quarta-feira, 13 de maio de 2009

Capítulo 07


Matthew observou cuidadosamente os quinze garotos que se encontravam à sua frente, dispostos em três fileiras de cinco alunos. Alguns ainda tinham as feições de criança, outros já começavam a apresentar barba.

Tinham, em média, de quinze a dezessete anos. Eram os melhores alunos, que ele tão juntara numa única classe. Alguns já o conheciam há bastante tempo, desde o primeiro ano que entraram em Hogwarts: caso de Charles Trocken, que possuía um talento fora do comum. Outros ainda não tinham tido nem tempo de se acostumar às aulas do mestre de esgrima. Foram recomendados por Norman Huckle, que era o professor oficial de duelos. Segundo ele, esses eram o que tinham o maior potencial, pois demonstravam, além da técnica, calma de espírito e firmeza.

Dar aulas a uma mente brilhante como a de sua pequena Mira Barlow o deixara excitado com treinar os melhores. A idéia de criar um pequeno exército de alunos veio durante uma de suas aulas com ela e o deixara febril desde então.

- Eu tenho certeza de ter pedido à Norman Huckle que me indicasse seus melhores homens. – ele começou falando em voz alta e apesar do tom severo em suas palavras, não conseguia esconder o seu orgulho e animação. – Mas será que aquele idiota se enganou e por isso me mandou um bando de mulherzinhas?

Mira sentiu vontade de tossir em voz alta e indicar sua presença. Ela estava assistindo à aula de longe, seguindo as instruções de Matthew. Enquanto ela acontecia no gramado, a menina ficava encostada numa árvore, com um livro no colo, como se estivesse lendo-o, caso algum professor passasse e a indagasse do que fazia.

“Mulherzinhas também sabem lutar, Matthew!”, sentiu vontade de gritar para ele. Sabia que tinha condições para estar entre os quinze que ele escorraçava, mas por ter nascido moça, estava ali, fingindo que nada estava acontecendo na aula ao lado.

O professor de esgrima parecia empolgado demais para lembrar-se que sua aluna favorita estava por perto observando-o.

- Vocês são mulherzinhas? – ele continuou, já quase gritando, mas ainda assim, extremamente feliz. – Eu fiz uma pergunta. Respondam.

- NÃO! – os alunos gritaram em conjunto em resposta.

- Então, vão ter que me provar isso. – ele falou, satisfeito com a resposta firme dos rapazes que estava na sua frente.

Mira revirou os olhos. Detestava essas técnicas intimidadoras, mesmo que não pudesse negar que funcionavam com a maior parte dos rapazes. Todos ali pareciam animados com o evento que estava acontecendo. Ela bocejou discretamente. Queria poder participar.

- O nosso programa vai durar indefinidamente. Funcionará todas as vezes que eu convocar, quando eu tiver tempo e paciência. Vocês terão que arrumar seus horários sozinhos. Não quero ninguém faltando às minhas aulas. Se eu achar que algum de vocês não é digno de fazer parte desse grupo, eu o expulsarei sem pensar duas vezes.

Os moços olhavam-no seriamente, pensando em como iriam programar-se para atender aos caprichos do mestre. Ninguém cogitava a idéia de sair daquele grupo: sabiam que era uma oportunidade única.

- Eu quero ver dedicação. Esse não é um treino para moleques. Todos vocês podem começar como crianças, mas não tenham dúvida que ao final, quem sobrar aqui, será um homem. E vocês sabem quais são as características mais importantes num homem?

Eles se mantiveram calados e Matthew esperava que assim o fizessem. Não era uma pergunta séria. Ele continuou:

- Um homem precisa ter centro. Precisa ser rápido, forte e inteligente. Ter discernimento e raciocínio rápido. Saber que o seu inimigo é um ser humano normal. E como vocês vão alcançar isso?

Os rapazes continuaram na posição de sentido, enquanto seu professor avançava neles e os observava cuidadosamente.

- Vocês são frouxos. Não tem condições físicas. Alguns são magros demais e outros estão fora de forma porque apenas comem e dormem. O que falta à vocês?

- Treino? – perguntou um dos alunos, com a voz um pouco tremida.

Matthew olhou o rapaz.

- Sable, é? – o professor perguntou, o encarando. – Você treina todo dia ao amanhecer. Seus músculos são fortes. E ainda assim, você não luta tão bem quanto a maior parte dos outros que aqui estão. Por que?

Matthew foi à frente da turma novamente e apoiou sua bainha no ombro.

- Sim, senhores. Treino é uma parte fundamental do nosso programa. Eu os quero soldados. Quero homens que saibam lutar com a técnica mais perfeita possível. Eu os ensinarei tudo o que aprendi ao longo da minha vida. Quero que saibam cortar, quero que aprendam a usar feitiços com suas espadas e quero que sejam os melhores. Vocês vão passar por horas difíceis, vão desejar desistir ao ver o quão pesado vai ser esse treino para vocês. Mas vocês sairão fortalecidos.

Os alunos entreolharam-se, embevecidos por terem sido escolhidos. Mira observava cautelosamente a situação. Feitiços com espada? Aquilo sim era uma novidade. Já havia visto Matthew usar esse tipo de truque uma vez, mas aprender como fazer aquilo parecia ser realmente interessante.

- Entretanto, isso não será suficiente. Vocês ainda serão derrotados por muitos outros espadachins. Por quê? Eu pergunto. E eu quero uma resposta.

Ninguém se atreveu a sugerir um pensamento.

- Vamos! Quero alguém com colhões o suficiente para me responder à uma SIMPLES PERGUNTA! – ele esbravejou. – Comecem a agir como homens ou eu desmantelarei esse nosso pequeno exército agora mesmo.

Charles Trocken fechou os olhos e abriu a boca instintivamente para falar o que pensava:

- Experiência.

Matthew sorriu um tanto quanto orgulhoso de um de seus melhores estudantes. “Esse promete. Um dia, preciso fazer uma espada decente para ele. Essa que ele usa é muito... pouco prática.”, pensou consigo mesmo e anotou essa tarefa na sua lista mental de “O que eu preciso fazer um dia”.

- Sim, mais uma vez. Experiência. Vocês vão sentir muita falta dela no começo. Quando um de vocês entrar num campo de batalha de verdade, perceberão que tudo que treinamos aqui será posto a prova. Inimigos de verdade. Pessoas que REALMENTE estão querendo que você morra ali. Faz uma diferença impressionante. Por isso, treinem. Treinem o melhor que puderem. Porque essa pode ser a diferença de morrer ou viver.

Alguns dos que estavam ali tremeram em suas bases.

- Agora, existe um terceiro elemento que completa a Tríade do Guerreiro. – ele terminou. Seu coração acelerou ao pensar nela e ele esperava que ela o estivesse ouvindo bem. – E esse elemento é a Motivação.

As caras confusas mostraram-se ali.

- Por que você está arriscando a sua vida numa batalha? É essa a verdadeira chave do sucesso. O que faz de você um derrotado ou não. Alguém que não acredita pelo que está lutando sempre será um adversário mais fraco frente à um que tenha fé na sua motivação.

Mira escutava atentamente o que o professor dizia, tomando nota mentalmente do que era importante e do que não. A maior parte da chamada “Tríade do Guerreiro” ela já conhecia, sem mesmo perguntar. Treino e Experiência vinham com tempo e força de vontade. A parte da motivação era sempre mais complicada.

Matthew parou para respirar, excitado demais com o discurso que estava fazendo. Aquilo era realmente tudo que acreditava, tudo que norteava sua moral e honra. Era a parte mais importante de seu exército. Precisava que eles aprendessem o que estava falando agora ou todo o resto seria inútil.

- Essa motivação provavelmente será a tarefa mais difícil de encontrar. Muitas vezes somos obrigados a lutar por pessoas que não confiamos, por causas que não acreditamos e por motivos pouco nobres. Existem três principais razões para as quais podemos guerrear com nossas vidas verdadeiramente. Algum palpite?

Um dos alunos, chamado Natanael, abriu a boca para dizer:
- Fé.

Matthew sorriu:

- Sim. A Fé é uma dessas razões. Quando digo essa palavra, não quero apenas dizer na fé por alguma divindade que vocês eventualmente cultuem. Uma fé numa causa. Numa pessoa. Lutar por justiça. Enfim, toda essa sorte de motivos. Algo mais?

Os alunos ficaram calados, cada um com seus motivos para pensar no porque lutariam até a morte. Mira em si filosofou até onde valeria a pena lutar e chegou a outra conclusão, que Matthew em seguida apresentaria.

- Suas próprias vidas. Quando a sua vida está em jogo, a sua honra, sua dignidade e masculinidade, vocês serão capazes de lutar bem. Quando você está no desespero, no bico do corvo, vocês poderão se surpreender com suas capacidades.

Ele não perguntou mais nada e parou apenas por um instante antes de por fim acrescentar.

- O último motivo pelo qual consigo pensar que lutaria até a morte, é por uma mulher. – ele completou, olhando de esguelha para onde sua ruiva estava sentada. Ele esperava que ela o ouvisse e percebesse seu gesto. Seu coração acelerou. – Não uma mulher qualquer; embora um verdadeiro homem sempre lute por uma dama; mas aquela que vocês pretendem dedicar o resto de seus dias. Não necessariamente suas esposas, se me entendem. Encaixa-se naquela outra categoria de honra e masculinidade.

Os rapazes riram e Mira Barlow novamente revirou os olhos.

*****


Nenhum comentário no post passado? Foi um lapso meu não te-lo postado na ordem certa, mas é um bom post... *chora as pitangas*

Fa;cam algumas autoras felizes, comentem o que acharam da historia que leram... Vivemos para isso :D

2 comentários:

Isah disse...

Haaa adorei *.*
eu não acompanhava os personagens no accio, descobri a historia por acaso e adorei!!
Boa sorte e quero o próximo cap ^^
Bjoss

Unknown disse...

Eu to amando a historia viu realmente tem me inspirado muito esses ultimos dias ^^
Muito bacana mesmo!