segunda-feira, 22 de junho de 2009

Capítulo 11


Havia se passado poucos dias desde que a ouvira chamar diretamente pelo nome e desde então ele quase não a vira mais. Matthew de Aldearan contava os momentos em que ficou sozinho com sua pupila e, para sua felicidade, aumentava cada vez mais e também pela vontade dela.

Aquela seria a semana de provas na escola então ele achou mais sensato não marcarem nenhum treino até chegar o final da semana ou ela poderia adormecer em cima do pergaminho. O que não quer dizer que ele não sentisse falta de poder se dirigir a ela com mais intimidade.

Era noite de quinta-feira e ainda faltava mais de um dia para poder finalmente voltar a dar aulas à Mira. O professor de historia não precisava se preocupar em descansar, pois, no dia seguinte, não teria classe nenhuma a dar, mas, para os padrões da sociedade, ainda era cedo para começar a beber.

- Professor, deve te recolher antes que algum aluno o veja neste estado. – o zelador da escola falou ao entrar na sala para entregar um recado do prof. Slytherin.

Matthew estava na sua sala e até por isso não se preocupara com as aparências. Não acreditava que alguém fosse falar com ele na noite anterior as ultimas provas e por isso não se recolheu para experimentar a sua nova garrafa de firewisky, presente de um pai agradecido por ter ensinado disciplina ao filho.

Um pouco irritado por ter ouvido repreendas de alguém inferior e mais ainda por que não estava em estado mental para responder antes que o outro saísse da sala.

- Saco! *ic* Melhor eu *ic* fica na paz da minha sala de aula, *ic* onde poderei ao menos imaginá-la.

Apesar de já estar em um estagio onde muitos o chamariam de bêbado, Matthew não teve dificuldades em subir para a sala de treinamento de esgrima. O seu maior problema foi como levar sua garrafa e seu copo junto, mas uma bolsa bem presa foi uma solução rápida achada pelo mestre de esgrima.

Com um sorriso estampado no rosto ele se jogou na cadeira utilizada para estudo dos livros de esgrima, um local ultimamente utilizado somente por sua aluna, pois seus alunos preferiam aula pratica e somente poucos escolhidos tinham a honra de poder ler os livros de Matthew de Aldearan.

- Droga... A garrafa não vai durar nem uma hora e a outra está na sala abaixo... – Ele praguejou em voz alta.

- Que bom, assim tu paras um pouco e respiras. – Uma voz em tom zangado falou atrás dele.

Mira fora para a sala de esgrima para tentar estudar a parte teórica de poções, aula que não era muito boa. Ela se sentia bem naquela sala, mais relaxada e, aproveitando o silencio do local, ficou o final da noite toda lá estudando. Somente parou ao ouvir o dono da sala chegar e sentar na cadeira, colocando sua garrafa de bebida na mesa.

A lufana o observou um pouco, pensando em como falaria que estava lá sem a permissão dele. Também tinha duvidas como ele a trataria, pois o seu estagio de bebedeira era claro e ela sempre ouviu que muitos homens bêbados perdiam noção de como tratar uma dama. Mas ao vê-lo beber de uma única vez um copo cheio de firewhisky Mira não se conteve e foi falar com ele, não gostou de vê-lo naquele estado.

O susto do professor fora tanto que, por alguns instantes, a sobriedade voltou-lhe à cabeça. Naqueles breves momentos, algumas perguntas muito claras passaram-lhe ao pensamento: “O que você está fazendo aqui? Por que não pediu minha permissão?” e, por fim, com o álcool voltando a fazer-se presente: “Por que não estou te beijando?”.

Ele limpou a vista para ter, primeiramente, certeza que não estava falando com uma de suas alucinações e decidiu que era conveniente perguntar-lhe apenas as duas primeiras questões:

- O que estas fazendo aqui sem minha permissão? – disse, orgulhoso por ter conseguido formular uma única frase sem um soluço de bêbado no meio.

Mira parou um pouco antes de responder. Estava pensando exatamente no que diria e ao mesmo tempo, decidia-se entre manter a linha zangada que estava fazendo ou então, baixar a cabeça como uma aluna subserviente deveria ser. Por um lado, conhecia Matthew o suficiente para dar-lhe um pouco mais de intimidade para abandonar a segunda opção. Por outro lado, seu professor estava completamente bêbado e ela sempre tivera o cuidado de evitá-lo nesses estados justamente por saber que não o conhecia suficientemente para prever seu comportamento quando estava fora de sua mente.

A ruiva abriu a boca para falar a primeira coisa que lhe veio à cabeça, mas descobriu que isso traduzia-se em nada. Parou, um tanto quanto como parva, com a boca aberta, como se à meio caminho de dizer algo que não deveria.

Ou foi assim que Matthew entendeu seu comportamento e aquilo, como sempre fazia, aguçou sua curiosidade. Ao mesmo tempo em que percebia que poderia ficar extremamente irritado com o que ela diria, queria, desesperadamente, saber o que ela estava pensando. Não passava-lhe pela cabeça nem a mais leve idéia do que levaria sua aluna a estar ali, num dia em que não tinham aula, que ela não precisava arrumar a sala,e, principalmente, às vésperas de uma prova importante.

Antes que a esperança de que ela pudesse estar ali para simplesmente vê-lo ficasse forte, o professor decidiu pressioná-la com um:

- E então, Milady?
Mira começou a andar na direção do professor, que inspirou profundamente para se controlar.

- O castelo está todo desordenado, professor. – ela começou, tentando firmar as palavras que dizia. – Eu não estava conseguindo estudar. Então, eu pensei nessa sala para ficar com meus livros. Achei que o senhor não fosse se incomodar...

Matthew olhou para a ruiva e um pouco de frustração passou por seu olhar. Não adiantou tentar não pensar nisso: no fundo, acreditou que ela estivesse ali para vê-lo. Reprimiu o máximo que pode na voz:

- Ah. – foi só o que conseguiu dizer. – Eu acho que está tudo...

E Matthew cambaleou para o lado, sem conseguir terminar a frase. Apoiou-se na mesa onde estava a bebida e o firewhisky quase tombou com o tremor.

- Professor? – Mira perguntou quando viu a cena. Sentiu seu coração apertado e a raiva que sentira no início voltando à tona.

Matthew não respondeu ao chamado. Sua mente estava se anuviando novamente. “Bela hora para me falhar, fígado”, pensou consigo mesmo. “Justamente na frente dela. Obrigado mesmo!”. Ficou com raiva por ela estar ali e por ter bebido tanto.

A ruiva ao ver que ele não se levantava da mesa onde se apoiara e empalidecia à olhos vistos, aproximou-se:

- Eu vou lhe ajudar a sentar. – ela disse, e pegou-o pelo braço, vendo que este pesava muito, quase tanto quanto seu tio, a quem ela fora buscar deitado no chão uma noite. A primeira noite que o encontrara, coincidentemente – ou não.

O homem sentiu-se envergonhado. Não conseguia nem sentar-se sozinho. Tudo lhe parecia falhar naquele momento: o fígado, o braço, que repentinamente voltava a doer com a ferida de anos atrás, as pernas, pela proximidade enorme com o corpo da jovem ruiva.

Ela apertou os lábios um contra o outro, talvez pela força que fizesse ou pelo desgosto que sentia na situação e, como nunca há tanto tempo, o professor sentiu vontade de se espancar.

- Eu não preciso de... – começou a dizer ele, tarde demais. Ela não o deixou terminar e o ajudou a sentar-se na cadeira que havia perto da mesa, deixando-o completamente sem palavras.

Mira suspirou, impaciente:

- Não devias ficar tão bêbado, Matthew. – disse ela, com raiva contida na voz, mesclada a um pouco de preocupação.

As palavras dela o deixaram irado:

- Eu não estou bêbado! – falou ele, com a voz alterada e engrolada. Levantou-se para provar seu ponto e cambaleou de novo, dessa vez, apoiando-se na estante que havia ao lado da cadeira.

Dessa vez, as conseqüências foram piores: a estante não estava bem apoiada e pendia para frente por causa da quantidade de livros. Ao puxá-la pela prateleira para apoiar-se, o professor a fez tombar de vez para frente, derrubando livros, objetos, entre outros, em cima de sua aluna.

Mira não teve tempo para pensar ou reagir, apenas viu o que ia acontecer em câmera lenta e ficou paralisada em seu lugar. Matthew, ao sentir que a estante caia e ao perceber que iria acertar a sua garota, teve uma resposta mais rápida: atirou-se em cima dela, cauteloso, porém certeiro, lançando-se contra o móvel.

Apos ouvir o som dos objetos caídos Mira abriu devagar os olhos, surpresa por não ter sido acertada por nada. Ela ficou mais surpresa ainda a se ver envolta nos braços de Matthew que segurou a estante com suas costas, protegendo-a. O professor agüentara o peso do objeto e naquele momento forçava a estante de volta para o lugar.

Sem perceber o que fazia, Mira virou de frente para Matthew e, focando na estante, colocou as mãos na madeira e fez força para endireitá-la. A ruiva não percebeu que ficara em uma posição bastante comprometedora, pois se preocupava se ele estava machucado. Em compensação o esgrimista se forçava em colocar sua força e atenção no objeto a suas costas e não no corpo praticamente colado ao seu.

Após conseguirem colocar a estante em seu lugar Mira virou o rosto para o homem a sua frente e percebeu que um dos braços dele ainda a segurava.

- Obrigada por me proteger. – Ela falou sem conseguir soltar os olhos dele.

O homem não a respondeu somente sentiu o calor do corpo dela, que não se afastara dele. Até aquele dia Matthew se conteve todas às vezes em que estivera tão próximo daquela que a cada dia que passava lhe dava a certeza que seria sua, mas naquele momento ele jogou toda a razão para o fundo da mente. Queria provar aqueles lábios, queria e iria saber o sabor daquela garota.

Mira viu o rosto dele se aproximar. Ficou fascinada pelo beleza do rosto de Matthew, mas o cheiro da bebida que vinha dele a despertou. Mesmo que por alguns minutos ele teve sobriedade para salva-la, ele ainda estava bêbado, não sabia o que estava fazendo.

- Pare. – Ela falou colocando uma de suas mãos no peito de Matthew o empurrando.

Naquele momento, uma dor agoniante na coluna atingiu o professor, que arquejou, sem conseguir evitar um “ai”.

- Estás bem? – disse a menina que arrependeu-se de ter empurrado-o, preocupada e Matthew percebeu que havia arruinado o momento. Ela desvencilhou-se de seu abraço e puxou-o para o lado, com um atencioso: "Deixe-me ver suas costas.".

Matthew a deixou passar a mão em suas costas de forma dócil, pensando que talvez o que acontecera fosse para o melhor. Não gostaria que o primeiro beijo entre os dois tivesse gosto de álcool para ela. Tampouco gostaria de perder o controle sobre a situação – o que claramente era algo que o álcool o deixava propenso a fazer.

- É aqui que dói? – perguntou Mira o acordando de seus pensamentos. Ela apertou gentilmente o lugar e Matthew concordou com a cabeça e um muxoxo. – Bom, isso é porque deves ter uma área arroxeada imensa aí.

Ele sentiu ela o puxar em direção a porta, claramente desejava levá-lo a enfermaria. Mira estava mais preocupada com ele do que com o que poderiam falar ao vê-la naquela hora ao lado de um homem mais velho e bêbado.

Com um leve sorriso no rosto ele olhou para ela.

- Ficarei bem, é somente um ferimento superficial, nada que devas se preocupar. – Ele falou. – Deves ir e não se preocupes com a bagunça. Deves descansar para sua prova amanhã.

- Mas... – Ela começou a falar, mas foi interrompida.

- Obedeça-me. – Ele falou, mas ao contrario do que Mira esperava o tom não era de ordem, mas de uma suplica.

Com uma leve reverência ela saiu sem entender direito o que acontecera. Matthew sentou-se na cadeira ao lado da estante, que agora parecia firme em seu lugar, e apoiou a cabeça para trás. “A culpa é dela. Sempre me tentando, com teu cheiro, teu sorriso! Tudo nela me faz esquecer que existe todo um mundo de regras e convenções ao meu redor...”.

E ele balançou a cabeça, com cuidado e tirou as vestes, olhando no espelho para ver o tamanho do estrago. Médio. “Aprendi que tudo passa tomando chá ou whisky”. Olhou ao seu redor. “E como não vejo nenhum bule por aqui...”.

Matthew entornou a garrafa sem se preocupar com trivialidades como copo. Cambaleou até a cama e, sem sentir mais nada, caiu lá e ali ficou até a noite seguinte.


*****


Oi pessoal!

Descupem esses dias sem nova postagem, mas a preparação para as férias no trabalho está tomando mais do que tempo. A mente já está pedindo arrego... Mas não se preocupem porque eu e Raíssa escrevemos quase todos os capítulos já ;)

Beijões

Um comentário:

Unknown disse...

Nossa to super feliz por ler esse capitulo xD essa estoria so fica mais interessante to amando , por favor continuem!!