalo enquanto o celava. - Seria tão mais fácil sem cela alguma...

Discretamente ela o montou e puxou a manga de sua roupa, cobrindo o curativo que fora feito durante a manhã. Guiando com sua mão esquerda, Mira foi até o ponto onde seria dada a largada. Ela fez questão de não falar com ninguém, fingiu estar concentrada e esperava que não perguntassem sobre o incidente de manhã.

Na verdade, Mira tinha esperança que algumas coisas mudassem na escola no tratamento com as alunas caso Lavinia ganhasse na esgrima e ela ganhasse na montaria. Mesmo os bruxos se orgulhando tanto por serem melhores que os trouxas, o tratamento dado às mulheres ainda era 'ridículo', na opinião da ruiva.

- Boa sorte, Lady Barlow. - Charles Trocken cumprimentava a garota que anteriormente o mostrara que teria uma disputa séria na competição. O rapaz parava ao lado da lufana e sorria. - Teu cavalo é realmente único, ele se destaca no meio de todos os que estão aqui. Se não for muito abuso de minha parte, gostaria de um dia poder montá-lo.

- Obrigada Sir Trocken, mas eu creio que seja difícil isso acontecer. Como te disse anteriormente, ele somente aceita a mim como sua montaria. Mas se queres tanto tentar, podemos marcar.

A resposta foi um sorriso vindo do grifinório, junto com um brilho discreto no olhar. Desde que ouvira a garota falar que ninguém além dela conseguia montar um cavalo tão lindo, ele viu um desafio a ser vencido.

Godric Gryffindor parou em frente a todos os competidores e os chamou para a linha de largada. Explicou a todos que deveriam correr até o marco que se encontrava no final da pista, contorná-lo e voltar. Que a corrida na verdade era mais que somente correr, mas também controlar o animal e fazê-lo obedecer corretamente.

O diretor da família Grifinória parou na linha de largada e esperou todos tomarem suas posições. Mira olhou ao seu lado e viu Naheen tão concentrado para este e para o torneio de saltos, o qual ele participaria mais tarde, que achou melhor não atrapalha-lo. Seguindo seu amigo de casa, a lufana fez o mesmo. Trocou a rédea de mão, segurando com a esquerda e se ajeitou do modo mais confortável e que a machucasse menos em sua cela.

A largada foi praticamente poeira sendo deixada para trás pelos cavalos. As pistas eram largas o suficientes para evitarem colisões e não demorou para que os melhores cavaleiros tomassem a liderança. Charles Trocken, Mira Barlow e Naheen Aziz tentavam cortar Thomas Cole que ganhava a corrida.

O grifinório de olhos bicolores estava lado a lado com a lufana e os dois tentavam ultrapassar o que parecia ser o campeão. Para a surpresa dos dois, o que Gryffindor falara antes era verdade, um bom cavaleiro deveria saber comandar o animal. Cole não conseguiu fazer seu cavalo parar perto do retorno e acabou fazendo uma volta maior do que a necessária, deixando outros competidores ultrapassá-lo.

Para conseguir fazer Scadufax parar no momento certo, Mira viu que precisaria trocar de braço, não teria força nem manejo com o braço que não estava acostumada. Na curva de retorno, a lufana usou seu braço direito para parar seu cavalo e não se surpreendeu quando ele empinou parar retornar. Com um inclinar de corpo a ruiva estava voltando para a linha de chegada.

Ao trocar a rédea de braço novamente Mira viu que tinha feito mais força que deveria e seu corte sangrava novamente. O susto momentâneo a fez diminuir a velocidade e não perceber que Charles e Naheeh a ultrapassaram, e que o primeiro ganhara a competição. Vendo a poeira levantada pelos cavalos de seus competidores a lufana tentou novamente correr mais, mas não conseguiu.

Dessa vez estava realmente preocupada, com o fato de ter reaberto a ferida e com a bronca que certamente levaria da curandeira da escola. Tentou não só chegar logo na linha de chegada, como se afastar da multidão que se formava em volta do vencedor. Pensava em deixar Scadufax no estábulo e discretamente ir até a Lady Skeat pedir ajuda.

A ruiva não teve tempo de perceber que ficara em terceiro lugar e menos ainda tempo de descer do cavalo, o rosto de Matthew Aldearan olhando sério e zangado a fez parar seu cavalo.

- O que pensas que estás fazendo? Não falei que eras para ficar em repouso e não fazeres nenhum exercício? – o professor de História Antiga não elevou a voz. Não a humilharia na frente de todos, mas, ah, a menina sentiria sua ira por te-lo desobedecido.

- Eu não... - Mira não tinha muita opção, fora pega em flagrante e sabia que estava errada, dessa vez. - Eu tive que competir...

- Tu tinhas que me obedecer e ficar quieta. Onde já se viu uma garota competir em montaria e achar que ganharia? Desças agora e venhas comigo. – ele não admitia nenhuma desculpa, sabia que estava mais do que correto e, embora uma ligeira preocupação com o ferimento da menina passasse por sua cabeça, estava concentrado em como iria castigá-la por sua audácia.

Um dos motivos que Mira detestava na cela feminina era que a ajuda masculina para descer era algo necessário, quando se queria descer discretamente e do modo correto, claro. Vendo a mão de seu professor na sua frente ela se viu sem opção. Matthew agarrou o braço bom da menina e não soltou quando ela finalmente havia descido da montaria. Scadufax pareceu pesaroso como sua cavaleira, e o professor não queria saber de ouvi-la.

- E eu tenho todo o trabalho para ficar recolhendo ervas como um reles enfermeiro enquanto ela fica montando cavalos e desobedecendo-me... – ele resmungou para si mesmo.

Poucas vezes Mira chegara a vê-lo tão irritado. Não parecia zangado ou coisa do gênero, ele estava indignado por ter sido desobedecido, e por uma menina.

- Professor, se é que posso sugerir...

- Tu não podes sugerir nada! Tuas sugestões e teus achismos já te levaram em complicações, milady! Achei que era mais inteligente para perceber isso. Além de tu estares encrencada, eu terei que ouvir as reclamações da judia por ter feito um torniquete e não a ter deixado trata-la como ela achava que convinha e mantido-a presa no leito da enfermaria.

- Mas se o professor sabe o que deve ser feito, não é melhor que faça o senhor mesmo o curativo em mim? – Ela arriscou falar, fechando os olhos esperando não ser ainda mais repreendida. Desconcertava-lhe a idéia de ser julgada e contestada por mais e mais pessoas.

Matthew parou para refletir um instante. A proposta era vantajosa, ele teria a oportunidade de ficar sozinho por alguns momentos com a moça, não teria que prestar contas a ninguém. Era tentador.

- Venhas comigo. – Ele disse, e, tomando um caminho completamente diferente, andou com ela até o que seria a sua sala de professor.

Mira entrou com respeito e receio assim que ele a ordenou e fechou a porta atrás de si. Era um lugar meio escuro, lotado de livros e com várias espadas antigas expostas, uma delas, de bainha vermelha e prata, parecia recém usada e sempre bem polida. Lembrando-se de que antigamente Matthew de Aldearan fora um dos melhores esgrimistas da Europa, ela não chegou a se espantar.

- Sente-te na mesa milady. – Ele mandou, enquanto buscava em seu armário panos e as outras coisas necessárias para se fazer um novo torniquete.

Ele tinha idéias, muitas idéias e seus instintos estavam aflorados. Sentia-se aliviado por suas vestes cobrirem-lhe o corpo inteiro, pois haviam coisas que ele ainda não queria que ela visse nele. Remexeu os armários e foi separando o que precisaria: panos, balde para esquentar a água, os vidros de ervas e várias coisas que Mira não sabia para que serviriam. Quando ele se virou, tinha o olhar penetrante, marcado com fogo, do qual a garota não conseguia desviar.

- Eu não sei o que te levou a pensar que poderia desobedecer minhas ordens... - Começou a falar, enquanto gentilmente tirava os panos ensangüentados da garota. – Mas tenhas certeza de que eu não estou disposto a deixar isso acontecer novamente.

Matthew desenrolava os panos enquanto sutilmente percorria a outra mão pelo corpo dela, e embora não fosse ético de sua parte fazer isso, o esgrimista nunca fora do tipo que se importava totalmente com o que chamavam de ‘moralmente aceitável.’

- Eu...não gosto de ser desobedecido – Disse ele pegando suavemente o queixo da jovem e fazendo-a encarar seus olhos. Ela não tinha medo, ele podia deduzir, mesmo assustada, confiava em sua honra de professor. Eram coisas assim que o faziam ter certeza de que ela, sim, seria perfeita para ele.

Posicionou o dedo na testa da menina, enquanto deixava-a sangrar pelo machucado e apertava sua mão firmemente.

- O que fazes? – Mira perguntou em reflexo.

- Algo que me permitirá saber todas as vezes que tu tentares me enganar.

Ele pressionou o dedo contra a fronte dela e fechou os olhos. Então, levou um pouco de sangue do ferimento à boca, engolindo o que se tornaria um laço de sangue entre eles.

- Enquanto durar este corte, enquanto tu ainda estiveres enferma e o sangue contaminado correr nas suas veias, eu saberei todas as vezes que ameaçares forçar os limites que estabeleci. – Matthew respondeu depois de tudo isso feito, ao olhar para o rosto de Mira.

- Tu não...!

- Poder? Eu, como seu professor, como pessoalmente interessado na sua saúde, tenho esse poder, sim, Lady Barlow. Não ouses achar que não posso ou não devo. – Ele complementou com um sorriso sarcástico. – Levantes o braço para eu poder fazer seu curativo com as ervas certas.

Terminaram o curativo em silêncio e Mira não sabia mais se estava agradecida ou não por ele não a ter levado para a enfermaria. Matthew fechou a porta atrás de si, e ainda sentindo o gosto metálico do sangue dela em sua boca, desejou que não fosse só isso que pudesse sentir.

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